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20/Jul/2020

Estudo da Science pode ser considerado político

O produtor rural e ex-vice-presidente da Sociedade Rural Brasileira (SRB), Pedro de Camargo Neto, qualificou como político o estudo da revista Science que afirma, entre outras coisas, que 17% da carne produzida nos biomas Cerrado e Amazônia e exportada para a União Europeia, além de 20% da soja, estão potencialmente contaminadas com o desmatamento ilegal. O estudo tem uma introdução e uma conclusão muito políticas, inclusive o título. O título do estudo é "As maçãs podres do agronegócio". O responsável pelo trabalho é o grupo do pesquisador Raoni Rajão, coordenador do Laboratório de Gestão de Serviços Ambientais da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Ainda assim, Camargo Neto afirma que o estudo em si e o modelo matemático de análise do banco de dados utilizado são interessantes.

É importante lembrar que o Brasil é o único país do mundo que torna públicos os dados de desmatamento, fato pouco valorizado. Ele acrescentou, entretanto, que os dados do Serviço Florestal Brasileiro (SFB) sobre o Cadastro Ambiental Rural (CAR) são apresentados de maneira simplificada. No estudo, o professor Rajão usou a base do CAR para cruzamento de dados. Foram cruzados mapas de uso de solo e de desmatamento com informações de 815 mil propriedades com registro no CAR. Assim, o estudo apresenta suas hipóteses com base em dados simplificados. O resultado da análise é fruto dessas hipóteses e simplificações. Ele cita, por exemplo, que não se deveria ter misturado os biomas Cerrado e Amazônia no mesmo trabalho. Esses biomas têm problemas muito distintos de ocupação e uso do solo, o que atrapalha a avaliação da conclusão.

Outro problema indicado por Camargo Neto é que, apesar de interessante, é muito difícil o estudo concluir com certeza se eventuais áreas de proteção permanente (APPs) desmatadas já não estão em processo de recuperação. Áreas desmatadas ilegalmente têm de ser obrigatoriamente reflorestadas, conforme determina o Código Florestal, que deu um prazo de 20 anos para isso, continua. Ele observa, ainda, que a reserva legal (RL) de um produtor que já não a tem pode estar em outra propriedade rural, por meio do sistema de compensação de reserva legal, que também é previsto no Código Florestal. O estudo exigiria esta análise também, afirma ele. Assim, na opinião de Camargo Neto, os dois pontos essenciais são esses: é um estudo interessante, porém com resultado simplificado. A simulação feita é válida, porém o resultado foi apresentado com sensacionalismo, o que prejudica o valor do estudo. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.