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18/Mai/2020

Tendência é altista para o preço da soja no Brasil

A tendência é altista para os preços no mercado brasileiro, com dólar em patamares recordes, prêmios mais elevados nos portos brasileiros, exportações em ritmo muito aquecido, com parcela expressiva da safra atual já comercializada pelos produtores. O dólar acumula uma alta de 44% ante o Real no acumulado deste ano de 2020. 77% da safra atual já está comercializada e 38% da safra 2020/2021 tem preços fixados. A demanda é firme para exportações e no mercado interno para rações (farelo de soja). No acumulado de 2020, entre janeiro e maio, o contrato julho/2020 da soja na Bolsa de Chicago recuou 7,9%, enquanto a cotação FAS Porto de Paranaguá registra uma expressiva alta de 31,1% no mesmo comparativo. No mercado interno de derivados, o farelo de soja subiu 32,8% no acumulado de 2020, entre janeiro e maio, enquanto o óleo registra um recuo de 7,1%. No acumulado de janeiro a abril de 2020, as exportações brasileiras de soja em grãos atingiram 33,664 milhões de toneladas, com expansão de 33,8% em relação ao montante de 25,163 milhões de toneladas no mesmo período do ano anterior. A China importou 24,665 milhões de toneladas de soja em grãos do Brasil entre janeiro e abril de 2020, respondendo por 73% das vendas externas brasileiras. No mercado internacional a pressão baixista persiste sobre as cotações futuras, com aumento de 9,7% da área nos EUA em 2020/2021, a forte desvalorização do Real que eleva a competitividade da soja brasileira e as divergências que emperram o avanço do acordo comercial entre China e EUA.

No mercado interno, a tendência é altista, com as exportações avançando rapidamente e com expectativa de oferta interna ajustada e dólar em patamares elevados no 2º semestre. Os preços da soja seguem renovando as máximas nominais em algumas regiões, especialmente nos portos. Apesar disso, nem todas as regiões do interior do País estão absorvendo essa valorização do grão nos portos, principalmente quando se considera o valor pago ao produtor (mercado de balcão). Na Região Sul do País e em São Paulo, na região da Sorocabana, a soja é negociada na faixa dos R$ 100,00 por saca de 60 Kg. A sustentação vem da boa demanda, especialmente para exportação, e da menor oferta. Embora a produção brasileira tenha crescido 4,6% sobre o ano anterior, na Região Sul, a disponibilidade é 8,8% menor, devido às quebras de safras do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina. Além disso, o elevado patamar do dólar segue incentivando as exportações brasileiras, reduzindo o excedente interno e fazendo com que as relações estoque/consumo mundial e brasileira sigam em queda. Nesta temporada 2019/2020, espera-se que a relação mundial estoque/processamento caia para 33,2%, contra 37,9% na passada. Para o Brasil, a relação deve passar de 57,0% para 44,5% (a referência é o final de setembro). Nos últimos sete dias, o Indicador da soja Paranaguá ESALQ/BM&F, referente ao grão depositado no corredor de exportação e negociado na modalidade spot (pronta entrega), no Porto de Paranaguá, apresenta alta significativa de 5,1%, cotado a R$ 116,27 por saca de 60 Kg.

A média ponderada da soja no Paraná, refletida no Indicador CEPEA/ESALQ registra avanço de 3,5% nos últimos sete dias, a R$ 107,10 por saca de 60 Kg. Nos últimos sete dias, as cotações da soja registram valorização de 4,5% no mercado de balcão (preço pago ao produtor) e de 4,7% no mercado de lotes (negociações entre empresas). As indústrias indicam que estão conseguindo repassar a alta dos preços do grão aos derivados, contribuindo para que a margem de esmagamento não ceda expressivamente. No entanto, representantes de indústrias já se preocupam com a margem de lucros nos próximos meses, diante das incertezas quanto ao abastecimento da matéria-prima no segundo semestre. O preço do farelo de soja acumula alta de 6,1% nos últimos sete dias. Os preços são recordes na parcial de maio. Os valores do óleo de soja apresentam avanço de 4,3% nos últimos sete dias, a R$ 3.664,64 por tonelada (posto em São Paulo com 12% de ICMS). Quanto às exportações, seguem aceleradas e, agora, o USDA indica que o Brasil deve abastecer o mercado global com 84 milhões de toneladas entre outubro/2019 e setembro/2020. Além de ser um recorde, essa estimativa de exportação está 7% acima da prevista em abril e 12,6% superior ao embarcado pelo País na temporada anterior.

O USDA indica crescimento na importação de soja pela China, prevista em 92 milhões de toneladas, 3,4% acima do estimado em abril e 11,5% superior à quantidade importada pelos asiáticos na safra passada. Os Estados Unidos devem reduzir ainda mais suas exportações, agora estimadas em 45,59 milhões de toneladas pelo USDA, 4,2% menor que o embarcado na temporada passada (quando os Estados Unidos e a China estavam em guerra comercial) e o menor volume desde a temporada 2013/2014 (quando somaram 44,59 milhões de toneladas). De setembro até o dia 11 de maio, o volume total exportado pelos Estados Unidos somou 34,36 milhões de toneladas, 5,1% acima do escoado no mesmo período da temporada passada. Os preços futuros de soja e derivados seguem em queda na Bolsa de Chicago. O contrato Julho/2020 da soja registra desvalorização de 0,9% nos últimos sete dias, a US$ 8,37 por bushel. O contrato de mesmo vencimento do óleo de soja apresenta recuo de 0,3%, a US$ 577,16 por tonelada. Para o farelo de soja, o contrato Julho/2020 se mantém praticamente estável no período, a US$ 317,68 por tonelada. Quanto à safra 2020/2021, a estimativa é de que os Estados Unidos cultivem 33,5 milhões de hectares. Deste total, 38% da área havia sido semeada até o final da semana passada, acima dos 8% em igual período de 2019 e mais que os 23% cultivados na média dos últimos cinco anos.

A previsão é de produção de 112,2 milhões de toneladas nos Estados Unidos, alta de 16% frente à temporada anterior. O USDA indica que os embarques norte-americanos na safra 2020/2021 (de setembro/2020 a agosto/2021) devem crescer significativos 22,4%, somando 55,79 milhões de toneladas, o maior desde 2017/2018. As estimativas iniciais também apontam crescimento de área no Brasil e na Argentina, com produções previstas em 131,0 milhões de toneladas e em 53,5 milhões de toneladas, respectivamente. No geral, a área mundial a ser cultivada com soja é estimada em 126,93 milhões de hectares, 4,3% maior que a da temporada 2019/2020 e um novo recorde. A produção global é estimada em 362,7 milhões de toneladas, 7,9% superior à da safra passada. As transações mundiais devem crescer 5,17%, para 161,9 milhões de toneladas de soja, e o esmagamento, 3,5%, a 312,8 milhões de toneladas, um recorde. A Argentina deve continuar liderando as exportações de derivados, com 29,65 milhões de toneladas de farelo e seis milhões de toneladas de óleo. Para o Brasil, são previstos embarques de 16,3 milhões de toneladas de farelo de soja e de 1,05 milhão de toneladas de óleo. Para os Estados Unidos, as estimativas apontam exportações de 11,88 milhões de toneladas de farelo e 953 mil toneladas de óleo. Os principais importadores de farelo são a União Europeia (18,75 milhões de toneladas), o Vietnã (5,35 milhões de toneladas) e a Indonésia (4,8 milhões de toneladas). De óleo de soja, os principais compradores são a Índia (3,236 milhões de toneladas) e a China (1,2 milhão de toneladas). Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.