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13/Jul/2020

Tendência de preços sustentados da soja no Brasil

A tendência é preços sustentados para a soja no Brasil, com viés altista para o segundo semestre deste ano, com oferta restrita no mercado interno, dólar em patamares elevados, exportações recordes de soja em grãos em 2020, forte alta das exportações de farelo e de óleo de soja, prêmios em alta nos portos brasileiros e aumento das vendas antecipadas para a próxima temporada. O Brasil seguiu aproveitando a boa demanda internacional e exportando volumes recordes de soja durante todo o primeiro semestre de 2020, contexto que reduziu a disponibilidade interna e alavancou as cotações. Pelos próximos sete meses, pelo menos, empresas domésticas podem ter dificuldades em se abastecer. As empresas da Região Sul do País, inclusive, já importam a soja do Mercosul. Embora em junho o volume exportado tenha caído 11,4% sobre maio, ainda esteve 51,7% acima da quantidade de junho/19, somando 13,75 milhões de toneladas. No primeiro semestre, o Brasil escoou 60,349 milhões de toneladas, um recorde, 38% acima do mesmo período do ano anterior.

As importações também estiveram aquecidas em junho. No mês, o Brasil comprou do Paraguai 89,7 mil toneladas de soja, mais que o dobro do adquirido em maio e o maior volume importado desde junho/2016. Quanto aos preços internos da soja em grão, nos últimos sete dias, as altas são de 1,1% no mercado de balcão (preço pago ao produtor) e de 1,4% no mercado de lotes (negociações entre empresas). Nos últimos sete dias, o Indicador da soja Paranaguá ESALQ/BM&F, referente ao grão depositado no corredor de exportação e negociado na modalidade spot (pronta entrega), no Porto de Paranaguá, apresenta alta de 1,4%, cotado a R$ 116,00 por saca de 60 Kg. A média ponderada da soja no Paraná, refletida no Indicador CEPEA/ESALQ, é de R$ 108,81 por saca de 60 Kg. A baixa liquidez e o enfraquecimento do dólar estão limitando o movimento de alta nos valores domésticos. Segundo a Secretaria de Comércio Exterior (Secex), em junho, o Brasil embarcou 277,27 mil toneladas de óleo de soja, mais que o dobro do volume exportado em maio e a maior quantidade desde maio/2012.

No primeiro semestre, os embarques de óleo de soja totalizaram 682,6 mil toneladas, 10,8% a mais que no mesmo período de 2019. Os embarques de farelo de soja, por sua vez, somaram 1,660 milhão de toneladas em junho, 11,7% inferior à quantidade de maio, mas ainda 8,7% acima do volume de junho/2019. Na primeira metade do ano, foram 8,61 milhões de toneladas de farelo de soja embarcadas, um recorde para esse período. Com a baixa oferta de matéria-prima e a crescente demanda externa por óleo de soja, os preços deste derivado e os prêmios para exportação seguem atingindo novos recordes. As indústrias de biodiesel também estão ativas. Algumas fábricas brasileiras, inclusive, mostram interesse em exportar o óleo de soja em detrimento de vendê-lo no mercado doméstico. O óleo de soja (posto em São Paulo com 12% de ICMS) registra expressiva valorização de 4,9% nos últimos sete dias, com preço médio de R$ 4.205,32 por tonelada, o maior patamar nominal da série histórica, iniciada em julho de 1998. Os prêmios do óleo também estão avançando.

Os preços domésticos e prêmios de exportação de farelo de soja se mantêm praticamente estáveis. Isso porque a demanda externa está mais fraca nos últimos dias e os consumidores domésticos alegam ter estoques para até metade deste mês, pelo menos. Nos últimos sete dias, as cotações de farelo de soja apresentam leve alta de 0,1%. O recuo dos prêmios do grão, a elevação do prêmio de óleo e estabilidade nos prêmios de exportação de farelo de soja resultam em aumento no “crush margin”. Considerando-se os valores FOB da soja, do farelo e do óleo, para o contrato agosto/2020, a margem de lucro da indústria é calculada em US$ 17,76 por tonelada nos últimos sete dias, 22,4% acima dos US$ 14,52 por tonelada da semana anterior. Nos Estados Unidos, a atenção está voltada ao clima, que começa a preocupar agricultores, já que as lavouras estão em fase de desenvolvimento e precisam de chuva neste momento. Relatório do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), no entanto, aponta que, até o momento, as condições das lavouras estão estáveis.

Até o dia 6 de julho, 5% das lavouras de soja dos Estados Unidos apresentavam condições ruins ou muito ruins, abaixo dos 11% de igual período de 2019. Em condições medianas estão 24% das lavouras, abaixo dos 35% na safra passada. Em boas e excelentes estão 71%, acima dos 53% há um ano. Além disso, há expectativas de maior demanda da China pela oleaginosa norte-americana. Na última semana, os embarques dos Estados Unidos cresceram 56,3% frente aos da anterior, mas estiveram 31,5% inferiores aos do mesmo período de 2019. O volume exportado nesta temporada (de setembro/2019 ao dia 2 de julho/2020) soma 37,336 milhões de toneladas, 1,4% abaixo do registrado no mesmo período de 2019. Na Bolsa de Chicago, o primeiro vencimento da soja (Julho/2020) registra valorização de 0,6% nos últimos sete dias, a US$ 8,98 por bushel. O contrato de mesmo vencimento do óleo de soja apresenta avanço de 0,8%, para US$ 621,48 por tonelada. O vencimento Julho/2020 do farelo de soja acumula alta de 0,5% no mesmo período, a US$ 325,29 por tonelada. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.