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10/Ago/2020

China ainda precisa importar muita soja em 2020

O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) informou uma nova venda de soja para a China na sexta-feira (07/08) de 456 mil toneladas. O volume é todo da safra 2020/2021. Este foi o terceiro reporte da semana passada e, no acumulado, são mais de 700 mil toneladas. Mas, o mercado precisa de mais. Mesmo com o anúncio, as cotações seguiram operando em campo negativo, sem força para mudarem de direção. As exportações norte-americanas de soja e de milho continuam medíocres na ausência de demanda asiática agressiva. Faltando apenas três semanas para o fim do ano comercial 2019/2020 nos Estados Unidos, são necessários embarques de 6,4 milhões de toneladas do milho norte-americano para preencher as estimativas do USDA de um total de 45,09 milhões de toneladas. Além disso, esse volume faz parte dos rumores de mercado de quinta-feira (06/08), quando traders reportaram que a China havia comprado um total de 12 navios de soja nos Estados Unidos para embarque entre outubro e novembro pelos portos do Golfo.

A busca chinesa pela soja norte-americana vem crescendo frente à falta de produto no Brasil. A nação asiática vê sua necessidade crescendo muito intensamente com a recomposição dos planteis de suínos depois do surto da peste suína africana (PSA) e frente a escassez de outras alternativas para a produção de rações como outros farelos vegetais e o próprio milho. Somente no primeiro trimestre deste ano, as importações chinesas do cereal cresceram 27%. E, justamente por isso, é que os números das importações de soja da China em julho, mais uma vez, foram recordes. O país importou 10,09 milhões de toneladas no mês passado, contra 8,64 milhões de julho de 2019. O montante fica abaixo apenas do recorde de junho, quando as compras somaram 11,16 milhões. Os dados partem da Administração Geral das Alfândegas da China (GACC). No acumulado dos primeiros sete meses do ano, as compras chinesas de soja já somam 55,14 milhões de toneladas, 18% a mais do que no mesmo período do ano anterior.

Estimativas indicam que as importações do país alcancem o recorde para um ano de 96,5 milhões de toneladas. O Brasil teve uma produção recorde de soja este ano, enquanto o Real se desvalorizou. Os grãos brasileiros estão baratos e as margens de esmagamento são grandes, então os esmagadores fizeram compras muito ativamente. Além disso, a questão cambial promoveu ainda uma redução na despesa logística brasileira, aumentando a competitividade do Brasil frente aos Estados Unidos. Uma logística interna de uma fazenda de Mato Grosso, na região do médio norte até o navio custava US$ 90,00 por tonelada, quando o dólar estava a R$ 4,00. No pico, com o dólar batendo nos R$ 5,90 e R$ 6,00, caiu para US$ 60,00 por tonelada. Ou seja, são US$ 30,00 por tonelada, praticamente US$ 1,00 por bushel, de ganho de competitividade no destino. É por isso que a soja norte-americana está perdendo para soja brasileira.

A tendência é de que os estoques chineses da oleaginosa comecem a cair nos próximos meses diante da força da demanda. E em função disso, as projeções são de que as importações da China continuem firmes também neste mês de agosto. Os processadores continuam comprando agressivamente, principalmente no Brasil, que é seu maior fornecedor, já que continuam garantindo margens de esmagamento bastante saudáveis. No entanto, essa migração da China para os Estados Unidos é momentânea e deve durar até que se comece a chegar a nova oferta brasileira, no início do próximo ano. Afinal, de acordo com uma estimativa da ADM (Archer Daniels Midland), o país asiático ainda precisa comprar de 25 a 26 milhões de toneladas de soja este ano para estar adequadamente abastecida. Fonte: Reuters Internacional e Bloomberg. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.