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27/Abr/2020

Tendência é de alta da soja com recorde do dólar

A tendência é altista para os preços da soja no mercado brasileiro, com o dólar batendo recordes sucessivos e fechando a semana com uma forte alta. O dólar à vista fechou a sexta-feira (24/04) em alta de 2,40%, cotado a R$ 5,6614. Ao longo da sexta-feira (24/04), o dólar chegou a cravar R$ 5,74, mas desacelerou o ritmo, após o Banco Central efetuar uma sequência de ofertas de swap cambial e de linha, incluindo operações para rolagens de contratos. A sexta-feira foi marcada por forte volume de negócios no mercado futuro de câmbio, chegando a US$ 27 bilhões, um dos mais altos das últimas semanas. Na semana, o dólar acumula uma valorização de 7% e ano de 41% e agora é a moeda com o pior desempenho mundial. A divisa que chega mais perto, entre os principais emergentes, é a África do Sul, onde o dólar já subiu 36% em 2020 e o México, com 32%.

Com isso, os preços de soja em grão atingem novos patamares recordes nominais. Esse movimento de alta está atrelado à significativa elevação do dólar frente ao Real, que segue favorecendo as exportações brasileiras. Diante da firme demanda externa e dos preços atrativos aos vendedores, o volume comercializado da safra 2019/2020 no Brasil já está em 80% e, da 2020/2021, em 25%, quantidades recordes em comparação a esses mesmos períodos de anos anteriores. Nos últimos sete dias, o Indicador da soja Paranaguá ESALQ/BM&F, referente ao grão depositado no corredor de exportação e negociado na modalidade spot (pronta entrega), no Porto de Paranaguá, apresenta significativa alta de 4,9%, cotado a R$ 106,16 por saca de 60 Kg. Ressalta-se, no entanto, que a liquidez para entrega imediata (até sete dias) tem sido limitada pela dificuldade logística.

O frete rodoviário, que tende a diminuir depois da colheita, ainda segue elevado, diante do ritmo intenso das transações de soja em grão. Ainda com base em Paranaguá, a paridade de exportação indica preços de soja a R$ 109,53 por saca de 60 Kg para maio/2020. Mesmo com preços recordes para contratos de curto prazo, a liquidez segue mais intensa para os contratos com vencimento a partir de junho, período em que os valores da oleaginosa estão ainda mais altos. Para entrega em junho, a paridade de exportação indica preços a R$ 113,66 por saca de 60 Kg; para julho, a R$ 115,69 por saca de 60 Kg; e para agosto, a R$ 115,72 por saca de 60 Kg. Para fevereiro de 2021, a paridade indica R$ 107,63 por saca de 60 Kg, considerando-se o dólar futuro negociado na B3. A média ponderada da soja no Paraná, refletida no Indicador CEPEA/ESALQ registra avanço de 5,4% nos últimos sete dias, a R$ 98,84 por saca de 60 Kg.

Nos últimos sete dias, as cotações da soja registram avanço de 1,9% no mercado de balcão (preço pago ao produtor) e de 1,7% no mercado de lotes (negociações entre empresas). O ritmo intenso das comercializações deixa os agentes brasileiros em alerta quanto ao abastecimento interno no segundo semestre. Representantes de indústrias sinalizam não ter feito grandes contratos para o segundo semestre, diante das incertezas quanto à demanda por farelo e óleo de soja. Alguns relatam, inclusive, que estão trabalhando com estoques para curto e médio prazos. Por outro lado, a demanda externa por esses coprodutos segue firme. Há indústrias mostrando preferência por exportar em detrimento de vender no mercado interno, diante dos preços mais atrativos nos portos. Segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), até final da semana passada, haviam sido exportadas 8,9 milhões de toneladas de soja em grão, com média diária de 739,7 mil toneladas, bem acima da média diária de abril/2019 (significativa alta de 65,2%).

Os embarques de farelo de soja haviam somado 942,9 mil toneladas, também com crescimento sobre o registrado no mesmo mês do ano anterior. Os dados não detalhavam as informações para óleo de soja, mas a expectativa é de que as exportações de soja e derivados atinjam recordes para o mês. Com base nos preços FOB de soja, farelo e óleo de soja no Porto de Paranaguá, as margens de lucro das indústrias (crush margin) são calculadas em US$ 36,05 por tonelada para o contrato maio, em US$ 19,30 por tonelada para junho e US$ 14,74 por tonelada para julho. No mercado interno, o preço do óleo de soja (posto em São Paulo com 12% de ICMS incluso), apresenta avanço de 2,6% nos últimos sete dias, a R$ 3.502,36 por tonelada. Para o farelo de soja, as cotações registram leve recuo de 0,4% nos últimos sete dias. Além da boa procura pela oleaginosa brasileira, o clima desfavorável às lavouras do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Bahia e Maranhão também sustenta os valores da soja.

Enquanto a estiagem prejudicou a oleaginosa na Região Sul do Brasil, o excesso hídrico reduziu a qualidade e interrompeu a colheita nas Regiões Norte e Nordeste do País. Restam 20% da área de soja para ser colhida no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina. Na Bahia e no Maranhão, aproximadamente 15% da área de soja ainda deve ser colhida. Segundo a Bolsa de Cereais de Buenos Aires, o clima favorece a colheita na Argentina, que atingiu 56,4% da área. Previsões indicam chuvas fortes para os próximos dias, o que pode interromper as atividades no campo. A produção de soja na Argentina continua estimada em 49,5 milhões de toneladas. Agora, a atenção também se volta ao clima nos Estados Unidos, que, até o momento, segue beneficiando o início do cultivo da oleaginosa.

Segundo o relatório de acompanhamento de safras do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), 2% da área destinada à soja havia sido semeada no país até o dia 23 de abril, contra 1% no mesmo período do ano passado. Na Bolsa de Chicago, o primeiro vencimento da soja (Maio/2020) registra valorização de 0,3% nos últimos sete dias, a US$ 8,39 por bushel, ainda assim, esses são os menores patamares desde maio de 2019, em termos nominais. O contrato de mesmo vencimento do farelo de soja apresenta queda de 1,1% e o de óleo, significativos 2,6%, com respectivos fechamentos de US$ 318,23 por tonelada e US$ 564,60 por tonelada. Os preços futuros do óleo de soja estão nos menores patamares desde outubro de 2006, em termos nominais. Essa expressiva desvalorização está atrelada à queda do petróleo, ao menor consumo do setor de biodiesel e ao maior excedente de óleo de palma, principal concorrente do óleo de soja. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.