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27/Jul/2020

Tendência altista para os preços da soja no Brasil

A tendência é de sustentação dos preços da soja em grãos no mercado brasileiro, com viés altista neste segundo semestre, diante das exportações em ritmo acelerado em 2020, tanto do grão como dos derivados, prêmios elevados nos portos brasileiros e perspectiva de escassez de oferta nos últimos meses do corrente ano. Entre janeiro e julho de 2020, o Brasil exportou um recorde de 69,2 milhões de toneladas de soja em grãos, volume 35% acima das 51,2 milhões de toneladas embarcadas no mesmo período do ano anterior. Com baixo volume de produto a ser comercializado ainda no Brasil e com mais de 40% da próxima safra 2020/2021 já comercializada, os prêmios pagos pela soja brasileira têm registrado valorização nos últimos dias. O baixo excedente interno, a firme demanda de indústrias nacionais e a retração dos produtores em negociar novos volumes a curto prazo vêm elevando os valores domésticos da soja e os prêmios de exportação.

Assim, este segundo semestre se inicia com preços do grão renovando as máximas nominais. Esse contexto tem estimulado os agentes a negociarem a produção das duas próximas safras, sendo a de 2022 ainda de forma incipiente. No Porto de Paranaguá (PR), o prêmio de exportação da soja para embarque em agosto/2020 está cotado a +US$ 1,35 por bushel, enquanto na semana anterior os compradores ofertavam +US$ 1,20 por bushel. Referente ao contrato de mesmo vencimento, o valor FOB da soja registra alta de 3,5%, a US$ 23,47 por saca de 60 Kg. A paridade de exportação pelo Porto de Paranaguá indica preços a R$ 121,85 por saca de 60 Kg para agosto/2020, a R$ 121,34 por saca de 60 Kg para setembro/2020 e a R$ 121,01 por saca de 60 Kg para outubro. Quanto à próxima safra (2020/2021), a paridade indica preços a R$ 112,65 por saca de 60 Kg para fevereiro/2021; a R$ 110,32 por saca de 60 Kg para março/2021; a R$ 109,42 por saca de 60 Kg para abril; a R$ 110,69 por saca de 60 Kg para maio e acima de R$ 112,00 por saca de 60 Kg para os contratos com embarques entre junho e julho de 2021.

No mercado spot (com entrega/recebimento em até sete dias), os preços renovam os recordes nominais, mas os produtores não mostram interesse em vender novos lotes. Vale lembrar, no entanto, que o remanescente da safra 2019/2020 é de apenas 5% no País. Com isso, os produtores têm expectativas de conseguir maior receita pela venda desse remanescente nos próximos meses. Nos últimos sete dias, o Indicador da soja Paranaguá ESALQ/BM&F, referente ao grão depositado no corredor de exportação e negociado na modalidade spot (pronta entrega), no Porto de Paranaguá, apresenta alta de 0,5%, cotado a R$ 116,08 por saca de 60 Kg. A média ponderada da soja no Paraná, refletida no Indicador CEPEA/ESALQ registra avanço de 0,5% nos últimos sete dias, a R$ 109,17 por saca de 60 Kg.

No dia 20 de julho, ambos Indicadores registraram valores recordes nominais, ao fecharem a R$ 116,77 por saca de 60 Kg e a R$ 109,93 por saca de 60 Kg, respectivamente. Nos últimos sete dias, as cotações no mercado de balcão (pago direto ao produtor) apresentam alta de 0,2%. O movimento de alta no mercado doméstico foi limitado pela desvalorização cambial (US$/R$), que torna os produtos brasileiros menos atrativos aos importadores. O dólar registrou queda na última semana, cotado a R$ 5,20. A firme demanda por óleo de soja e farelo também dá suporte aos preços do grão. Referente ao óleo, a procura doméstica, especialmente para biodiesel, segue elevada. Com isso, as indústrias alimentícias relatam dificuldade na aquisição deste coproduto. A demanda externa também segue aquecida, cenário que tem aumentado a competitividade entre os compradores de biodiesel, das indústrias alimentícias e dos importadores. Esse cenário segue renovando os valores recordes nominais dos derivados no Brasil.

O óleo de soja (posto em São Paulo com 12% de ICMS incluso) registra valorização de 1,7% nos últimos sete dias, com preço médio de R$ 4.446,60 por tonelada, o maior valor nominal da série iniciada em julho de 1998. A demanda externa por farelo de soja também está mais aquecida. O volume embarcado em apenas um navio foi recorde na semana passada. Com isso, algumas indústrias, especialmente as de São Paulo e de Mato Grosso, mostram preferência em exportar em detrimento de vender no mercado doméstico. Com isso, parte dos consumidores domésticos tem tido dificuldades na aquisição desse subproduto, ao passo que outros relatam ter estoque para apenas mais uma semana. Os preços do farelo de soja acumulam alta de 0,9% nos últimos sete dias. Em São Paulo, na região de Campinas, o farelo de soja é negociado a R$ 1.830,42 por tonelada, o maior valor nominal da série, iniciada em janeiro de 1999. Os preços futuros de soja e derivados também estão em alta nos Estados Unidos, influenciados por novas compras da China.

Na Bolsa de Chicago, o primeiro vencimento da soja (Agosto/2020) registra valorização de 1,4% nos últimos sete dias, a US$ 9,06 por bushel, o maior valor nominal desde 23 de janeiro deste ano. O vencimento Agosto/2020 do farelo de soja apresenta avanço de 1,2% no mesmo período, a US$ 320,11 por tonelada. O contrato de mesmo vencimento do óleo de soja registra alta de 1,8%, indo para US$ 656,75 por tonelada. A alta externa, por outro lado, está sendo limitada pelo clima favorável ao desenvolvimento das lavouras de soja nos Estados Unidos e pelo baixo volume da safra 2019/2020 comercializado. Segundo dados de inspeção e exportação do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), os embarques norte-americanos recuaram 6,3% entre as duas últimas semanas e 19,6% se comparado ao volume escoado no mesmo período de 2019. No ano-safra de setembro/2019 a julho/2020, os Estados Unidos enviaram ao mercado internacional 38,3 milhões de toneladas, 2,4% inferior ao volume escoado no mesmo período da temporada anterior. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.