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23/Mar/2020

Tendência é altista para o preço da soja no Brasil

A tendência é altista para os preços da soja no Brasil, com o dólar subindo para o patamar ao redor dos R$ 5 e mais do que compensando os recuos acumulados das cotações futuras em Chicago nas últimas semanas e a elevação dos prêmios nos portos brasileiros, com a demanda muita aquecida para exportações. Em Chicago, após uma sequência de baixas, as cotações futuras voltaram a subir na sexta-feira (20/03), com as perspectivas de uma melhor demanda nos Estados Unidos por soja em grão e derivados. A Argentina está ausente do mercado, com dificuldades de embarques nos portos do país e com a alta das “retenciones” sobre as exportações de soja. A disputa pelo produto brasileiro entre compradores domésticos e externos está mais acirrada, cenário que elevou os prêmios de exportação de soja no Brasil. A queda dos valores externos e a sinalização de paralisação de embarques argentinos também impulsionaram os valores dos prêmios.

O dólar elevado favorece as exportações brasileiras – a moeda norte-americana se valorizou expressivos 5,8% em uma semana. Acrescenta-se a esse cenário o fato de que indústrias processadoras sinalizam ter baixo estoque do grão, tendo necessidade de adquirir novos lotes em curto prazo, inclusive com preocupação de que o ritmo de exportação possa ganhar fôlego nos próximos meses, reduzindo a disponibilidade interna. Alguns vendedores já estão ofertando lotes de soja acima de R$ 100,00 por saca de 60 Kg nos portos brasileiros, o que tem feito com que a indústria eleve sua opção de compra, na tentativa de garantir novos lotes. Ressalta-se que 60% da safra 2019/2020, que ainda está sendo colhida no Brasil, já foi comercializada. As vendas da safra 2020/2021 também já estão adiantadas em relação às temporadas anteriores.

O prêmio de exportação de soja em grão, base Paranaguá (PR), com embarque em abril/2020, está cotado a +US$ 0,60/bushel, acima dos US$ 0,52/bushel ofertados na semana anterior. A paridade de exportação indica preços acima de R$ 100,00 por saca de 60 Kg de abril a maio de 2020. Para 2021, a paridade de exportação indica preços a R$ 99,86 para fevereiro e de R$ 98,63 para março, considerando-se o dólar futuro negociado na B3. No mercado spot, nos últimos set dias, os Indicadores ESALQ/BM&F da soja Paranaguá (PR) e CEPEA/ESALQ Paraná subiram 2,8% e 3,8%, com respectivos fechamentos a R$ 95,84 por saca de 60 Kg e a R$ 89,82 por saca de 60 Kg. Na média das regiões, as cotações da soja subiram 1,6% no mercado de balcão (preço pago ao produtor) e 2,7% no de lotes (negociações entre empresas). O ritmo de negociação no spot só não está mais intenso devido às dificuldades logísticas nos portos e à baixa oferta de caminhão no País.

Os preços de farelo e óleo de soja seguem em forte elevação no mercado brasileiro, impulsionados pelo repasse do alto valor da matéria-prima. Com isso, na parcial de março, os preços de farelo registraram os maiores patamares desde setembro/2018, em termos reais (IGP-DI de fevereiro/2020), nas regiões de Campinas (SP), Mogiana (SP), Passo Fundo (RS), Ponta Grossa (PR), Rio Verde (GO), Rondonópolis (MT) e Triângulo Mineiro. Nos últimos sete dias, os preços de farelo de soja subiram expressivos 9,1% na média das regiões. Para o óleo de soja, na cidade de São Paulo (com 12% de ICMS incluso), houve alta de 7,2%, com preço médio a R$ 3.616,67/tonelada. A negociação doméstica deste subproduto também esteve menor, uma vez que as indústrias têm mostrado maior interesse em exportar ao vender no mercado interno.

Nos Estados Unidos, os preços futuros foram pressionados pelos altos estoques. No entanto, o movimento de queda foi limitado pelas expectativas de que a China volte a comprar novos lotes dos Estados Unidos, com o objetivo de cumprir a primeira fase do acordo comercial com o governo norte-americano. O contrato Maio/2020 da soja cedeu 1,7% em sete dias, para US$ 8,62 por bushel. O contrato Maio/2020 do óleo de soja registrou queda de 3,4% em sete dias, para US$ 561,73 a tonelada. O contrato Maio/2020 do farelo de soja, por sua vez, teve forte aumento de 4,0%, para US$ 347,00 a tonelada. Essa alta para o farelo esteve atrelada às expectativas de maior demanda externa pelo derivado, uma vez que rumores indicam que alguns portos da Argentina vão suspender as atividades como forma de precaução ao avanço do Covid-19. Vale lembrar que a Argentina é a principal abastecedora global de farelo e óleo de soja. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.