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14/Abr/2020

Tendência é altista para o preço da soja no Brasil

A tendência é altista para os preços da soja no mercado brasileiro, com dólar em patamares elevados, prêmios mais elevados nos portos brasileiros, exportações em ritmo muito aquecido, com parcela expressiva da safra atual já comercializada pelos produtores. Os preços de soja seguiram em alta no mercado brasileiro, mesmo com as quedas externa e cambial. O movimento de elevação se deve ao bom volume já vendido das temporadas 2019/2020 e 2020/2021. As quantidades comercializadas de ambas as safras são recordes, quando considerado esse mesmo período de temporadas anteriores. O fato é que o produtor nacional se capitalizou logo no início desta safra e, agora, não mostra preocupações em negociar grandes lotes. Até porque, com o dólar acima de R$ 5,00, as commodities brasileiras continuam atrativas aos importadores. A China – principal importadora mundial da oleaginosa – deve seguir com a demanda aquecida. Com as atividades econômicas voltando ao normal na China, certamente o consumo de alimentos deve crescer, necessitando de aquisições rápidas.

Em março/2020, o Brasil enviou 8,81 milhões de toneladas de soja à China, um recorde para um mês de março. Outro fator que deu sustentação aos valores da oleaginosa brasileira foi a quebra de safra na Argentina – terceiro maior produtor de soja. A Bolsa de Buenos Aires reduziu a estimativa de produção de soja do país vizinho em 4,8%, prevista agora em 49,5 milhões de toneladas, a menor desde a temporada 2017/2018. Atentos ao atual cenário, as indústrias estão otimistas quanto às exportações de farelo e óleo de soja, na expectativa de absorver maior parcela das transações internacionais desses subprodutos. Há indústrias, inclusive, optando por não ofertar volumes no mercado doméstico, diante dos preços externos mais atrativos. O lado menos preocupante aos compradores internos é que a necessidade de adquirir lotes para curto prazo também está menor, diante da redução na demanda, especialmente por parte de avicultores e suinocultores, que também estão evitando formar grandes estoques.

Esse cenário reduziu a liquidez de farelo no mercado brasileiro. A comercialização de óleo de soja também segue enfraquecida, devido à menor demanda para a produção de biodiesel. Com a desvalorização mundial do petróleo, no Brasil, há incertezas sobre o que poderá acontecer com parâmetros de preços em novos leilões da ANP (Agência Nacional do Petróleo) para atendimento da demanda interna de biodiesel, em que o óleo de soja é a principal matéria-prima. Por outro lado, a demanda externa segue elevada. Vale considerar que havia um leilão que seria realizado no dia 4 de abril, mas que foi cancelado e uma nova data foi definida. O leilão tem por objetivo a aquisição de biodiesel por parte de refinarias e importadores de óleo diesel para atendimento ao percentual mínimo obrigatório de adição de biodiesel ao óleo diesel de 12% a partir de 1º de maio de 2020, e para fins de uso voluntário, a ser entregue pelas unidades produtoras de biodiesel, ou seja, fornecedores.

Nos últimos sete dias, o Indicador ESALQ/BM&F da soja em Paranaguá (PR) subiu 0,1%, para R$ 101,16 por saca de 60 Kg. Mesmo em patamares elevados, os valores no spot estão abaixo dos ofertados para os próximos meses, cenário que reduz a liquidez no spot e eleva o interesse para negócios a termo. Com base em Paranaguá, a paridade indica preço de soja a R$ 105,13 por saca de 60 Kg para maio, a R$ 106,63 por saca de 60 Kg para junho, a R$ 107,88 por saca de 60 Kg para julho e a R$ 108,87 por saca de 60 Kg para agosto. Para fevereiro e março de 2021, a paridade de exportação indica preços a R$ 103,13 e a R$ 101,48 por saca de 60 Kg, respectivamente, considerando-se o dólar futuro negociado na B3. O Indicador CEPEA/ESALQ Paraná avançou 0,2% nos últimos sete dias, para R$ 94,21 por saca de 60 Kg. Na média das regiões, as cotações da soja subiram 0,5% no mercado de balcão (preço pago ao produtor) e 0,3% no de lotes (negociações entre empresas).

Entre os derivados, na média das regiões, as cotações de farelo de soja recuaram 1,8% em sete dias. Em São Paulo, o preço do óleo de soja (com 12% de ICMS incluso) cedeu 0,1% nos últimos sete dias, com preço médio a R$ 3.409,12/tonelada. Nos Estados Unidos, por sua vez, os preços de soja e farelo recuaram, pressionados pela baixa demanda externa e por estoques elevados. Os preços do óleo, entretanto, subiram após as recentes quedas, mas ainda está nos menores patamares desde setembro/2015, em termos nominais. Agora, as atenções se voltam à produção de soja no país norte-americano, que deve iniciar o cultivo da oleaginosa nas próximas semanas. Na Bolsa de Chicago, o primeiro vencimento da soja (Maio/2020) se desvalorizou 0,5% em sete dias, para US$ 8,54/bushel. O contrato de mesmo vencimento do farelo de soja cedeu 5,3%, US$ 322,75/tonelada. Já para o óleo de soja, o contrato Maio/2020 subiu 3,6% no mesmo comparativo, para US$ 599,21 a tonelada. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.