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20/Jul/2020

Entidades do agro rechaçam o estudo da Science

Entidades do setor produtivo estão se mobilizando para responder ao estudo publicado na revista científica Science de que cerca de 20% da soja e pelo menos 17% da carne produzidas na Amazônia e no Cerrado e exportadas para a União Europeia estariam potencialmente contaminadas com o desmatamento ilegal. As associações que representam o setor de soja criticaram o estudo por gerar uma visão distorcida da produção. A Confederação da Agricultura de Pecuária do Brasil (CNA) informou que está avaliando a questão e um possível posicionamento. A Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) afirmou que ainda está analisando a metodologia adotada pela revista, principalmente no que diz respeito à confirmação se as áreas destacadas realmente correspondem a desmatamentos e queimadas ilegais. O Ministério da Agricultura afirmou que a agropecuária não pode ser "vilanizada" e que os dados da amostra do estudo demonstram que mais de 90% dos produtores rurais não estiveram envolvidos com qualquer tipo de desmatamento ilegal.

O Ministério da Agricultura afirmou que vai convocar um grupo de cientistas para avaliar detalhadamente cada conclusão do artigo. A Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) apontou que o estudo da Science gera um valor elevado de soja associada a desmatamento de forma equivocada, uma vez que não indica quanto das áreas identificadas com desmatamento ilegal já estão efetivamente embargadas pelas autoridades competentes e não demonstra as áreas de desmatamento legal e ilegal em que há produção de soja, optando por demonstrar o imóvel como um todo. A associação afirmou que é responsabilidade da indústria verificar se a soja a ser originada foi produzida de acordo com a legislação vigente. Para a Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec), não é possível atribuir à soja mais do que 1,5% do desmatamento de área na Amazônia com base em levantamentos por satélite.

O setor que tem se reunido de forma sistemática desde 2006 com as ONGs para resolver esse problema e punir as pessoas que desmatam, ao não comprar desses agentes. A Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja Brasil) afirmou que não concorda com os dados divulgados pelo estudo, pois ele apresenta inconsistências. A Embrapa Territorial, que tem análises sobre a ocupação e uso das terras no Brasil, informou que não vai comentar o estudo. Quanto ao segmento carnes, a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec) afirmou que a agroindústria exportadora de carne bovina trabalha com sustentabilidade. Há demanda do mercado externo e do consumidor interno para que o setor seja sustentável e a compra dos bovinos é rastreada. Entretanto, além de a indústria legalizada ter de lidar com três tipos de fiscalização nos abates (nas esferas federal, estadual e municipal), tem de conviver também com os fornecedores ilegais de bovinos, aqueles não fiscalizados, que produzem o que é chamado de "boi pirata", além do desmatamento ilegal.

Mesmo que tudo seja feito corretamente, é preciso observar este problema também, porque ele afeta a imagem da cadeia como um todo. A imagem que vai para o exterior é aquela de quem cria mal bovinos. A Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat) criticou o estudo da Science e afirmou que a atividade pecuária hoje está focada em tecnificação e em contínuos aumentos de produtividade, com a intensificação da atividade, redução da área de pasto concomitantemente com o aumento de produção de arrobas por hectare, além de queda na idade média de abate dos bovinos. Somente nos últimos dez anos em Mato Grosso, o total de bovinos abatidos antes de completar dois anos pulou de 2% para 20%. Entretanto, a entidade admite que há irregularidades e lamenta a existência deste tipo de elemento no segmento. Mas, alerta para o risco de generalização e de uma consequente demonização do produtor rural. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.