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06/Jul/2020

Tendência é altista para o preço da soja no Brasil

A tendência é de alta para os preços da soja no mercado brasileiro, com as cotações futuras subindo na Bolsa de Chicago, dólar em alta, prêmios em alta nos portos brasileiros, escassez de ofertas no mercado interno e exportações bastante avançadas em 2020. No primeiro semestre deste ano, as exportações de soja em grãos atingiram o recorde de 62,926 milhões de toneladas, 44% superiores ao mesmo período de 2019 e 36% acima do volume escoado na primeira metade de 2018 (ano em o Brasil embarcou volume recorde e a guerra comercial entre Estados Unidos e China foi iniciada). Em junho, os embarques da soja estiveram aquecidos. O Brasil escoou 13,750 milhões de toneladas, um recorde quando considerado um mês de junho. Os preços da soja e derivados continuam em alta no mercado brasileiro, impulsionados pelas firmes demandas internas e externas. As indústrias nacionais mostram necessidade de aquisição do grão para o curto prazo, ao mesmo tempo em que novas negociações para exportação estão intensas.

Nesse cenário, as expectativas são de que os estoques no final de 2020 sejam reduzidos. No dia 1º de julho, a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos e Vegetais (Abiove) revisou as estimativas da atual safra (2019/2020) e indicou estoques de passagem em dezembro deste ano de 669 mil toneladas, o menor da história. Isso se deve ao elevado volume destinado às indústrias domésticas, que devem processar um recorde de 44,5 milhões de toneladas de soja em grão. Nos últimos sete dias, as cotações da soja registram alta de 2,8% no mercado de balcão (pago direto ao produtor) e de 3,7% no mercado de lotes (negociações entre empresas). Nos últimos sete dias, o Indicador da soja Paranaguá ESALQ/BM&F, referente ao grão depositado no corredor de exportação e negociado na modalidade spot (pronta entrega), no Porto de Paranaguá, apresenta alta de 1,6%, cotado a R$ 114,44 por saca de 60 Kg. A média ponderada da soja no Paraná, refletida no Indicador CEPEA/ESALQ registra avanço de 2,7% nos últimos sete dias, a R$ 108,99 por saca de 60 Kg.

O recuo do dólar, no decorrer de junho, limitou as valorizações do grão no mês. De maio para junho, a média mensal do dólar recuou 7,8%. Os preços dos subprodutos estão avançando no mercado brasileiro. Além da alta no custo da matéria-prima, a demanda segue aquecida, especialmente por óleo de soja. A oferta de óleo está baixa no Brasil e indústrias de biodiesel estão demandando novos lotes para recebimento em curto prazo. Diante disso, o preço do óleo de soja (posto em São Paulo com 12% de ICMS) é de R$ 4.008,38 por tonelada, aumento de 1,7% nos últimos sete dias. Na média do mês de junho, este subproduto se valorizou 4,6% sobre maio, a R$ 3.799,68 por tonelada, o maior patamar, em termos reais, desde dezembro/2016 (deflacionado pelo IGP-DI de maio/2020). Em termos nominais, as cotações do óleo de soja são recordes.

Quanto ao farelo de soja, a demanda está aquecida. Assim, nos últimos sete dias, o preço apresenta alta 1,8%. Neste caso, os compradores se abasteceram logo no início de junho, limitando o movimento de alta no restante do mês. Mesmo com o aumento no preço do grão, a margem de lucro das indústrias segue crescente. Considerando-se os valores FOB da soja, farelo e óleo, para o contrato Agosto/2020, a margem de lucro da indústria é de US$ 14,52 por tonelada, alta de 15,7% nos últimos sete dias. No dia 2 de junho, a margem de lucro para este mesmo contrato foi de apenas US$ 8,84 por tonelada. Nos Estados Unidos, os preços também estão avançando, impulsionados por expectativas de novas aquisições da China pela oleaginosa norte-americana. As expectativas de clima quente e seco também dão suporte aos preços futuros. Na Bolsa de Chicago, o primeiro vencimento da soja (Julho/2020) registra valorização de 2,7% nos últimos sete dias, a US$ 8,92 por bushel. O contrato de mesmo vencimento do óleo de soja apresenta aumento de 1,5%, subindo para US$ 616,41 por tonelada.

O vencimento Julho/2020 do farelo de soja acumula ata de 2,8% no mesmo período, para US$ 323,53 por tonelada. De maio a junho, as médias mensais dos primeiros vencimentos da soja, farelo e óleo subiram, respectivamente, 3,0%, 0,7% e 5,1%. Na última semana, os embarques dos Estados Unidos cresceram 26,8% frente aos da anterior, mas estiveram 54,9% inferiores aos do mesmo período de 2019. Agora, o volume exportado nesta temporada (de setembro/2019 a 25 de junho/2020) soma 36,8 milhões de toneladas, 0,8% menor que o do mesmo período de 2019. Segundo o relatório de acompanhamento de safras do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), 5% das lavouras de soja apresentavam condições ruins ou muito ruins até o dia 28 de junho, estável em relação à semana anterior e abaixo dos 11% de igual período de 2019. Em condições medianas estão 24% das lavouras, abaixo dos 25% na semana passada e dos 35% há um ano. Em condições boas e excelentes estão 71%, 1% acima da semana passada e acima dos 54% há um ano. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.