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03/Ago/2020

Tendência de alta da soja com demanda aquecida

Os preços da soja estão em alta no mercado interno e as cotações futuras estão mais estáveis na Bolsa de Chicago. Haverá escassez de oferta até o final do ano, com exportações aceleradas de janeiro a julho. 90% da safra atual já foi comercializada e 50% da safra 2020/2021 está com preços fixados. A demanda doméstica por óleo e farelo de soja segue aquecida. No caso do óleo, a procura vem especialmente para produção de biodiesel, o que tem feito com que o setor alimentício já mostre dificuldades na aquisição do derivado. Processadoras têm intensificado as aquisições de soja em grão, uma vez que poucas são as que têm estoques de matéria-prima para processar até o final do ano. Nesse cenário, os preços desses derivados e do grão seguem em patamares recordes nominais em muitas regiões do Brasil. O prêmio de exportação do óleo de soja para embarque em agosto/2020, com base no Porto de Paranaguá (PR), chegou a ser ofertado a +US$ 1,00 por libra-peso, o maior patamar da série do Cepea, iniciada em junho de 2004.

Para o óleo de soja (posto em São Paulo com 12% de ICMS), de junho para julho, o preço médio registrou expressiva alta de 12,7%, a R$ 4.282,95 por tonelada em julho, o maior valor nominal da série do Cepea, iniciada em julho de 1998. Em termos reais (série deflacionada pelo IGP-DI de junho de 2020), a cotação média do óleo em julho superou em 45,8% a do mesmo mês do ano passado e é a maior desde janeiro de 2013 (quando esteve em R$ 4.323,89 por tonelada). Ressalta-se que as negociações no mercado interno ocorrem a valores acima da paridade de exportação, que indica preços a R$ 4.191,21 por tonelada, no Porto de Paranaguá (PR), para agosto. Quanto ao farelo de soja, os prêmios no Porto de Paranaguá também registraram significativas altas. Em julho, os preços do farelo de soja subiram 2,5% na comparação mensal e 43,9% na anual. Os valores do farelo de soja são recordes nominais em Campinas (SP), Campo Grande (MS), Chapecó (SC), Ijuí (RS), Itumbiara (GO), Maracajú (MS), Mogiana (SP), Rio Grande do Sul (RS), Norte do Paraná, Oeste Catarinense, Oeste do Paraná, Passo Fundo (RS), Rio Verde (GO) e Santa Rosa (RS).

Em termos reais, os valores na região da Mogiana (SP) são os maiores desde novembro/2012 e em Campinas (SP), Ijuí (RS) e no norte do Paraná, desde julho/2016. A margem de lucro das indústrias, com base preços FOB Porto de Paranaguá (PR), referente ao embarque em setembro/2020, passou de US$ 12,73 por tonelada para US$ 25,96 por tonelada no dia 30 de julho. Para este cálculo, foram utilizados os valores FOB de soja, farelo e óleo de soja no Porto de Paranaguá. Diante da elevada demanda pelos derivados e do baixo excedente de soja da safra 2019/2020, os produtores domésticos estão resistentes nas comercializações do grão. O prêmio de exportação de soja, para embarque em agosto/2020, tem comprador a +US$ 1,60 por bushel, enquanto no início do mês de julho, os compradores ofertavam +US$ 1,15 por bushel. Com isso, a paridade de exportação indica preços acima de R$ 121,00 por saca de 60 Kg de agosto a novembro deste ano, tendo-se como base o dólar futuro negociado na B3.

Os contratos a termo, com entrega nesses próximos meses, já estão sendo ofertados acima desses valores. Assim, os preços do grão também renovaram as máximas no mercado doméstico. De junho para julho, o Indicador da soja Paranaguá ESALQ/BM&F, referente ao grão depositado no corredor de exportação e negociado na modalidade spot (pronta entrega), no Porto de Paranaguá, apresentou significativa alta de 5,6%, indo para R$ 115,92 por saca de 60 Kg no fechamento de julho, recorde nominal. Em termos reais, este Indicador registra o maior valor desde dezembro/2012 (R$ 118,07 por saca de 60 Kg), período em que atingiu recorde. A média ponderada da soja no Paraná, refletida no Indicador CEPEA/ESALQ avançou 5,7% de junho para julho, a R$ 109,89 por saca de 60 Kg. Em termos reais, este Indicador é o maior desde junho/2016 (R$ 109,89 por saca de 60 Kg). De junho para julho, os valores da soja subiram 6,6% no mercado de balcão e 8,4% no mercado de lotes. Em um ano, as elevações são de expressivos 50,1% e 52,5%, respectivamente.

Os produtores das Regiões Sul e Sudeste do Brasil estão recebendo acima de R$ 100,00 por saca de 60 Kg de soja ainda não padronizada e acima de R$ 110,00 por saca de 60 Kg da beneficiada. O movimento de alta no mercado doméstico foi limitado pela desvalorização do dólar em boa parte do mês de julho. Ainda assim, quando comparado com o mês de junho, a moeda norte-americana se valorizou 1,6% em julho, a R$ 5,28. Nos Estados Unidos, os preços registram queda nos últimos sete dias, diante da melhora do clima. Entretanto, os produtores estão atentos à baixa umidade em áreas produtivas, cenário que elevou as médias de junho para julho. A maior procura chinesa pela oleaginosa norte-americana também deram suporte aos preços futuros em julho. De junho para julho, na Bolsa de Chicago, a média do primeiro vencimento da soja subiu 3,2%, a US$ 8,95 por bushel, a maior desde janeiro deste ano. O primeiro vencimento do farelo avançou 0,9%, com a média mensal a US$ 319,07 por tonelada. O contrato de mesmo vencimento do óleo de soja subiu significativos 4,3%, indo para US$ 641,16 por tonelada. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.