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05/Mai/2020

Tendência altista para os preços da soja no Brasil

A tendência é altista para os preços da soja no mercado brasileiro, com exportações em ritmo acelerado, potencial de novas altas do dólar, prêmios mais elevados nos portos brasileiros e comercialização da safra atual bastante avançada. A desvalorização do dólar frente ao Real nos últimos dias está reduzindo a liquidez no mercado doméstico de soja. Muitos produtores estão afastados das comercializações envolvendo grandes lotes. Ainda assim, os valores da oleaginosa continuam em alta, atingindo, inclusive, patamares recordes nos portos brasileiros. Isso acontece porque o produtor já comercializou grande parte da safra 2019/2020 e agora não sinaliza necessidade em vender maiores volumes no curto e no médio prazo. A tendência é que muitos armazenem o remanescente da temporada para vender nos próximos meses. Os vendedores brasileiros estão atentos ao cenário internacional da commodity. Na Argentina, a colheita chega no pico e há relatos de quebra. Nos Estados Unidos, os produtores ainda estão no início do cultivo da safra 2020/2021.

No Brasil, novos volumes chegam ao mercado apenas no começo de 2021, já que o cultivo ocorre em setembro/2020. Na média de abril, o Indicador da soja Paranaguá ESALQ/BM&F, referente ao grão depositado no corredor de exportação e negociado na modalidade spot (pronta entrega), no Porto de Paranaguá, apresentou significativa alta de 7,6% em relação a março, cotado a R$ 102,23 por saca de 60 Kg, sendo a maior desde setembro/2018, em termos reais – valores deflacionados pelo IGP-DI de março/2020. Sobre abril/2019, a valorização é de 25,9%, também em termos reais. A média ponderada da soja no Paraná, refletida no Indicador CEPEA/ESALQ registra expressivo avanço de 7,8% entre março e abril, com média de R$ 95,10 por saca de 60 Kg, a maior para um mês de abril desde 2004, em termos reais. Trata-se, também, do maior valor mensal desde setembro/2018, em temos reais. De março para abril, as cotações da soja avançaram 6,6% no mercado de balcão (preço pago ao produtor) e 8,3% no mercado de lotes (negociações entre empresas).

O dólar teve média de R$ 5,32 em abril, 8,7% superior à média de março e significativos 36,7% a mais que a de abril/2019. Ressalta-se que grande parte da safra já comercializada teve como destino a exportação, cenário que deixa em alerta as indústrias brasileiras quanto ao abastecimento da matéria-prima no segundo semestre. Há relatos de importação de soja do Paraguai por parte de indústrias do Paraná, que já têm tido dificuldades na compra do grão. Em abril, os preços de farelo de soja subiram 13,2% em relação ao mês anterior e 42,8% se comparados a abril de 2019. Entretanto, na contramão, os preços de aves e suínos estão decrescendo de forma significativa no mercado doméstico, pressionados pela oferta acima da demanda, que está fraca devido à pandemia de coronavírus. Os valores do óleo de soja também estão sendo influenciados pelos efeitos do coronavírus.

Há forte enfraquecimento no consumo das usinas de biodiesel e os preços registram os menores patamares desde novembro/2019. O preço do óleo de soja (posto em São Paulo com 12% de ICMS incluso) caiu 1,8% entre março e abril, com média de R$ 3.459,48 por tonelada, o menor valor nominal desde novembro/2019. Em direção oposta, os preços do complexo soja caíram nos Estados Unidos. Na Bolsa de Chicago, o primeiro vencimento registrou a menor média mensal desde maio/2019, em termos nominais, a US$ 8,43 por bushel em abril. Esse valor é 3,0% inferior à média de março e 4,4% abaixo da média de abril/2019. De óleo de soja, o contrato de primeiro vencimento está nos menores patamares desde outubro de 2006, em termos nominais, a US$ 577,64 por tonelada em abril, 2,6% abaixo da média de março e 8,2% menor que o de abril/2019. De farelo de soja, o contrato de primeiro vencimento recuou significativos 5,7% na comparação mensal e 4,5% na anual, a US$ 321,95 por tonelada em abril. Essas desvalorizações estão atreladas à baixa demanda da China.

Traders norte-americanos acreditavam em aumento nas exportações de soja à China, diante do acordo comercial firmado em janeiro deste ano, mas, por enquanto, as aquisições da China nos Estados Unidos seguem significativamente inferiores ao esperado. Segundo o relatório de inspeção e exportação do Departamento de Agricultora dos Estados Unidos (USDA), os embarques norte-americanos cresceram apenas 0,8% entre as duas últimas semanas, mas subiram 9,4% em relação ao mesmo período do ano passado, quando a China e os Estados Unidos estavam em guerra comercial. Nesta temporada, desde setembro/2019 até o momento, os Estados Unidos exportaram 33,47 milhões de toneladas, quantidade 6,1% superior ao comercializado na safra anterior. Em termos de cultivo, o USDA divulgou no dia 27 de abril que 8% da área esperada para a soja na temporada 2020/2021 foi cultivada. Na média de 2015 a 2019, apenas 4% haviam sido cultivados no mesmo período. Há avanços importantes em estados como Louisiana, com 33%, Mississipi, com 30%, e em Illinois e Kentucky, com 18%. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.