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16/Mar/2020

Tendência é de alta da soja com o recorde do dólar

Ao contrário dos preços em Chicago, em queda livre, a tendência é de alta das cotações da soja no mercado brasileiro, com a disparada do dólar. O dólar fechou em forte alta na sexta-feira (13/03), cravando novo recorde histórico para um término de sessão acima de R$ 4,81, acompanhando mais um dia de fortalecimento da moeda no exterior depois de os Estados Unidos declararem emergência nacional por causa do coronavírus. A valorização representou uma sensível virada em relação ao movimento do começo do pregão, quando a divisa chegou a cair quase 3%, em ajuste inicial depois de na véspera chegar a superar a barreira psicológica dos R$ 5 pela primeira vez. No fechamento do mercado interbancário, o dólar subiu 0,57%, para R$ 4,8128, nova máxima recorde. Na máxima, a moeda foi a R$ 4,882. Na semana, o dólar saltou 3,85%, a quarta consecutiva de ganhos e mais forte para uma semana desde novembro de 2019.

Em março, a moeda ganha 7,40% e dispara 19,93% no acumulado de 2020. O Real tem o segundo pior desempenho global neste ano, melhor apenas que o peso colombiano, que perde 18,3%. Com o clima favorável em praticamente todas as regiões produtoras, a colheita de soja segue para a reta final em algumas localidades do Brasil. A produtividade média está elevada. Ainda assim, os preços continuam em alta, impulsionados pela valorização do dólar e pela firme demanda externa. Em Goiás, a colheita está sendo finalizada, com cerca de 80% da área já colhida. Em Mato Grosso do Sul, a colheita passa de 70% e, em São Paulo, de 60%. Os produtores de São Paulo, que temiam por qualidade ruim no início da colheita, relatam que a produtividade está acima de 70 sacas de 60 Kg por hectare. Os produtores de minas Gerais indicam que os trabalhos de campo foram interrompidos pelo elevado volume de chuva em fevereiro, mas a produtividade está acima das expectativas. No Estado, 50% da área de soja foi colhida.

Em Mato Grosso do Sul, o ritmo de colheita também é intenso, com 80% da área com soja já colhida até a semana passada. Em Mato Grosso, agentes sinalizam que são poucos os produtores que ainda têm área de soja para colher e muitos confirmam produção recorde. Até o dia 6 de março, 91,4% da área com soja já havia sido colhida no Estado. Do total da safra 2019/2020, 75,5% havia sido comercializado até o dia 9 de março, contra 61,3% no mesmo período da temporada passada. Da safra 2020/2021, 20,3% haviam sido negociados, significativamente acima dos 2,45% registrados no mesmo período de 2019. No Paraná, agentes relatam que cerca de 80% da área de soja foi colhida, sendo que as atividades devem ser encerradas em breve no oeste e norte do Estado. Apenas nas regiões dos Campos Gerais e sudoeste do Paraná que os trabalhos estão menos intensos, o que é comum. 99% da área de soja foi colhida em Campo Mourão, 97% em Cascavel, 99% em Toledo e 93% em Maringá. Na média do Estado, 68% da área semeada com soja já havia sido colhida até o dia 9 de março.

Na Bahia e no Maranhão, os trabalhos de campo começam a avançar, visto que o clima está favorável. No Rio Grande do Sul e em Santa Catarina, a produtividade está abaixo da esperada no início da temporada. O clima prejudicou o período de desenvolvimento do grão. 30% da área com soja foi colhida até a semana passada em ambos os Estados. Nos últimos sete dias, o Indicador da soja Paranaguá ESALQ/BM&F, referente ao grão depositado no corredor de exportação e negociado na modalidade spot (pronta entrega), no Porto de Paranaguá, apresenta alta de 0,9%, cotado a R$ 93,23 por saca de 60 Kg. A média ponderada da soja no Paraná, refletida no Indicador CEPEA/ESALQ registra avanço de 0,3% nos últimos sete dias, a R$ 86,53 por saca de 60 Kg. Nos últimos sete dias, as cotações da soja registram alta de 1,3% no mercado de balcão (preço pago ao produtor) e de 1,1% no de lotes (negociações entre empresas).

O dólar em alta e atingindo recordes nominais segue favorecendo as exportações brasileiras. Com isso, os portos brasileiros já estão praticamente tomados com soja para embarcar até maio, sendo que poucas tradings têm negociado lotes para abril e maio. Parte delas negocia contratos para o segundo semestre deste ano. O ritmo de negociação da safra 2020/2021 também segue acelerado, especialmente com embarques de março a maio de 2021. Considerando-se o dólar futuro negociado na B3, a paridade de exportação indica preços acima de R$ 96,00 por saca de 60 Kg para abril/2020 e maio/2020, R$ 98,20 por saca de 60 Kg para junho e R$ 99,11 por saca de 60 Kg para julho. Para abril do próximo ano, a paridade de exportação indica preços a R$ 97,82 por saca de 60 Kg de 60 Kg no Porto de Paranaguá (PR). O movimento de alta no mercado doméstico nos últimos sete dias é limitado pela forte queda nos contratos futuros negociados na Bolsa de Chicago. Essa queda esteve atrelada às expectativas de menor demanda por óleo de soja para a produção de biodiesel e às inseguranças quanto ao coronavírus.

O contrato Março/2020 da soja registra recuo de 3,8% nos últimos sete dias, cotado a US$ 8,55 por bushel. O farelo de soja apresenta queda de 0,6% para o contrato de mesmo vencimento, indo para US$ 329,15 por tonelada. O contrato Março/2020 do óleo de soja, por sua vez, registra expressiva desvalorização de 10,1% nos últimos sete dias, cotado a US$ 576,50 por tonelada, o menor valor nominal desde 22 de setembro de 2015. O relatório de oferta e demanda do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), divulgado no dia 9 de março, ajustou a estimava de produção de soja no Brasil, prevista agora em 126 milhões de toneladas, um recorde no comparativo global. As exportações também seguem em alta, estimadas em 77 milhões de toneladas. A produção na Argentina também foi revisada, projetada em 54 milhões de toneladas, 1,89% acima da esperada até o mês passado. O esmagamento, no entanto, foi revisado negativamente, em 0,91% frente ao relatório passado, para 43,6 milhões de toneladas. Consequente, as exportações de farelo foram estimadas em 30 milhões de toneladas e as de óleo, em 5,8 milhões de toneladas, respectivas quedas de 2,76% e de 3,33% se comparado ao relatório anterior. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.