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22/Jun/2020

Tendência é de sustentação para os preços da soja

Os preços da soja atingiram recordes nos portos brasileiros e a tendência é de sustentação para os próximos meses. Além do dólar em alta, a valorização da soja também decorre de reação dos futuros em Chicago e dos prêmios subindo nos portos brasileiros. Em Chicago, o mercado tem sido sustentado por compras da China, em volumes maiores do que os vistos nos primeiros meses deste ano, demonstrando que país poderá cumprir o acordo comercial com os EUA. O apetite chinês pela soja e por carnes bovinas, suínas e de aves tem pressionado os preços no Brasil e nos EUA. Em relação à carne suína, há forte demanda interna na China por reposição do rebanho e isso pode gerar pressão por compras de farelo de soja. A expressiva valorização cambial nos últimos dias aqueceu a demanda externa pela soja brasileira, o que elevou a liquidez doméstica. Esse cenário, atrelado ao baixo excedente interno, está impulsionando os preços da soja no Brasil.

Como grande parte da logística de junho e julho já está comprometida, prevalecem novas negociações para embarques a partir de agosto deste ano. O ritmo de comercialização só não é mais intenso porque vendedores estão resistentes em comprometer lotes remanescentes da safra 2019/2020. Nos últimos sete dias, o Indicador da soja Paranaguá ESALQ/BM&F, referente ao grão depositado no corredor de exportação e negociado na modalidade spot (pronta entrega), no Porto de Paranaguá, apresenta valorização expressiva de 10%, cotado a R$ 114,81 por saca de 60 Kg. A média ponderada da soja no Paraná, refletida no Indicador CEPEA/ESALQ registra forte alta de 9,3% nos últimos sete dias, a R$ 108,45 por saca de 60 Kg. Nos últimos sete dias, os aumentos são de 5,8% no mercado de balcão (preço pago direto ao produtor) e de 7,2% no mercado de lotes (negociações entre empresas).

Mesmo com as recentes valorizações, as negociações de contratos a termo estão mais atrativas em detrimento das vendas no spot. Isso porque a paridade de exportação de soja, pelo Porto de Paranaguá (PR), indica preços a R$ 119,37 por saca de 60 Kg, para embarque em julho, a R$ 119,41 por saca de 60 Kg para agosto, a R$ 119,38 por saca de 60 Kg para setembro e a R$ 120,61 por saca de 60 Kg, para embarque outubro de 2020, considerando-se o dólar futuro negociado na B3. Diante do baixo excedente e das incertezas quanto à demanda doméstica no segundo semestre de 2020, os produtores mostram interesse em vender novos volumes da safra 2020/2021. A paridade de exportação indica preços a R$ 110,88 por saca de 60 Kg para fevereiro/2021, a R$ 109,41 por saca de 60 Kg para março/2021, a R$ 109,00 por saca de 60 Kg para abril/2021, a R$ 109,13 por saca de 60 Kg para maio/2021, a R$ 111,24 por saca de 60 Kg para junho/2021 e a R$ 111,45 para julho/2021.

O aumento nos preços do grão eleva a preocupação de representantes de indústrias quanto ao abastecimento da matéria-prima no segundo semestre. Grande parte das unidades tem estoques apenas para curto prazo. O fato é que, no início da pandemia de Covid-19 no Brasil, os agentes estavam incertos quanto ao consumo de farelo e óleo de soja. No entanto, as procuras doméstica e externa continuam firmes, especialmente por farelo de soja. Agora, com o câmbio ainda elevado, as indústrias, especialmente as da Região Sudeste do Brasil, preferem exportar o derivado ao invés de vendê-lo no mercado interno, fazendo com que uma parte dos consumidores brasileiros de farelo tenha dificuldades em se abastecer. As indústrias da Região Sul do Brasil têm optado por importar a soja em grão, diante das cotações elevadas da oleaginosa brasileira, o que tem resultado em menor repasse de preço aos derivados. Nos últimos sete dias, os preços do farelo de soja registram avanço de 1,4%.

A demanda doméstica por óleo de soja também está aquecida, mas a disponibilidade deste coproduto é baixa. O óleo de soja (posto em São Paulo com 12% de ICMS) apresenta valorização de 4,9% nos últimos sete dias, atingindo R$ 3.840,93 por tonelada, o maior valor nominal da série do Cepea, iniciada em julho/1998. No mercado externo, dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) mostram que, embora os embarques norte-americanos da semana passada tenham crescido 37,3% em relação à anterior, ainda estiveram 44,7% abaixo do volume escoado em período equivalente de 2019. Com isso, na parcial desta safra (de setembro/2019 até o dia 11 de junho), as exportações dos Estados Unidos somaram 36,1 milhões de toneladas, apenas 1,3% acima do escoado no mesmo período da temporada anterior. Especulações de que a China volte a intensificar as importações de soja nos Estados Unidos nos próximos meses elevaram os contratos futuros na Bolsa de Chicago.

O contrato Julho/2020 da soja registra valorização de 0,8% nos últimos sete dias, a US$ 8,73 por bushel. O contrato de mesmo vencimento do óleo de soja acumula alta de 2,0% no período, indo para US$ 618,61 por tonelada. O contrato Julho/2020 do farelo de soja apresenta recuo de 0,3% nos últimos sete dias, a US$ 318,34 por tonelada. As previsões de clima quente e seco no Meio Oeste dos Estados Unidos também estão oferecendo suporte aos valores na Bolsa de Chicago. Até o momento, contudo, o clima tem favorecido o avanço do semeio de soja. Segundo o relatório de acompanhamento de safras do USDA, até o dia 14 de junho, 93% da área destinada para a soja havia sido semeada nos Estados Unidos, acima dos 72% semeados em igual período do ano passado e dos 88% da média dos últimos cinco anos. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.