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17/Ago/2020

Tendência de alta da soja com escassez de ofertas

A tendência é de alta dos preços da soja no mercado brasileiro, com as exportações aceleradas entre janeiro e julho gerando uma escassez de oferta mais precoce do que as ocorridas em anos anteriores. Os prêmios estão em alta nos portos brasileiros, a demanda está aquecida para o farelo de soja no segmento de rações e já há poucos excedentes do grão no mercado interno. A demanda pela soja brasileira segue aquecida, tanto pelas indústrias domésticas quanto pelos importadores, sendo verificada, inclusive, certa disputa entre esses compradores por novos lotes. Esse cenário segue elevando os preços e diminuindo a diferença entre os valores pagos no Porto de Paranaguá (PR) e na região do interior do Paraná. Nos últimos sete dias, ambos valores renovaram as máximas e, agora, estão operando nos maiores patamares reais desde setembro de 2012 (médias mensais deflacionadas pelo IGP-DI de julho/2020).

Nos últimos sete dias, o Indicador da soja Paranaguá ESALQ/BM&F, referente ao grão depositado no corredor de exportação e negociado na modalidade spot (pronta entrega), no Porto de Paranaguá, apresenta avanço de 1,5%, cotado a R$ 127,26 por saca de 60 Kg. Ressalta-se que há vendedores indicando R$ 130,00 por saca de 60 Kg no Porto de Paranaguá. A média ponderada da soja no Paraná, refletida no Indicador CEPEA/ESALQ registra alta de 2,8% nos últimos sete dias, a R$ 121,54 por saca de 60 Kg. Nos últimos sete dias, os valores da soja registram alta de 3,2% no mercado de balcão (preço pago ao produtor) e de 3,5% no mercado de lotes (negociação entre empresas). Diante disso, a diferença entre os preços da soja de Paranaguá e do Paraná é a menor desde 2016. Naquele ano, as indústrias nacionais estavam consumindo 35,2% do volume de soja produzida no Brasil e, na atual temporada, 35,1% da produção deve ser processada internamente.

O aumento no consumo doméstico está atrelado à maior demanda pelos derivados. E esse cenário segue resultando em boa margem de lucro para as indústrias, mesmo com a matéria-prima em preços recordes. O consumo interno e as exportações de farelo de soja devem ser recordes, estimados em 18,1 milhões de toneladas e em 17,5 milhões de toneladas, respectivamente. Esse contexto deve resultar no menor estoque de passagem desde a safra 2009/2010. Diante disso, o farelo de soja apresenta valorização de 1,4% nos últimos sete dias. Quanto ao óleo de soja, de toda a produção nacional, 87,6% devem ser consumidas internamente, correspondendo a 7,45 milhões de toneladas. Com isso, as exportações devem cair 5% entre as duas últimas temporadas, estimadas em 1,025 milhão de toneladas. Com o alto apetite doméstico, os preços do óleo de soja (posto em São Paulo com 12% de ICMS) registram valorização de 6,4% nos últimos sete dias, a R$ 5.496,23 por tonelada, o maior patamar real desde abril de 2008.

O fato é que o remanescente da safra atual é baixo, e as cooperativas indicam que nem todos os produtores têm lotes para comercializar, sendo que, os que têm, estão resistentes, pedindo preços cada dia maiores. Ainda assim, as exportações de soja seguem aquecidas. O consumo da China deve ser recorde na temporada 2020/2021. O USDA estima as importações de soja da China em 98 milhões de toneladas em 2019/2020 (outubro/2019 a setembro/2020). Para a próxima safra, as importações chinesas devem crescer ainda mais, estimadas atualmente em 99 milhões de toneladas. O que alivia a tensão dos consumidores é que o clima tem favorecido o desenvolvimento das lavouras nos Estados Unidos, o que levou o USDA a revisar positivamente o volume a ser produzido na safra 2020/2021, em 7% sobre o estimado em julho, indo para 120,42 milhões de toneladas (abaixo apenas da temporada de 2018/2019).

A China já está negociando lotes norte-americanos da safra 2020/2021, que deve começar a ser colhida a partir de setembro. Diante disso, há elevação de 3,6% nas estimativas de exportações norte-americanas, para 57,83 milhões de toneladas de soja na próxima temporada, 28,8% a mais que os 44,9 milhões de toneladas esperadas para a atual safra. Assim, os preços futuros do grão e dos derivados estão em alta na Bolsa de Chicago. Para a soja, o contrato Setembro/2020 registra valorização de 2,5% nos últimos sete dias, a US$ 8,96 por bushel. O contrato de mesmo vencimento do farelo apresenta avanço de 3,1% no mesmo período, a US$ 321,98 por tonelada. O contrato Setembro/2020 do óleo de soja registra leve avanço de 0,03%, indo para US$ 688,50 por tonelada. Vale ressaltar, no entanto, que, com os altos estoques remanescentes da safra 2019/2020 e a produção volumosa em 2020/2021, os Estados Unidos devem iniciar a nova temporada com 137,56 milhões de toneladas de soja, um recorde. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.