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01/Jun/2020

Tendência é baixista com recuo do dólar ante Real

Após atingir o maior valor do ano em meados de maio, o preço da soja acumulou baixa acentuada no último mês. O principal responsável pela queda dos preços da soja foi justamente a queda no câmbio. No Porto de Paranaguá (PR), o recuo chegou a 8,5% na segunda quinzena do mês de maio. Os preços da soja no Brasil tiveram baixa bastante acentuada nesses últimos dias de maio, com a média no Porto de Paranaguá recuando de R$ 116,27 por saca de 60 Kg no dia 14 de maio para R$ 106,39 por saca de 60 Kg no fechamento da semana – recuo de cerca de R$ 10 por saca de 60 Kg. A cotação em dólar no porto praticamente não teve grandes alterações. O valor oscilou em um intervalo estreito, entre US$ 19,60 e US$ 20,00 por saca de 60 Kg em Paranaguá. A recente desvalorização do dólar frente ao Real enfraqueceu os preços de soja e derivados no mercado brasileiro, resultando em dias de baixa liquidez. Grande parte dos produtores já está capitalizada e, por isso, não tem interesse em reduzir neste momento os valores de venda para negociar novos lotes.

Esse cenário acaba elevando a disparidade entre a oferta de compradores e o pedido de vendedores, que chega a R$ 6,00 por saca de 60 Kg. No entanto, a média de maio do dólar, de R$ 5,65, ainda apresenta forte valorização de 6,1% em relação à de abril e é a maior da história do Plano Real, em termos nominais. Nos últimos sete dias, o Indicador da soja Paranaguá ESALQ/BM&F, referente ao grão depositado no corredor de exportação e negociado na modalidade spot (pronta entrega), no Porto de Paranaguá, apresenta recuo de 3,1%, cotado a R$ 106,39 por saca de 60 Kg. A média ponderada da soja no Paraná, refletida no Indicador CEPEA/ESALQ registra queda de 3,2% nos últimos sete dias, a R$ 99,81 por saca de 60 Kg. Ressalta-se que, mesmo com as recentes quedas, entre a média de abril e a de maio, os Indicadores ESALQ/BM&F da soja Paranaguá e CEPEA/ESALQ Paraná sobem 8,1% e 8,7%, com respectivas médias de R$ 110,56 por saca de 60 Kg e de R$ 103,50 por saca de 60 Kg.

Estes também são valores recorde mensais, em termos nominais. Em termos reais, são as maiores médias desde junho de 2016 (valores foram deflacionados pelo IGP-DI de abril/2020). Nos últimos sete dias, as cotações da soja registram queda de 3,2% no mercado de balcão (preço pago ao produtor) e de 3,8% no mercado de lotes (negociações entre empresas). Entre abril e maio, entretanto, as médias mensais subiram 8,7% no mercado de balcão e 8,8% no mercado de lotes. O fato é que os produtores já venderam volume recorde da atual e da próxima safra. Em Mato Grosso, 89% da safra 2019/2020 já foi vendida, acima dos 72% em igual período do ano passado. Para a próxima safra (2020/2021), 37% já foi negociada, significativamente acima dos 12% vendidos em igual período do ano passado. Praticamente todos os demais Estados já estão com mais de 80% da safra 2019/2020 vendida. Em São Paulo, há produtores que indicam mais de 90% da safra comercializada.

Diante do baixo excedente, agora, os produtores mostram preferência por guardar os lotes remanescentes para comercializar no segundo semestre. Isso porque há incertezas quanto às comercializações entre a China e os Estados Unidos. Em contrapartida, as indústrias brasileiras estão cautelosas nas aquisições. Muitos representantes de indústrias relatam não ter compras do grão garantidas para o próximo semestre e também não têm estoques alongados. A recente queda cambial, contudo, ainda deixa esses agentes um pouco afastados das compras, já que esse cenário gera expectativas de que os preços possam recuar mais nos próximos dias. O lado positivo para as indústrias é que a demanda pelos derivados segue firme, ainda dando sustentação para a margem de lucro. Embora os preços de farelo de soja apresentem queda 1,5% nos últimos sete dias, na média de abril para maio, subiram 4,4%.

Algumas regiões registraram valores recordes de farelo de soja, em termos nominais. Os valores do óleo de soja (posto em São Paulo com 12% de ICMS) acumulam queda de 1,1% nos últimos sete dias, a R$ 3.677,43 por tonelada. No entanto, em maio, este derivado se valorizou 4,8%, com preço médio a R$ 3.628,74 por tonelada, o maior patamar desde janeiro deste ano, em termos reais. Nos Estados Unidos, as condições climáticas são favoráveis ao semeio de soja. Segundo o relatório de acompanhamento de safras do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), até o dia 24 de maio, 65% da área destinada para a soja já foi semeada no país, acima dos 55% na média do mesmo período dos últimos cinco anos. No entanto, as exportações norte-americanas seguem abaixo das expectativas. Conforme o relatório de inspeção e exportação do USDA, os embarques da oleaginosa norte-americana caíram 6,4% entre as duas últimas semanas.

As exportações da semana passada também estiveram 38% inferiores às do mesmo período da temporada anterior. Na parcial desta safra (setembro/2019 até o dia 21 de maio), os embarques dos Estados Unidos somaram 35,08 milhões de toneladas, apenas 4% acima do volume do mesmo período da temporada anterior. Na Bolsa de Chicago, o contrato de primeiro vencimento da soja (Julho/2020) registra alta de 1,4% nos últimos sete dias, a US$ 8,47 por bushel. O contrato de mesmo vencimento do farelo de soja avançou 0,6%, a US$ 313,38 a tonelada. Para o óleo de soja, o contrato Julho/20 apresenta aumento de 1,0% no período, para US$ 603,84 por tonelada. Entre as médias de abril e maio, os contratos de primeiro vencimento da soja e do farelo recuaram 0,2% e 2,4%. O óleo de soja teve alta de 1,1%. Na Argentina, o clima seco beneficia o avanço da colheita, que segue para a reta final. Segundo a Bolsa de Buenos Aires, 97,2% da área já foi colhida, e a produção segue estimada em 49,5 milhões de toneladas de soja. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.