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25/Mai/2020

Tendência de queda da soja com recuo do câmbio

A pressão baixista se acentua sobre os preços da soja no mercado spot brasileiro, com as sucessivas quedas do dólar no Brasil. O dólar registrou uma baixa acumulada de 4,54% na última semana e encerrou a sexta-feira (22/05) cotado a R$ 5,57. Com isso, em uma semana, os preços da soja nos portos brasileiros recuaram entre R$ 5,50 e R$ 6,50 por saca de 60 Kg. Em Paranaguá, na última semana, a cotação caiu de uma média de R$ 116,27 por saca de 60 Kg, para R$ 109,84 por saca de 60 Kg. As mesmas quedas se refletiram nos contratos para entrega futura, na safra 2020/2021. Para o farelo de soja, entretanto, a tendência é de alta no mercado interno no segundo semestre de 2020. As desvalorizações do dólar e dos contratos futuros negociados na Bolsa de Chicago estão pressionando os valores domésticos de soja e derivados nos últimos dias. Esse cenário afasta os produtores das vendas, reduzindo, assim, a liquidez interna.

A queda externa está relacionada às condições climáticas favoráveis ao cultivo de soja nos Estados Unidos. O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) apontou, no dia 18 de maio, que 53% da área norte-americana havia sido cultivada até a data, avanço de 15% em uma semana e 16% acima de igual período de 2019 e dos 38% na média dos últimos cinco anos. O cultivo em período adequado e com rapidez implica em expectativa de boa safra nos Estados Unidos. Por outro lado, esse cenário somado aos estoques elevados e à baixa demanda externa resultam em pressão sobre os preços norte-americanos. Conforme o relatório de inspeção e exportação do USDA, os embarques da oleaginosa norte-americana caíram 34,1% entre as duas últimas semanas. Na parcial desta temporada (setembro/2019 até a primeira quinzena de maio/2020), os embarques dos Estados Unidos somaram 34,7 milhões de toneladas, 4,7% acima do mesmo período da safra passada. Enquanto ainda há incertezas quanto ao desfecho da guerra comercial entre os Estados Unidos e a China, novos desentendimentos entre os países atrapalham novas negociações.

Por outro lado, a queda externa foi limitada pela desvalorização do dólar frente a uma cesta de moedas. A moeda norte-americana registrou significativa queda de 4,54% nos últimos sete dias, a R$ 5,57. Com isso, os contratos de médio a longo prazo registram pequenas valorizações na Bolsa de Chicago. Para o contrato de primeiro vencimento da soja (Julho/2020), negociado na Bolsa de Chicago, o recuo é de 0,2% nos últimos sete dias, com fechamento a US$ 8,35 por bushel. O contrato de mesmo vencimento do farelo de soja apresenta recuo de 2,0% nos últimos sete dias, a US$ 311,40 por tonelada. Para o óleo de soja, o contrato Julho/2020 registra alta de 3,6% no mesmo comparativo, indo para US$ 597,67 por tonelada. A valorização do óleo de soja se deve às exportações dos Estados Unidos para a China, que estavam nulas há algum tempo. Ressalta-se que os patamares de preços do óleo norte-americano ainda são baixos, próximos dos observados em 2006. A queda externa e o baixo excedente de soja no mercado brasileiro, por sua vez, elevaram os prêmios de exportação de soja e derivados no País.

Assim, em dólares, houve alta no preço FOB no Porto de Paranaguá (PR). O prêmio de exportação de soja, para embarque em junho/2020 está cotado a +US$ 0,78 por bushel, enquanto na semana anterior os compradores ofertavam +US$ 0,67 por bushel. Os valores FOB da soja e derivados registram alta nos últimos sete dias. Para o embarque em junho/2020, o aumento da soja em grão é de 1,2%; do farelo, de 1,1%; e do óleo, de expressivos 11,2%. A paridade de exportação continua indicando preços firmes para os próximos meses. Para a soja, a paridade indica preços a R$ 113,01 por saca de 60 Kg para junho. Para o próximo ano, a paridade de exportação indica R$ 110,43 por saca de 60 Kg para fevereiro, a R$ 109,23 por saca de 60 Kg para março, cerca de R$ 108,00 por saca de 60 Kg para abril e maio e acima de R$ 111,00 por saca de 60 Kg para junho e julho. Porém, no mercado spot, os preços apresentam queda.

Nos últimos sete dias, o Indicador da soja Paranaguá ESALQ/BM&F, referente ao grão depositado no corredor de exportação e negociado na modalidade spot (pronta entrega), no Porto de Paranaguá, apresenta recuo de 3,9%, cotado a R$ 109,84 por saca de 60 Kg. A média ponderada da soja no Paraná, refletida no Indicador CEPEA/ESALQ registra queda de 2,6% nos últimos sete dias, a R$ 103,11 por saca de 60 Kg. Nos últimos sete dias, as cotações da soja registram recuo de 1,1% no mercado de balcão (preço pago ao produtor) e de 1,5% no mercado de lotes (negociações entre empresas). Quanto aos derivados, a paridade de exportação de farelo de soja indica valorizações para o decorrer do segundo semestre. A paridade indica preços a R$ 1.784,19 por tonelada, considerando-se o contrato Junho/2020. Esse aumento está atrelado às expectativas de maiores demandas externa e doméstica, o que resultou no aumento dos prêmios de exportação. Os compradores domésticos, como avicultores e suinocultores, têm aumentado seu poder de aquisição por insumos, diante da maior demanda externa por seus produtos finais.

Ainda assim, os preços acumulam queda nos últimos sete dias, diante da cautela dos compradores em adquirir novos lotes. No período, o farelo de soja apresenta desvalorização de 0,2%. Para o óleo de soja, a paridade de exportação calcula preços a R$ 3.499,64 por tonelada para o contrato Junho/2020, com base no Porto de Paranaguá (PR) e com o dólar futuro negociado na B3. Embora a demanda doméstica ainda esteja baixa, a procura externa está elevando os preços do óleo de soja no mercado brasileiro. Com isso, os valores do óleo de soja registram alta de 0,3% nos últimos sete dias, a R$ 3.676,90 por tonelada (posto em São Paulo com 12% de ICMS). Vale ressaltar que, com a acentuada queda do grão e a firme procura por derivados, a margem de lucro das indústrias domésticas tende a subir. O crush margin está em US$ 33,10 por tonelada para o contrato Junho/2020, o maior desde 2 de abril para este contrato. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.