ANÁLISES

AGRO


SOJA


MILHO


ARROZ


ALGODÃO


TRIGO


FEIJÃO


CANA


CAFÉ


CARNES


FLV


INSUMOS

20/Jul/2020

Tendência de preços sustentados e em viés de alta

A tendência é preços sustentados para a soja em grãos no Brasil, com viés altista para este segundo semestre do ano, com oferta restrita no mercado interno, dólar em patamares elevados, exportações recordes de soja em grãos em 2020, forte alta das exportações de farelo e de óleo de soja e aumento de vendas antecipadas para 2020/2021. Nos próximos meses, as esmagadoras voltadas para o mercado interno poderão ter dificuldades em se abastecer, pagando um valor maior do que a paridade de exportação. As empresas da Região Sul do País já estão elevando as importações de soja do Mercosul. No primeiro semestre de 2020, o Brasil exportou 60,349 milhões de toneladas de soja em grãos, um recorde, 38% acima do mesmo período do ano anterior. No primeiro semestre de 2020, as exportações de farelo de soja atingiram 8,510 milhões de toneladas, um recorde para esse período e 3,3% acima do mesmo intervalo do ano anterior. Com isso, no acumulado do primeiro semestre, o preço da soja em grãos ao produtor subiu, em média, 31,2% e do farelo de soja utilizado nas rações, registrou uma alta expressiva de 32,5%.

Com as firmes demandas externa e doméstica, a relação estoque/consumo final em 48,5% pode ser a menor desde a temporada 2011/2012, quando a produção brasileira foi de 93,73 milhões de toneladas, ou seja, 25,6% inferior à de 2019/2020 (de 126 milhões de toneladas). Como há uma relação inversa entre estoque e preços, vendedores se afastam ainda mais do mercado, reduzindo a liquidez interna. Estimativas do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) indicam que o consumo brasileiro de soja deve crescer 4,5% nesta temporada 2019/2020, para 46,89 milhões de toneladas, um recorde. Desse total, 44,25 milhões de toneladas devem ser destinadas ao esmagamento, também recorde. O maior processamento deve ser puxado pelas firmes demandas externa e interna por derivados. As estimativas apontam que o Brasil deve exportar e consumir volumes recordes de farelo de soja, estimados em 17,25 milhões de toneladas (2,7% superior ao previsto até o mês passado) e em 18,08 milhões de toneladas, respectivamente.

O óleo de soja brasileiro também segue disputado entre os consumidores domésticos e estrangeiros. 7,4 milhões de toneladas de óleo de soja devem ser destinadas ao consumo doméstico, 3,77 milhões de toneladas para o uso alimentício e 3,67 milhões de toneladas para o industrial, sendo também volumes recordes. Com a forte demanda doméstica, as exportações devem cair 2% nesta temporada, somando 1,05 milhão de toneladas. Os prêmios do óleo de soja com base no Porto de Paranaguá (PR) chegaram a ser ofertados a 5 centavos de dólar por libra-peso, o maior da série iniciada em junho de 2004. Diante disso, o óleo de soja (posto em São Paulo com 12% de ICMS) registra expressiva valorização de 3,9% nos últimos sete dias, com preço médio de R$ 4.370,66 por tonelada, renovando a máxima nominal da série do Cepea, iniciada em julho de 1998. Além do maior consumo doméstico de soja, a exportação brasileira está estimada em 89 milhões de toneladas em 2021, 4,7% superior ao projetado até o mês passado e um recorde.

Esse cenário se deve à firme demanda da China, que deve importar 96 milhões de toneladas nesta temporada, o maior volume já adquirido internacionalmente pelos asiáticos. No primeiro semestre deste ano, o Brasil enviou para a China 45,3 milhões de toneladas de soja, 30% a mais que no mesmo período de 2019 e um recorde, conforme dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex). O Indicador da soja Paranaguá ESALQ/BM&F, referente ao grão depositado no corredor de exportação e negociado na modalidade spot (pronta entrega), no Porto de Paranaguá, está cotado em R$ 116,00 por saca de 60 Kg. A média ponderada da soja no Paraná, refletida no Indicador CEPEA/ESALQ está cotada em R$ 108,54 por saca de 60 Kg. Nos últimos sete dias, as cotações no mercado de balcão (pago direto ao produtor) se mantêm estáveis, mas registram alta de 0,7% no mercado de lotes (negociações entre empresas). Com o elevado volume já negociado, agora, os produtores estão afastados das vendas, elevando a disparidade entre os valores indicados por vendedores e ofertados por compradores.

Esse cenário vem limitando a liquidez e sustentando os valores do grão. O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) estima exportação norte-americana de apenas 44,9 milhões de toneladas até o mês que vem (safra 2019/2020), o menor volume desde a temporada 2013/2014. Até o momento, os embarques norte-americanos somam 37,86 milhões de toneladas. Esse cenário pode resultar em estoques de 16,86 milhões de toneladas, atrás apenas da temporada 2018/2019 (24,74 milhões de toneladas). Além do alto excedente, a produção norte-americana da safra 2020/2021 foi revisada para cima, estimada agora em 112,54 milhões de toneladas, significativos 16,4% superior ao da temporada 2019/2020. Por outro lado, o consumo dos Estados Unidos deve crescer 4% entre as safras 2019/2020 e 2020/2021, totalizando 62,45 milhões de toneladas, e as exportações, 24,2%, somando 55,79 milhões de toneladas.

O consumo de farelo de soja nos Estados Unidos também deve crescer 0,8%, totalizando 34,56 milhões de toneladas, ao passo que as exportações devem recuar 1,5%, estimadas em 12,02 milhões de toneladas na safra 2020/2021. As exportações de óleo de soja podem ser menores, de 1,08 milhão de toneladas, 15,7% abaixo de 2019/2020, mas o consumo doméstico é estimado em volume recorde, de 10,43 milhões de toneladas, 4,8% a mais que na safra anterior. Diante deste contexto, na Bolsa de Chicago, o primeiro vencimento da soja (Agosto/2020) registra desvalorização de 0,3% nos últimos sete dias, a US$ 8,93 por bushel. O vencimento Agosto/2920 do farelo de soja apresenta queda de 3,5% no mesmo período, a US$ 316,36 por tonelada. O contrato de mesmo vencimento do óleo de soja registra significativa alta de 3,5%, indo para US$ 645,29 por tonelada. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.