ANÁLISES

AGRO


SOJA


MILHO


ARROZ


ALGODÃO


TRIGO


FEIJÃO


CANA


CAFÉ


CARNES


FLV


INSUMOS

10/Mar/2020

Futuros de soja em baixa com a aversão ao risco

Os contratos futuros de soja na Bolsa de Chicago fecharam em baixa de mais de 2% nesta segunda-feira (09/03), pressionados pela forte queda do petróleo e pela aversão ao risco nos mercados. O vencimento maio recuou 21,25 cents (2,38%) e fechou a US$ 8,70 por bushel. A principal influência baixista foi a guerra de preços no mercado de petróleo. A Arábia Saudita resolveu reduzir o valor da commodity e expandir sua produção, abrindo uma guerra de preços que visa atingir, sobretudo, a Rússia, que se opôs ao acordo proposto pela Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+) sobre cortes na produção na semana passada. Há pouco, o petróleo caía mais de 20% nas bolsas de Nova York e Londres. A disputa no setor de petróleo pesa mais sobre commodities que têm parte da produção destinada à produção de biocombustíveis. Essa 'guerra energética' é prejudicial para o setor biocombustíveis como um todo, que é um mercado correlacionado com o petróleo.

No caso dos grãos e derivados, o impacto negativo recai sobre o milho, que tem parte da safra consumida na produção de etanol, e sobre soja e óleo de soja, que são utilizados na fabricação de biodiesel. A queda dos preços dos grãos resultou de um movimento inicial de fuga de ativos mais arriscados após o movimento da Arábia Saudita. Para os grãos, essa grande queda é momentânea, porque é a primeira reação ao recuo do petróleo com aversão ao risco. Os investidores estão fugindo das commodities em geral. A duração do impacto vai depender de a Arábia Saudita chegar ou não a um acordo com a Rússia, e a semana tende a ser tensa nos mercados em geral. Outro fator que pesa sobre a soja na Bolsa de Chicago é o estímulo das altas do dólar ante o Real para venda da oleaginosa brasileira. O Real está em forte queda, a exemplo do que já vinha ocorrendo na semana passada. O recuo dos preços de petróleo aumenta as preocupações sobre a perspectiva de crescimento econômico global, que já vinha sendo afetada pela epidemia de coronavírus, e levanta especulações sobre uma possível recessão.

O risco é de que isso acabe levando fundos que investem em commodities agrícolas como grãos a liquidar suas apostas na alta das cotações. O problema é que fundos de índice estão comprados só em commodities agrícolas em 1,391 milhão de lotes. Em grãos, soja e derivados de soja, estão comprados em 865 mil lotes. Porém, uma liquidação só deve acontecer em caso de risco de recessão mundial. Vai depender da perspectiva e do medo do mercado. A queda do mercado acionário, por enquanto, não é tão grande quanto em 2008. De acordo com o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), o volume semanal de soja inspecionado para exportação nos Estados Unidos foi de 572.416 toneladas, baixa de 14,8% ante a semana anterior. Os embarques de soja para a China totalizaram 139.721 toneladas, aproximadamente 25% do total de inspeções de soja. Os investidores aguardam ainda o relatório de oferta e demanda que o USDA divulgará nesta terça-feira (10/03).