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02/Mar/2020

Tendência é de preços firmes para a soja no Brasil

Mesmo diante do cenário global adverso com a crise do avanço do coronavírus, a tendência é de preços firmes para a soja no Brasil, com dólar em patamares recordes, bons volumes programados para exportação em março, prêmios positivos nos portos brasileiros e a Argentina fora do mercado, compensando a fraqueza dos futuros em Chicago. A colheita de uma safra recorde avança no Brasil, mas os preços domésticos seguem firmes. Os produtores estão cumprindo contratos, afastados de novos negócios. Esse cenário, atrelado às constantes valorizações do dólar e à decisão do governo da Argentina de suspender novos registros de exportação, tem sustentado os preços internos. Nos últimos sete dias, as cotações da soja registram alta de 0,6% nos mercados de balcão (preço pago ao produtor) e de lotes (negociações entre empresas).

Nos últimos sete dias, o Indicador da soja Paranaguá ESALQ/BM&F, referente ao grão depositado no corredor de exportação e negociado na modalidade spot (pronta entrega), no Porto de Paranaguá, se mantém praticamente estável, cotado a R$ 88,84 por saca de 60 Kg. A média ponderada da soja no Paraná, refletida no Indicador CEPEA/ESALQ também apresenta estabilidade, a R$ 82,68 por saca de 60 Kg. O dólar tem valorização de 1,9% nos últimos sete dias, 4,4% no mês de fevereiro e 9,2% em 2020. No caso dos derivados, o preço do óleo de soja (posto em São Paulo com 12% de ICMS), registra avanço de 1,3% nos últimos sete dias, a R$ 3.580,65 por tonelada. Contudo, o produto registra desvalorizações de 0,5% em fevereiro e de 3,4% na parcial deste ano. As cotações do farelo de soja acumulam alta de 1,6% nos últimos sete dias. No mês de fevereiro, o aumento foi de 2,3% e no ano, de 0,1%.

A decisão do governo argentino, por sua vez, tende a manter os preços brasileiros firmes, tendo em vista que pode deslocar compradores externos do grão e, especialmente, dos derivados para o Brasil e os Estados Unidos. Vale lembrar que a Argentina é o maior exportador de farelo e de óleo de soja do mundo. A suspensão dos novos registros de exportação tem como objetivo evitar negócios antes do possível anúncio de elevação na tributação dessas vendas. Atualmente, os impostos argentinos (retenciones) são de 30% e serão elevadas para 33%. Reajustes no imposto devem reduzir a competitividade e a renda dos produtores na Argentina. Estimativas da Bolsa de Cereais de Buenos Aires apontam oferta de 54,5 milhões de toneladas nesta temporada, contra 53,0 milhões de toneladas na safra anterior. De imediato, o anúncio do governo argentino elevou os valores da soja e do farelo na Bolsa de Chicago.

No caso da soja, a alta nos valores, no entanto, não é suficiente para recuperar as perdas observadas na semana passada, que ainda estiveram relacionadas especialmente às preocupações com o coronavírus. No caso do óleo de soja, os valores estão sendo pressionados pela queda nos valores do petróleo. Assim, o contrato Março/2020 da soja registra recuo de 0,7% nos últimos sete dias, para US$ 8,86 por bushel. Mesmo assim, este contrato acumulou recuperação de 1,6% em fevereiro, mas perdas de 5,3% na parcial do ano. O óleo de soja apresenta desvalorização de 4,3% nos últimos sete dias, para US$ 635,59 por tonelada. O contrato recuou 3,7% no mês de fevereiro e 17,1% na parcial do ano. Para o farelo de soja, há alta de 1,4% do contrato Março/2020 nos últimos sete dias, para US$ US$ 327,27 por tonelada, contribuindo para alta de 2% no mês de fevereiro. Entretanto, o contrato registra queda de 2,6% na parcial do ano.

No geral, os valores na Bolsa de Chicago também estão sendo influenciados por dados divulgados pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) nos dias 20 e 21 de fevereiro. O governo norte-americano indicou crescimento de 11,7% na área com soja na safra 2020/2021, para 34,4 milhões de hectares, 3,6 milhões de hectares a mais que na temporada anterior. Com previsão de clima favorável para a temporada, a produtividade também deve se elevar, podendo resultar em oferta 18% maior, para pouco mais de 114 milhões de toneladas de soja. O USDA também prevê crescimento do esmagamento de soja nos Estados Unidos. Para o farelo e óleo de soja, há previsão de maior consumo interno. No caso das exportações, prevê-se também recuperação, mas limitada pela concorrência do produto da América do Sul. A previsão é de que os embarques da temporada 2020/2021 cheguem a 55,8 milhões de toneladas, contra 49,7 milhões de toneladas na temporada anterior. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.