ANÁLISES

AGRO


SOJA


MILHO


ARROZ


ALGODÃO


TRIGO


FEIJÃO


CANA


CAFÉ


CARNES


FLV


INSUMOS

20/Abr/2020

Dólar consolida competitividade da soja brasileira

A competitividade da soja brasileira é destaque e o mercado nacional registra bons negócios e preços. Os preços da soja em Reais seguem em níveis historicamente altos. A motivação maior vem do câmbio e assim deve permanecer. A demanda de importadores está concentrada no Brasil, principalmente da China, o que justifica, portanto que o percentual de comercialização da safra 2018/2019 já alcance os 80%, contra 60% de média dos últimos anos, e históricos 35% para a safra 2020/2021, enquanto a média para este período é de 15%. Uma série de fatores se alinham neste momento para criar o atual cenário para a soja nacional, que atualmente é a mais competitiva do mundo. Entre eles estão o dólar, a demanda forte diante da necessidade crescente entre os consumidores e a qualidade. O Brasil está exportando muita soja e é protagonista não só na produção, mas também nas exportações e nas negociações futuras. O dólar deu muitas oportunidades e o produtor aproveitou. A soja brasileira é a mais competitiva do mundo tanto em qualidade, com o teor de óleo e proteína, quanto em sustentabilidade ambiental.

Como explica Carlos Cogo, diretor da Cogo Inteligência em Agronegócio, o Real é a moeda que mais se desvalorizou frente ao dólar e esse ainda é o principal pilar de suporte e estímulo das cotações da soja no mercado brasileiro. Somente na semana passada, a divisa norte-americana subiu 2,9% e fechou com R$ 5,2359. Ao observar o acumulado de 2020, a alta já é de 30,48%. De 16 semanas do ano, o dólar subiu em 14 delas. Assim, as perdas na Bolsa de Chicago, que somente na semana passada foram de 3% entre os principais contratos, acabaram neutralizadas pelo câmbio. O Brasil está entrando agora num período onde a doença ganha proporções maiores e as infecções aumentam de forma exponencial. Infelizmente, a atual realidade econômica brasileira não proporciona um horizonte seguro para a manutenção de sua estrutura financeira. Há possibilidade de o dólar atingir novos recordes frente ao Real, buscando os patamares de R$ 5,50 a R$5,70 nas próximas semanas.

A soja com referência junho/2020 no Porto de Paranaguá (PR) tem indicativo de US$ 335,30 por tonelada, enquanto a mesma referência no Golfo dos Estados Unidos é de US$ 337,50 por tonelada. Dessa forma, ainda como explica o executivo da Cogo Inteligência em Agronegócio, as baixas acumuladas pela soja na Bolsa de Chicago passam de 5%, enquanto a referência para a oleaginosa no Porto de Paranaguá (PR) tem um ganho de pouco mais de 15%. E complementa dizendo que além de todos estes fatores, a logística nacional operando normalmente também favorece os bons negócios no Brasil, o que pode, inclusive, trazer uma surpresa para os números dos embarques de soja agora em abril. O recorde está garantido e o número pode ser maior do que acreditamos que possa ser e pode bater os 15 ou 16 milhões de toneladas. Todo esforço está em cima da soja, e o caminhoneiro ainda encontra frete de retorno porque está internalizando fertilizantes.

Então, a situação é favorável, os portos estão funcionando, os portos de recepção, no caso os chineses e do Oriente Médio, estão recebendo. Na demanda interna, apesar do consumo interno menor de proteínas, a força também é mantida diante de boas exportações de carnes suína, de frango e bovina. As indústrias sofrem com alguma preocupação sobre a necessidade do fechamento de plantas, mas enxergam a força das vendas internas e seguem demandando não só farelo de soja, como milho também. Todo este bom momento da soja brasileira é mais um fator de pressão sobre os futuros da oleaginosa negociadas na Bolsa de Chicago. A ausência da demanda pesa severamente sobre o mercado norte-americano e já traz prejuízos severos aos produtores dos Estados Unidos. O movimento se iniciou com a guerra comercial entre China e Estados Unidos, que foi iniciada no meio de 2018, e que afastou a nação asiática da soja norte-americana. Hoje, apesar de algum acordo alcançado entre os dois países, a China segue comprando soja onde é mais barato, como já havia adiantado que faria.

A notícia maior de demanda do lado da soja nos Estados Unidos é de exportação e não demanda interna. Com o Real fraco frente ao dólar e também o volume de soja que o Brasil tem, as exportações brasileiras estão tomando espaço no mercado internacional e as norte-americanas, sofrendo mais um pouco. As exportações de soja dos Estados Unidos deverão ganhar mais espaço no segundo semestre. A razão para isso é bastante simples. Ao observar o acordo firmado no começo de janeiro, a China afirmou que queria comprar dos Estados Unidos, mas daria preferência para quem tivesse o preço mais competitivo. Neste quadro, o mais sensato é olhar para o padrão de exportações antes da guerra comercial. E ao se observar esse padrão, sempre foi bem determinado que o período pós-safra de cada país tinha a soja mais competitiva, sendo o Brasil no primeiro semestre do ano e os Estados Unidos, no segundo semestre. Assim, é plausível que as exportações dos Estados Unidos ganhem mais força no último trimestre de 2020 e primeiro trimestre de 2021, porque esse é o padrão histórico dos dois países.

Todavia, caso estas compras não comecem a acontecer efetivamente, os preços da soja na Bolsa de Chicago podem vir a registrar valores ainda mais baixos. E tudo isso se desenha com mais intensidade no início da nova safra de grãos dos Estados Unidos. Os produtores norte-americanos já deram início aos seus trabalhos de campo em algumas regiões do país, principalmente com o milho nas áreas do Delta do Mississipi. De acordo com os últimos números do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) são 3% da área do cereal já semeada, contra o mesmo índice em 2019 e 4% da média dos últimos cinco anos. No entanto, é possível observar que em muitas regiões os produtores optam por esperar condições um pouco mais favoráveis para darem continuidade a suas atividades. Fonte: Notícias Agrícolas. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.