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11/Mai/2020

Tendência de alta da soja com a escalada do dólar

A tendência é altista para os preços da soja no mercado físico brasileiro, com a forte escalada do dólar, exportações recordes no primeiro quadrimestre do ano, demanda interna aquecida e grande parte da safra 2019/2020 já comercializada. As exportações de soja em grãos atingiram 33,664 milhões de toneladas entre janeiro e abril de 2020, 34% acima das 25,163 milhões de toneladas embarcadas no mesmo período do ano passado. De farelo de soja, considerando-se o volume médio exportado por dia, os embarques totalizaram 1,72 milhão de toneladas em abril, um recorde para o mês e o maior volume escoado desde julho de 2018. Os embarques de farelo de soja cresceram 10,4% em relação a março e 13,3% se comparados aos de abril do ano passado. O dólar fechou em queda na sexta-feira (08/05), após cinco altas consecutivas, mas ainda acumulou alta em uma semana marcada pela aproximação do patamar de R$ 6, depois de renovadas tensões políticas e de corte mais intenso nos juros. Sinais mais amigáveis entre China e Estados Unidos sobre a fase 1 do acordo comercial deram argumentos para alguma realização de lucros nesta sessão, na qual o dólar também caiu no exterior.

No fechamento das operações no mercado à vista, o dólar caiu 1,71%, para R$ 5,7401. Na véspera, a cotação se aproximou de R$ 5,90 e encerrou em novo recorde histórico nominal. Na semana, a divisa subiu 5,56%. O dólar se apreciou bem mais de 1% em cada um dos últimos cinco pregões, período no qual acumulou um salto de 9,05%. A constante valorização do dólar frente ao Real tem elevado a competitividade da soja brasileira, especialmente em relação ao produto norte-americano. Enquanto o grão nacional é negociado entre US$ 331,00 por tonelada e US$ 333,00 por tonelada, FOB Porto de Paranaguá (PR), o dos Estados Unidos opera na casa dos US$ 335,00 por tonelada, FOB Golfo do México. Esse cenário segue impulsionando os valores domésticos da oleaginosa, que estão em movimento de alta desde o início desta temporada. Além disso, tal situação incentivou os produtores a negociarem grande parte da safra ainda no período de colheita. Agora, o baixo volume remanescente de soja no País, as incertezas quanto às relações comerciais entre os Estados Unidos e a China e o menor incentivo nas exportações da Argentina fazem os preços dispararem no mercado brasileiro.

Nos últimos sete dias, o Indicador da soja Paranaguá ESALQ/BM&F, referente ao grão depositado no corredor de exportação e negociado na modalidade spot (pronta entrega), no Porto de Paranaguá, apresenta significativo avanço de 6,8%, cotado a R$ 110,64 por saca de 60 Kg, um novo recorde nominal. A média da primeira semana de maio é a maior, em termos reais, desde junho de 2016, quando os preços deflacionados operavam acima de R$ 115,00 por saca de 60 Kg (valores atualizados pelo IGP-DI de março/2020). A média ponderada da soja no Paraná, refletida no Indicador CEPEA/ESALQ registra expressiva alta de 6,8% nos últimos sete dias, a R$ 103,51 por saca de 60 Kg. Nos últimos sete dias, as cotações da soja registram valorização de 3,6% no mercado de balcão (preço pago ao produtor) e de 4,8% no mercado de lotes (negociações entre empresas). A liquidez também segue firme para contratos que visam a entrega do produto nos próximos meses, com preços superiores aos atuais.

Os valores FOB base Porto de Paranaguá (PR) chegam a operar acima de US$ 345,00 por tonelada. A logística com entrega em maio já está praticamente comprometida com as negociações efetivadas nos meses anteriores. Assim, com base no Porto de Paranaguá (PR), a paridade de exportação indica preços de soja a R$ 117,72 por saca de 60 Kg para junho/2020; a R$ 121,91 por saca de 60 Kg para agosto; a R$ 121,91 por saca de 60 Kg para setembro; e a R$ 121,66 por saca de 60 Kg para outubro. Para os contratos com entrega em 2021, a paridade de exportação indica preços a R$ 113,62 por saca de 60 Kg para janeiro/2021; a R$ 112,47 por saca de 60 Kg para fevereiro/2021; a R$ 110,61 por saca de 60 Kg para março/2021; a R$ 109,92 por saca de 60 Kg para abril/2021; e a R$ 110,00 por saca de 60 Kg para maio/2021, considerando-se o dólar futuro negociado na B3. Diante da firme demanda externa pela oleaginosa brasileira, as indústrias nacionais sinalizam ter menor poder de compra do grão e redução na margem de lucro.

Com base nos preços FOB de soja, farelo e óleo de soja no Porto de Paranaguá (PR), a margem de lucro das indústrias (crush margin) é calculada em US$ 19,10 por tonelada, expressiva queda de 40,2% nos últimos sete dias. Assim, os consumidores de farelo de soja estão adquirindo lotes para consumo em curto prazo apenas, indicando ter dificuldades em repassar o preço pago pelo insumo para os produtos finais. No mercado interno, os preços de farelo de soja registram alta de 1,6% nos últimos sete dias. A demanda por óleo de soja, por sua vez, segue enfraquecida, especialmente pelo setor de biodiesel. Com isso, os valores de óleo de soja (posto em São Paulo com 12% de ICMS), apresentam queda de 0,9% nos últimos sete dias, a R$ 3.514,18 por tonelada. Os agentes estão atentos à colheita de soja na Argentina e ao cultivo nos Estados Unidos. Na Argentina, o excesso hídrico prejudicou o rendimento das lavouras, mas o ritmo de colheita voltou a crescer com a melhora do tempo.

Segundo a Bolsa de Cereais de Buenos Aires, 78,2% da área havia sido colhida até o dia 7 de maio, com produção estimada em 49,5 milhões de toneladas. Nos Estados Unidos, o clima segue favorável ao cultivo da oleaginosa. Segundo dados divulgados no dia 4 de maio pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), a área cultivada com soja chegou a 23%, forte avanço em uma semana e acima dos 5% cultivados no mesmo período do ano passado e dos 11% da média dos últimos cinco anos. Com isso, os preços norte-americanos seguem em queda. O movimento de baixa está atrelado também ao baixo volume de exportação à China, que está significativamente inferior ao esperado pelos agentes de mercado. Na Bolsa de Chicago, o primeiro vencimento da soja (Maio/2020) apresenta desvalorização de 1,0% nos últimos sete dias, a US$ 8,41 por bushel. O contrato de mesmo vencimento do farelo de soja registra recuo de 2,1% e o de óleo, 1,1%, com respectivos fechamentos de US$ 312,61 por tonelada e US$ 571,87 por tonelada. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.