ANÁLISES

AGRO


SOJA


MILHO


ARROZ


ALGODÃO


TRIGO


FEIJÃO


CANA


CAFÉ


CARNES


FLV


INSUMOS

10/Ago/2020

Tendência de alta do preço da soja com escassez

A tendência é altista para os preços da soja no mercado brasileiro, com a escassez crescente de produto, possibilidade de importações em maior escala para suprir os segmentos de farelo e óleo, câmbio em níveis elevados, prêmios em forte alta nos portos brasileiros e exportações recordes em 2020. O Indicador da soja Paranaguá ESALQ/BM&F, referente ao grão depositado no corredor de exportação e negociado na modalidade spot (pronta entrega), no Porto de Paranaguá (PR) e a média ponderada da soja no Paraná, refletida no Indicador CEPEA/ESALQ atingiram os maiores patamares desde novembro de 2012, em termos reais (as médias mensais foram deflacionadas pelo IGP-DI de julho/2020), ao fecharem a R$ 124,31 por saca de 60 Kg e a R$ 118,22 por saca de 60 Kg, respectivamente. Nos últimos sete dias, especificamente, ambos apresentam expressiva alta de 6,0%. Nos últimos sete dias, os aumentos nos preços da soja são de 3,3% no mercado de balcão e de 4,6% no mercado de lotes. A sustentação vem da presença mais ativa de compradores no spot.

As tradings precisam de novos lotes para completar cargas de navios, o que, por sua vez, indica que os embarques devem seguir firmes em agosto, depois de terem registrado volume expressivo em julho. Representantes de indústrias brasileiras relatam dificuldade na aquisição do grão, sendo verificado até acirramento na disputa entre compradores domésticos. Nesse cenário, mesmo em meio à safra recorde no País, as esmagadoras têm importado maior volume de soja. Do lado vendedor, as aquecidas demandas externa e interna e o dólar favorecendo os preços domésticos fazem com que alguns produtores aproveitem para liquidar parte do volume remanescente da safra 2019/2020. Para os próximos meses, a paridade de exportação indica preços ainda mais elevados. Com base no Porto de Paranaguá (PR), os valores são de R$ 124,61 por saca de 60 Kg para setembro/2020; de R$ 125,05 por saca de 60 Kg, para outubro/2020 e de R$ 125,14 por saca de 60 Kg para novembro.

Para a safra seguinte (2020/2021), as negociações também já são intensas, com paridade a R$ 115,22 por saca de 60 Kg para fevereiro/2021; a R$ 112,93 por saca de 60 Kg para março/2021; a R$ 112,74 por saca de 60 Kg para maio/2021 e acima de R$ 115,00 por saca de 60 Kg para embarques em junho e julho de 2021. Para esse cálculo foi considerado o dólar futuro negociado na B3. Ressalta-se que já há compradores indicando prêmios de exportação de fevereiro a julho de 2022, mas ainda sem interesse de venda. Esse movimento de alta está atrelado ao elevado volume de soja embarcada neste ano. Embora as exportações de soja tenham cedido 24,6% entre junho e julho, nesse último mês, o Brasil escoou 10,37 milhões de toneladas, 32,6% acima da quantidade de julho de 2019 e um recorde para este mês, conforme o relatório da Secretaria de Comércio Exterior (Secex). Na parcial do ano (de janeiro a julho), o Brasil exportou 69,747 milhões de toneladas, 36,3% a mais que no mesmo período de 2019 e um recorde.

A China segue como o principal destino da soja brasileira, com 7,86 milhões de toneladas de soja embarcadas em julho. Na parcial do ano, 72,6% das vendas do grão do Brasil tiveram como destino a China. A importação brasileira de soja cresceu 41% entre junho e julho, totalizando 126,2 mil toneladas no último mês. Esse é o maior volume comprado desde julho de 2003. Grande parte desse volume teve como origem o Paraguai, mas pequenos lotes foram trazidos também da Argentina e dos Estados Unidos. A maior demanda pelas indústrias brasileiras se deve à firme procura por derivados. Os consumidores domésticos de farelo de soja que estavam consumindo os estoques, agora, mostram maior interesse na aquisição desse coproduto. Nos últimos sete dias, os preços de farelo de soja apresentam alta de 2,4%. Além disso, a demanda externa também esteve aquecida. Em julho, o Brasil exportou 1,74 milhão de toneladas de farelo de soja, recorde para o mês e aumentos de 4,8% sobre junho e de 16,2% em relação a julho/2019.

Na parcial de 2020, os embarques de farelo subiram 5,9% sobre a parcial de 2019, somando 10,250 milhões de toneladas, um recorde. Os principais importadores foram a França (13,7%), Indonésia (12,9%) e Holanda (10,5%). Os embarques de óleo de soja, por outro lado, diminuíram em julho. Isso porque os compradores domésticos estão mais agressivos nas aquisições desse subproduto. O preço do óleo de soja (posto em São Paulo com 12% de ICMS), registra expressivo avanço de 15,9% nos últimos sete dias, a R$ 5.166,67 por tonelada. Com isso, o Brasil embarcou 112,9 mil toneladas em julho, 59,3% abaixo do volume de junho e 9,3% a menos que em julho/2019. No entanto, na parcial de 2020, os embarques de óleo de soja somam 795,5 mil toneladas, 7,4% acima do mesmo período de 2019. O principal destino do óleo de soja é a Índia, representando 50% das exportações brasileiras, seguida pela China. A China, ressalta-se, centralizou suas aquisições no mercado brasileiro, reduzindo, assim, as vendas dos Estados Unidos.

Segundo dados de inspeção e exportação do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), embora as exportações norte-americanas de soja tenham crescido 9,3% entre as duas últimas semanas, caíram 46,6% quando comparado ao mesmo período da temporada passada. Na parcial do ano-safra (setembro/2019 a julho/2020), os Estados Unidos escoaram 39,370 milhões de toneladas de soja, 4,8% abaixo do mesmo período de 2019. Esse cenário pressionou os contratos futuros negociados de soja e farelo de soja na Bolsa de Chicago. Além disso, no próximo mês, os produtores norte-americanos devem iniciar a colheita da safra 2020/2021. Com isso, o contrato Agosto/2020 da soja apresenta desvalorização de 1,8% nos últimos sete dias, a US$ 8,80 por bushel. O primeiro vencimento do farelo registra recuo de 3,1% no mesmo período, indo para US$ 309,42 por tonelada. Os futuros de óleo de soja estão sendo impulsionados pela maior demanda. O contrato agosto/2020 do óleo de soja acumula significativa alta de 5,1% nos últimos sete dias, indo para US$ 694,89 por tonelada. Os preços atingiram os maiores patamares nominais desde janeiro deste ano. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.