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08/Jun/2020

Tendência altista para os preços da soja no Brasil

A tendência é altista para os preços da soja no mercado interno, mesmo com a forte queda do dólar nas últimas semanas. As exportações brasileiras são recordes entre janeiro e maio de 2020 e a oferta será restrita no segundo semestre. 80% da safra atual já comercializada e 40% da safra 2020/2021 estão com preços fixados. As cotações futuras para 2021 em Chicago estão mais firmes com expectativa de aumento de demanda da China. O dólar à vista fechou a sexta-feira (05/06) em baixa de 2,80%, a R$ 4,9877, a primeira vez que a moeda norte-americana termina abaixo de R$ 5,00 desde março. Na semana, o dólar recuou 6,60%, mais intensa depreciação desde outubro de 2008. Esta marcou a terceira semana consecutiva de perdas para a divisa norte-americana no Brasil. Nestas três semanas, a cotação cedeu 14,58%, maior desvalorização para esse intervalo desde pelo menos o fim de março de 2002.

Os preços de soja voltaram a subir no mercado brasileiro. O impulso vem do baixo excedente doméstico e das firmes demandas externa e interna. Além disso, os estoques das indústrias nacionais estão reduzidos. Do lado vendedor, alguns produtores, especialmente das Regiões Centro-Oeste e Sudeste do Brasil, relatam ter menos de 10% do volume desta temporada para comercializar até a próxima safra, que deve ser colhida apenas em 2021. Nos últimos sete dias, o Indicador da soja Paranaguá ESALQ/BM&F, referente ao grão depositado no corredor de exportação e negociado na modalidade spot (pronta entrega), no Porto de Paranaguá, apresenta alta de 1,7%, cotado a R$ 107,27 por saca de 60 Kg. A média ponderada da soja no Paraná, refletida no Indicador CEPEA/ESALQ registra avanço de 1,3% nos últimos sete dias, a R$ 100,87 por saca de 60 Kg. Nos últimos sete dias, as cotações da soja registram valorização de 0,3% no mercado de lotes (negociações entre empresas).

A sustentação dos preços brasileiros está relacionada também às incertezas quanto ao consumo da China por produtos norte-americanos, o que pode manter a demanda pela soja brasileira aquecida no próximo semestre, mesmo com a entrada da safra nos Estados Unidos. De janeiro a maio deste ano, o Brasil já embarcou 50,06 milhões de toneladas de soja, expressivos 34,7% acima do escoado nos cinco primeiros meses de 2019 e um recorde para este período. Em maio, os embarques cederam 4,9%, totalizando 15,5 milhões de toneladas do grão, abaixo do volume de abril, mas um recorde para o mês de maio. Além do volume escoado, já há uma grande quantidade da safra de soja comprometida por contratos a termo, com embarques programados de julho a novembro de 2020, resultando em aumento nos prêmios de exportação da oleaginosa. O prêmio de exportação de soja, para embarque em julho/2020, está cotado a +US$ 1,15 por bushel, enquanto na semana anterior os compradores indicavam +US$ 1,02 por bushel.

Referente ao contrato de mesmo vencimento, o valor FOB da soja apresenta alta de 3,8% nos últimos sete dias, a US$ 22,01 por saca de 60 Kg. A paridade de exportação continua indicando preços firmes para os próximos meses, de R$ 112,24 por saca de 60 Kg para julho, R$ 112,77 por saca de 60 Kg para agosto e acima de R$ 113,00 por saca de 60 Kg de setembro a novembro. Com a valorização da matéria-prima e o baixo volume ofertado no mercado domésticos, as indústrias continuam sinalizando dificuldades na aquisição do grão. Mas, com a desvalorização do dólar, muitos representantes de indústrias ficaram cautelosos nas compras, na expectativa de melhores oportunidades de negócios nas próximas semanas. Por enquanto, esses representantes sinalizam estar conseguindo repassar a alta do grão para os derivados. Os valores do óleo de soja (posto em São Paulo com 12% de ICMS) registram alta de 1,2% nos últimos sete dias, a R$ 3.721,73 por tonelada.

Em relação ao farelo de soja, as cotações acumulam queda de 0,8% nos últimos sete dias. Neste caso, muitas indústrias de São Paulo têm preferido exportar este coproduto em detrimento de vendê-lo no mercado doméstico, cenário que tem influenciado os compradores paulistas a adquirir o farelo em outros Estados, como Goiás e Mato Grosso do Sul. O frete rodoviário está mais barato, depois de se manter meses em patamares elevados. Conforme o relatório de inspeção e exportação do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), os embarques norte-americanos da semana passada cresceram 15,7% em relação ao período anterior, mas caíram 22,4% frente ao escoado em semana equivalente de 2019. Com isso, na parcial desta safra (setembro/2019 até o dia 28 de maio/2020), os embarques dos Estados Unidos somam 35,4 milhões de toneladas, apenas 3,4% acima do escoado no mesmo período da temporada anterior.

Na Bolsa de Chicago, o contrato de primeiro vencimento da soja (Julho/2020) registra valorização de 2,4% nos últimos sete dias, a US$ 8,67 por bushel. O contrato de mesmo vencimento do farelo de soja apresenta avanço de 1,6%, a US$ 319,45 por tonelada. Para o óleo de soja, o contrato Julho/2020 acumula alta de 1,6% no mesmo comparativo, indo para US$ 613,32 por tonelada. A valorização externa, entretanto, é limitada pelas condições climáticas favoráveis ao avanço do cultivo de soja nos Estados Unidos. Segundo o relatório de acompanhamento de safras do USDA, até o dia 31 de maio, 75% da área destinada para a soja já foi semeada no país, avanço de 10% em apenas uma semana e significativamente acima dos 36% semeados em igual período do ano passado e dos 68% cultivados, neste mesmo período, da média dos últimos cinco anos. Na Argentina, a colheita está na reta final. Porém, além da baixa produtividade, os produtores do país vizinho não têm tido grandes incentivos para exportar os produtos oleaginosos. Segundo a Bolsa de Buenos Aires, 98,6% da área cultivada já foi colhida e a produção segue estimada em 49,5 milhões de toneladas de soja. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.