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21/Ago/2020

Margens de processamento estão em alta em 2020

A demanda firme por soja brasileira, tanto por parte da China quanto da indústria nacional de aves e suínos, também influenciada pelo apetite dos asiáticos, continua a levar os preços do grão a renovar máximas. Com mais de 95% do volume recorde de 125 milhões de toneladas colhidas na safra 2019/2020 já negociado, o carro-chefe do agronegócio no País não tem gerado bons resultados apenas para agricultores e tradings. Com farelo e óleo também valorizados, as margens de processamento estão igualmente em alta e, ao que tudo indica, o cenário deverá impulsionar novos avanços da cadeia produtiva na safra 2020/2021, cujo plantio começará em setembro. Nesta semana, o indicador Esalq/BM&F, Porto de Paranaguá (PR) superou pela primeira vez a marca de R$ 130,00 por saca de 60 Kg. Em agosto, a valorização supera 10%, e nos últimos 12 meses se aproxima de 55%. Em termos reais, trata-se do maior patamar desde 2012.

Mas, não é só o grão que está em rota ascendente. Para as empresas processadoras, farelo e óleo também estão atraentes. Segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), não se pode esperar preços recordes para a soja se os derivados não estiverem rentáveis. Mesmo com a progressiva valorização da soja em grão, alavancada pelo câmbio, a margem de lucro das indústrias, considerando os preços FOB da matéria-prima, do farelo e do óleo de soja no Porto de Paranaguá (PR), cresceu 5% apenas entre 30 de julho e 6 de agosto. Chegou a US$ 27,27 por tonelada nos negócios para entrega em setembro, enquanto no mesmo período do ano passado ficou em US$ 11,42 por tonelada. Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Óleos Vegetais (Abiove), é um ano atípico, em que muitos fatores convergem para a valorização da oleaginosa, notadamente a forte demanda chinesa por grão e farelo e a valorização do dólar ante ao Real. No primeiro semestre, foram processadas no País 23,38 milhões de toneladas de soja, 6,6% mais que no mesmo período de 2019.

A Abiove estima que o volume chegará a 44,6 milhões de toneladas em 2020 como um todo, 1,2 milhão a mais que no ano passado. Mesmo com a pandemia e com o dólar estimulando as exportações, as indústrias que se planejaram não estão com falta de produto. Para Carlos Cogo, sócio-diretor da Cogo Consultoria, a forte demanda por farelo de soja brasileiro no mercado internacional, ampliada após a elevação das tarifas de exportação na Argentina, também pesa a favor das indústrias. De janeiro a julho, o Brasil exportou 10,3 milhões de toneladas de farelo de soja, incremento de 5,6% em comparação com os sete primeiros meses de 2019. Em agosto, os embarques devem somar 1,8 milhão de toneladas, de acordo com a Associação Nacionais dos Exportadores de Cereais (Anec). De janeiro a julho, as exportações da oleaginosa somaram 69,8 milhões de toneladas, aumento de 36% ante igual intervalo de 2019.

Caso as 6,58 milhões de toneladas previstas para agosto sejam de fato embarcadas, o total chegará a 76,4 milhões de toneladas, 20 milhões a mais que nos oito primeiros meses do ano passado. Para complementar o abastecimento interno sem prejudicar muito os estoques, as importações do grão do Brasil, que lidera a produção e as exportações mundiais, também deverão bater recorde. Até agora, o maior volume comprado no exterior, principalmente em vizinhos da América do Sul, foi em 2014 (500 mil toneladas). Até julho, foram 400 mil toneladas. No caso do óleo de soja, quem puxa a demanda é a produção de biodiesel para o mercado doméstico. Apesar das turbulências nesse mercado nos últimos dias, com o impasse provocado pela redução da mistura obrigatória do biocombustível no diesel fóssil de 12% para 10%, a medida sinaliza que há destino garantido para a produção. Fonte: Valor Econômico. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.