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20/Abr/2020

Tendência de preços da soja sustentados no Brasil

A tendência é de preços da soja sustentados em níveis elevados no mercado brasileiro, com dólar em patamares altos, prêmios mais firmes nos portos brasileiros, demanda interna aquecida e exportações em ritmo acelerado. A liquidez no mercado spot de soja está fraca, já que o produtor nacional está com as vendas bem adiantadas e a logística para os meses de abril e maio se mostra comprometida. As negociações para entrega entre julho e agosto deste ano registram maior volume, cenário atípico para este período, mas que está sendo influenciado pelos elevados patamares de preços. Nos últimos sete dias, o Indicador da soja Paranaguá ESALQ/BM&F, referente ao grão depositado no corredor de exportação e negociado na modalidade spot (pronta entrega), no Porto de Paranaguá, apresenta estabilidade, cotado a R$ 100,93 por saca de 60 Kg. A paridade de exportação (com base no Porto de Paranaguá) indica preços de soja ainda maiores, a R$ 105,24 por saca de 60 Kg para maio, a R$ 106,44 por saca de 60 Kg para junho, a R$ 108,32 por saca de 60 Kg para julho e a R$ 109,94 por saca de 60 Kg para agosto. Para fevereiro de 2021, a paridade indica R$ 104,34 por saca de 60 Kg, considerando-se o dólar futuro negociado na B3 no dia 16 de abril.

A média ponderada da soja no Paraná, refletida no Indicador CEPEA/ESALQ registra alta de 1,1% nos últimos sete dias, a R$ 95,03 por saca de 60 Kg. Nos últimos sete dias, as cotações da registram recuo de 0,2% no mercado de balcão (preço pago ao produtor), mas alta de 0,2% no mercado de lotes (negociações entre empresas). O lado preocupante para as indústrias é que a demanda interna por derivados se enfraqueceu, ao passo que o valor da matéria-prima segue elevado. As cotações de farelo de soja apresentam baixa de 1,8% nos últimos sete dias. O preço do óleo de soja (posto em São Paulo com 12% de ICMS) avançou 0,1% nos últimos sete dias, a R$ 3.412,22 por tonelada. Quanto à demanda externa, o dólar elevado tem deixado a soja brasileira atrativa ao mercado internacional, ao mesmo tempo em que torna o produto dos Estados Unidos mais caro. Na Bolsa de Chicago, o primeiro vencimento da soja (Maio/2020) registra desvalorização de 2,1% nos últimos sete dias, a US$ 8,36 por bushel. O contrato de mesmo vencimento do farelo de soja apresenta recuo de 0,3% no mesmo comparativo, para US$ 321,65 por tonelada.

Para o óleo de soja, a queda é de 3,2%, referente ao contrato de mesmo vencimento, indo para US$ 579,81 por tonelada. A produção mundial de soja deve ser menor nesta temporada 2019/2020, diante da forte quebra na safra dos Estados Unidos (colhida ainda em 2019) e da menor produção na Argentina e no Brasil em relação aos dados inicialmente estimados. Mesmo assim, a produção nacional é recorde. Segundo dados divulgados pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) no dia 9 de abril, a produção global da oleaginosa deve somar 338,1 milhões de toneladas nesta temporada, 5,7% inferior à anterior e o menor volume desde 2015/2016. Além de os Estados Unidos terem produzido apenas 96,84 milhões de toneladas, a menor produção das últimas seis safras, a Argentina deve registrar queda de 5,97% sobre a safra passada, estimada agora em 52 milhões de toneladas. Diante da menor produção, a relação estoque/consumo final mundial deve ser a menor das últimas três safras.

Os estoques norte-americanos devem somar 13,07 milhões de toneladas nesta temporada (que se encerra em agosto/2020), aumento de 13,1% em relação ao relatório passado, mas significativamente abaixo da temporada anterior (24,74 milhões de toneladas). No Brasil, o estoque final deve ser de 29,73 milhões de toneladas em setembro deste ano, forte redução de 10,5% sobre a estimativa anterior e o mais baixo das últimas quatro temporadas. Mesmo com a menor produção, o estoque da Argentina foi mantido pelo USDA em 27,89 milhões de toneladas (em março/2021), 3,46% inferior ao da temporada passada. O Brasil deve exportar 78,5 milhões de toneladas de soja em grão, um recorde caso se confirme. Os embarques norte-americanos foram previstos em 48,3 milhões de toneladas, 2,74% inferiores ao previsto no relatório passado. A China deve importar 89 milhões de toneladas 1,1% acima do estimado no mês passado.

A União Europeia deve importar 0,7% a menos do que o previsto em março. Há expectativas de que os Estados Unidos e o Brasil absorvam maior parcela nas transações internacionais de farelo e óleo de soja, diante da menor oferta na Argentina, principal exportador mundial desses derivados. O esmagamento de soja nos Estados Unidos deve somar 57,83 milhões de toneladas (+0,95%). No Brasil, o esmagamento deve ser recorde, a 44,25 milhões de toneladas (+1,1%). Na Argentina, entretanto, o esmagamento deve somar 41,6 milhões de toneladas, 4,6% inferior ao estimado no relatório passado. Diante da pandemia do coronavírus, o consumo de óleo de soja para a produção de biodiesel segue reduzido. Consumidores de farelo de soja, por sua vez, analisam reduzir o consumo de ração animal. Inclusive, o USDA indica redução de 0,22% nas transações globais de farelo e de 0,5% nas de óleo. Os consumos globais de farelo e óleo de soja também devem ceder 0,09% e 1,6%, respectivamente. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.