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09/Mar/2020

Tendência é de alta com dólar em patamar recorde

A tendência é altista para os preços da soja no mercado brasileiro, com a forte escalada do dólar superando as perdas das cotações futuras em Chicago. Há boa demanda pela soja brasileira, fraca demanda pela soja dos Estados Unidos e a Argentina está com exportações praticamente paralisadas, após o aumento das “retenciones” para 33%. O dólar em patamar recorde segue elevando os preços da soja no mercado brasileiro, à medida que torna o grão mais atrativo aos importadores. Nos últimos sete dias, o Indicador da soja Paranaguá ESALQ/BM&F, referente ao grão depositado no corredor de exportação e negociado na modalidade spot (pronta entrega), no Porto de Paranaguá, apresenta alta 4,0%, cotado a R$ 92,37 por saca de 60 Kg. A média ponderada da soja no Paraná, refletida no Indicador CEPEA/ESALQ registra avanço de 4,4% nos últimos sete dias, a R$ 86,30 por saca de 60 Kg. Estes são os maiores patamares nominais desde o início de outubro de 2018.

Nos últimos sete dias, as cotações da soja registram alta de 3,1% no mercado de balcão (preço pago ao produtor) e de 3% no mercado de lotes (negociações entre empresas). Apesar das altas, parte dos produtores esteve focada na colheita da oleaginosa, preferindo aguardar novas valorizações para negociar maiores volumes. A paridade de exportação no Porto de Paranaguá (PR) indica preços acima de R$ 96,00 por saca de 60 Kg para abril e maio e acima de R$ 98,00 por saca de 60 Kg para junho e julho deste ano. Inclusive, para março/2021, a paridade de exportação indica preço a R$ 98,74 por saca de 60 Kg, cenário que tem elevado a liquidez com entrega no próximo ano. A cautela dos vendedores está fundamentada também na possível redução da oferta do complexo soja da Argentina no mercado internacional, que pode favorecer as vendas brasileiras. O aumento da taxa sobre as exportações (“retenciones”) de soja e derivados foi oficializado e já entrou no dia 5 de março. A alíquota passou de 30% para 33%.

As taxas argentinas são diferentes entre o porte de produtores. Os pequenos produtores (com produção de até 500 toneladas) pagam impostos de 24% a 30%, enquanto os médios (com produção de até 1 mil toneladas), de 30% sobre suas exportações. Como a Argentina é a principal exportadora mundial de farelo e óleo de soja, o aumento no tributo desse país pode levar os consumidores internacionais a adquirir maiores volumes do Brasil e dos Estados Unidos. Em fevereiro, a demanda externa pelo óleo de soja brasileiro já cresceu. Segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), o Brasil embarcou 60,35 mil toneladas de óleo de soja no mês passado, cinco vezes mais que em janeiro e 64,7% acima do volume de fevereiro/2019. Por outro lado, a demanda doméstica está enfraquecida. A maior parte das indústrias de biodiesel possui estoques até abril, enquanto a procura pelo setor alimentício ainda está baixa. Esse cenário tem pressionado o valor do óleo de soja.

O óleo de soja (posto em São Paulo com 12% de ICMS) está cotado a R$ 3.444,52 por tonelada, queda de 3,8% nos últimos sete dias. A demanda externa por farelo de soja, por sua vez, não está crescendo na mesma proporção da procura internacional por óleo. De farelo de soja, o Brasil exportou 27,1% a menos em fevereiro/2020, frente ao volume de janeiro e de 15,3% no comparativo com fevereiro/2019. Vale ressaltar, no entanto, que o valor obtido com as vendas de farelo de soja aumentou 7,3% na comparação mensal e 11,9% na anual, favorecido pela valorização cambial. Os lotes de farelo de soja ofertados para o mercado doméstico estão com preços maiores, diante do alto valor da matéria-prima. Nos últimos sete dias, as cotações do farelo de soja apresentam valorização de 1,6%. Essa alta só não foi mais intensa porque uma parte do setor de proteína animal não está adquirindo grandes lotes, indicando ter estoques para até o final de março.

Quanto ao grão, as exportações somaram 5,115 milhões de toneladas em fevereiro, um salto sobre o volume embarcado em janeiro (1,48 milhão de toneladas), mas 6,7% abaixo do de fevereiro/2019. Do total exportado em fevereiro, 72% tiveram como destino a China, mas o país asiático adquiriu 20,5% menos soja brasileira frente ao mesmo mês de 2019. As exportações do complexo soja também ganharam força nos Estados Unidos. Além disso, agentes norte-americanos têm expectativas de ficar com fatia do mercado argentino e aguardam maior exportação para China, diante do acordo comercial entre os dois países. A demanda doméstica por óleo de soja também segue crescente nos Estados Unidos, especialmente para a produção de biodiesel. Assim, na Bolsa de Chicago, o contrato Março/2020 da soja registra alta de 0,3% nos últimos sete dias, indo para US$ 8,89 por bushel. O óleo de soja apresenta valorização de 0,9% nos últimos sete dias, para US$ 641,54 por tonelada. Para o farelo de soja, há avanço de 0,1% no contrato de Março/2020 nos últimos sete dias, cotado a US$ 331,13 por tonelada. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.