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06/Abr/2020

Tendência é altista para o preço da soja no Brasil

A tendência é de alta para os preços da soja no mercado brasileiro, com dólar em patamares recordes, acima de R$ 5,30, forte aumento das exportações do grão, farelo e óleo em março, prêmios mais firmes nos portos brasileiros e demanda interna aquecida. Em meio à pandemia de coronavírus, o dólar se mantém em patamar recorde, operando acima de R$ 5,00 desde o dia 16 de março. Esse cenário, que eleva a atratividade de commodities brasileiras, e a paralisação dos trabalhos em portos da Argentina, concorrente do País nas exportações de soja e derivados, intensificaram o ritmo dos embarques nacionais do grão. Assim, atentos ao produto barato e abundante, novos compradores internacionais direcionaram suas aquisições ao Brasil. Como consequência, a soja em grão tem sido negociada acima de R$ 100,00 por saca de 60 Kg no Porto de Paranaguá (PR) desde o início da semana passada, recorde nominal da série histórica, iniciada em 2006.

Em março, os embarques de soja em grão totalizaram 11,6 milhões de toneladas, mais que o dobro do escoado em fevereiro e apenas abaixo do volume recorde de maio/2018, quando, vale lembrar, a disputa comercial entre Estados Unidos e China estava acirrada. No primeiro trimestre de 2020, as vendas de soja somam 18,25 milhões de toneladas, 12,3% acima das registradas no mesmo período de 2019. De farelo de soja, o Brasil enviou ao exterior 1,56 milhão de toneladas em março, mais que o dobro do volume exportado em fevereiro e 8,9% a mais que o escoado no mesmo período de 2019. No acumulado do primeiro trimestre de 2020, no entanto, os embarques de farelo estão 5,3% inferiores aos do mesmo período do ano passado. De óleo de soja, as exportações somaram 102,4 mil toneladas no mês passado, o maior volume registrado desde julho de 2019, 70% acima do de fevereiro e 31,2% superior ao de março de 2019. No primeiro trimestre de 2020, o Brasil já exportou 175,38 mil toneladas de óleo de soja, 14,8% a mais que no mesmo período de 2019. Vale ressaltar que a China e os Estados Unidos fizeram um acordo comercial no início deste ano, no qual o país asiático deve adquirir mais de US$ 50 bilhões em produtos norte-americanos neste e no próximo ano.

Esse cenário, por sua vez, pode enfraquecer as exportações do Brasil para a China no segundo semestre de 2020, período em que a safra norte-americana entra no mercado. No Brasil, apesar dos patamares nominais recordes, boa parte da safra já foi negociada antecipadamente. Alguns produtores, agora, estão negociando volumes para serem entregues no segundo semestre deste ano e, também, parte da safra 2020/2021, com entrega prevista para o primeiro semestre de 2021. Neste caso, os vendedores conseguem aproveitar os altos patamares da paridade de exportação. Com base no Porto de Paranaguá (PR), a paridade indica preço de soja a R$ 106,98 por saca de 60 Kg para maio, a R$ 107,83 por saca de 60 Kg para junho, a R$ 108,44 por saca de 60 Kg para julho e a R$ 110,72 por saca de 60 Kg para agosto. Para fevereiro de 2021, a paridade de exportação indica preços a R$ 105,49 por saca de 60 Kg, considerando-se o dólar futuro negociado na B3. Assim, os produtores começam a ficar mais reticentes em negociar lotes grandes, especialmente com entrega no curto prazo, na expectativa de valores ainda maiores. Por outro lado, há dificuldades na contratação de frete para a realização de entregas.

Nos últimos sete dias, o Indicador da soja Paranaguá ESALQ/BM&F, referente ao grão depositado no corredor de exportação e negociado na modalidade spot (pronta entrega), no Porto de Paranaguá, apresenta alta de 2,6%, cotado a R$ 101,14 por saca de 60 Kg. No acumulado de março, a alta foi de 12,6%. Quando considerada a média do mês, verificam-se avanços de 8,4% sobre fevereiro e de 21,3% sobre março de 2019. A média ponderada da soja no Paraná, refletida no Indicador CEPEA/ESALQ registra avanço de 2,1% nos últimos sete dias, a R$ 94,04 por saca de 60 Kg. Em março, esse Indicador registrou alta acumulada de 13,2%, com média de R$ 93,92 por saca de 60 Kg, 8,3% superior à de fevereiro e expressivos 20,8% acima da de março do ano passado. Em termos reais (valores deflacionados pelo IGP-DI de fevereiro/2020), os preços de ambos os Indicadores são os maiores desde outubro de 2018. O dólar chegou a R$ 5,32 no dia 3 de abril, recorde nominal.

A média do dólar em março, de R$ 4,90, foi 12,7% superior à de fevereiro e 27,3% acima da de março/2019. Nos últimos sete dias, as cotações da soja registram alta de 1,2% no mercado de balcão (preço pago ao produtor) e de 2% no mercado de lotes (negociações entre empresas). Entre as médias de fevereiro e março, os aumentos foram de 6,1% e de 6,3% para os respectivos mercados. A alta no preço do grão dificulta as aquisições das indústrias brasileiras, mas muitas seguem ativas nas compras. As cotações de farelo de soja registram alta de 1,7% nos últimos sete dias. Considerando-se as médias mensais, os avanços foram de 9,7% no mês e de quase 24% no ano. A demanda por óleo de soja começa a se enfraquecer, especialmente pelo segmento de biodiesel. O óleo de soja (posto em São Paulo com 12% de ICMS) apresenta baixa de 2,7% nos últimos sete dias, com preço médio de R$ 3.413,97 por tonelada. Entre fevereiro e março, o preço do óleo de soja recuou 0,6%. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.