ANÁLISES

AGRO


SOJA


MILHO


ARROZ


ALGODÃO


TRIGO


FEIJÃO


CANA


CAFÉ


CARNES


FLV


INSUMOS

15/Jun/2020

Tendência de preços estáveis para a soja no Brasil

No curto prazo, a tendência é de estabilização dos preços da soja no mercado brasileiro. Com o recuo do dólar nas últimas semanas, a paridade de exportação nos portos recuou, reduzindo os preços pagos no interior do País. No Porto de Paranaguá, desde o pico registrado no dia 14 de maio passado, de R$ 116,27 por saca de 60 Kg, a paridade de exportação recuou 9,1% em Reais, para R$ 105,74 por saca de 60 Kg. Com isso, no interior do Paraná, nos últimos 30 dias, o preço da soja FOB produtor recuou 3,4%, mais ainda acumula uma alta de 17,5% em 2020 e de 30,5% nos últimos 12 meses. Na direção oposta, as cotações futuras na Bolsa de Chicago se mostram mais firmes, tendo acumulado um avanço de 3,0% nos últimos 30 dias. Além disso, a finalização da colheita de soja na Argentina, o amplo estoque norte-americano e o clima favorável ao cultivo nos Estados Unidos pressionam os valores da oleaginosa no Brasil.

Os prêmios em alta nos portos brasileiros também evitam uma queda mais acentuada, com cotação de +US$ 1,20 por bushel para embarques em junho, +US$ 1,30 por bushel para julho, +US$ 1,45 por bushel para agosto e +US$ 1,55 por bushel para outubro. Para o segundo semestre de 2020, a oferta interna escassa deve dar sustentação aos preços no mercado interno, com as exportações bastante avançadas. No acumulado de janeiro a maio de 2020, as exportações brasileiras de soja em grãos atingiram 49,176 milhões de toneladas, com expansão de 40% em relação ao montante de 35,175 milhões de toneladas embarcadas no mesmo período do ano anterior. Os valores internos dos derivados também estão caindo. No caso do óleo de soja, a pressão sobre os preços vem das baixas demandas doméstica e externa. Assim, o valor do derivado (posto em São Paulo com 12% de ICMS), apresenta queda de 1,6% nos últimos sete dias, a R$ 3.662,29 por tonelada. Em relação ao farelo de soja, as cotações registram recuo de 0,5% no período, também influenciadas pela menor demanda interna, pois os compradores se mostram abastecidos, com estoques para 15 dias.

O movimento de queda nos valores dos grãos e derivados, entretanto, é limitado pela retração de produtores em comercializar elevados volumes e pelos baixos estoques das indústrias brasileiras. Vale lembrar que grande parte das safras 2019/2020 e 2020/2021 já foi negociada. As vendas registram, inclusive, volumes recordes quando comparadas as de mesmos períodos de anos anteriores. Além disso, importante parcela dessa quantidade de soja já negociada, por sua vez, foi destinada à exportação. Em maio, a China, principal compradora global de oleaginosa, importou do Brasil 11,09 milhões de toneladas do grão, recorde para um único mês e correspondente a 71,5% do volume total escoado pelos portos brasileiros naquele período. De maio para junho, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) indicou crescimento de 2,2% nas estimativas de aquisições chinesas nesta temporada, para 94 milhões de toneladas. O segundo principal destino da soja brasileira, a Holanda, também importou volume histórico em maio, de 940,1 mil toneladas, atrás apenas da quantidade registrada em abril de 1997 (971,85 mil toneladas).

Embora os portos de Santos (SP) e Paranaguá (PR) continuem como os principais canais de escoamento de soja do Brasil, os portos de Belém (PA) e de São Luís (MA) seguem ganhando espaço. Na parcial deste ano, Belém é a terceira maior exportadora de soja, à frente, inclusive, do Porto de Rio Grande (RS). As importações de soja também estão aquecidas. Grandes indústrias, especialmente as da Região Sul do Brasil, têm tido dificuldade na aquisição do grão no mercado interno e, por isso, precisam importar a oleaginosa. Na parcial deste ano (de janeiro a maio), o País já importou 182,5 mil toneladas de soja, 26,5% acima do volume adquirido em todo o ano passado (de janeiro a dezembro). O principal fornecedor brasileiro é o Paraguai. As exportações de farelo de soja também seguem aquecidas. Segundo a Secretaria de Comércio Exterior (Secex), o Brasil embarcou 1,91 milhão de toneladas em maio, 14,4% a mais que em abril e 16,1% acima do volume de maio de 2019. Na parcial de 2020, os embarques de farelo de soja estão 3,3% superiores aos do mesmo período de 2019.

Os embarques de óleo cederam nesse último mês. O Brasil escoou 113,27 mil toneladas em maio, 3,1% abaixo da quantidade de abril e 55,8% inferior à de maio de 2019. Os produtores brasileiros, agora, se atentam ao vazio sanitário, que teve início no Paraná no dia 10 junho e deve começar nesta terça-feira (16/06), em Santa Catarina, São Paulo, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Rondônia. O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) estima que a produção brasileira totalize 131 milhões de toneladas na temporada 2020/2021, 5,6% acima das 124 milhões toneladas da safra 2019/2020 e um recorde. Nos Estados Unidos, o clima segue favorecendo o semeio da oleaginosa. Segundo o relatório de acompanhamento de safras do USDA, até o dia 7 de junho, 86% da área destinada para a soja já havia sido semeada no país, avanço de 11% em apenas uma semana e bem acima dos 54% semeados em igual período de 2019 e dos 79% cultivados na média dos últimos cinco anos.

A produção de soja norte-americana segue estimada em 112,26 milhões de toneladas. Conforme o relatório de inspeção e exportação do USDA, os embarques norte-americanos da semana passada caíram 46,6% em relação à anterior e 71% frente ao escoado em período equivalente de 2019. Na parcial desta safra (de setembro/2019 até o dia 4 de junho), os embarques dos Estados Unidos somam 35,62 milhões de toneladas, apenas 1,9% acima do escoado no mesmo período da temporada anterior. Ainda assim, a demanda chinesa por oleaginosa norte-americana ainda é incerta. O USDA revisou para baixo as estimativas de exportação de soja nos Estados Unidos, previstas agora em 44,9 milhões de toneladas (até agosto deste ano), 1,5% inferior ao apontado em maio e o menor volume desde a temporada 2013/2014. Diante disso, os estoques também foram ampliados, para 15,92 milhões de toneladas, 1% superior ao da temporada anterior. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.