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26/Fev/2020

Tendência de preços sustentados da soja no Brasil

Com o dólar no patamar recorde de R$ 4,40, a tendência é de preços sustentados para a soja no mercado interno, mesmo com a fraqueza dos futuros em Chicago e o recuo dos prêmios nos portos brasileiros. A colheita da soja avança, ao passo que as exportações apresentam menor ritmo. Ainda assim, os valores domésticos do grão e dos derivados registram pequenas altas. A sustentação vem do alto patamar do dólar, que eleva a paridade de exportação (em Reais). No mercado internacional, as primeiras estimativas sobre a safra 2020/2021 apontam recuperação da área com soja. No campo, o clima nas Regiões Sul e Centro-Oeste brasileiro permite que a colheita de soja e o plantio de milho ocorram de forma acelerada. Em algumas regiões de Mato Grosso e de Goiás, contudo, chuvas mais intensas preocupam os produtores que estão com as lavouras prontas para colheita.

No Paraná, 25% das lavouras já foram colhidas. Em Mato Grosso, os trabalhos de campo chegaram a 65% das lavouras. Em ambos os Estados, as atividades estão mais lentas que em 2019, quando, vale lembrar, a colheita foi bastante acelerada, devido ao semeio antecipado e ao clima favorável na fase final do ciclo das lavouras. Em Mato Grosso do Sul, a colheita chega a 20% da área com soja. No Rio Grande do Sul, apenas 1% das lavouras foram colhidas. Quanto às exportações, dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) mostram que, na primeira quinzena de fevereiro, foram exportadas 1,9 milhão de toneladas de soja, com média diária de 192,8 mil toneladas, bem abaixo da verificada no ano passado, de 263,4 mil toneladas por dia. Chuvas intensas nas regiões portuárias podem estar entre os motivos que dificultam os embarques do grão neste mês, mas agentes têm expectativas de que as exportações aumentem nos próximos dias, tendo em vista que dezenas de navios já estão ancorados (alguns, desde o início de fevereiro) e/ou programados para chegar aos portos nos próximos dias.

Nos últimos sete dias, o Indicador da soja Paranaguá ESALQ/BM&F, referente ao grão depositado no corredor de exportação e negociado na modalidade spot (pronta entrega), no Porto de Paranaguá, apresenta alta de 0,8%, cotado a R$ 89,06 por saca de 60 Kg. A média ponderada da soja no Paraná, refletida no Indicador CEPEA/ESALQ registra avanço de 0,9% nos últimos sete dias, a R$ 82,72 por saca de 60 Kg. Nos últimos sete dias, as cotações da oleaginosa registram alta de 1,2% no mercado de balcão (preço pago ao produtor) e de 0,8% no mercado de lotes (negociações entre empresas). Na Bolsa de Chicago, as cotações estão sendo pressionadas por notícias sobre o coronavírus (Covid-19) e preocupações com exportações norte-americanas, além do relatório do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) que indica aumento da área destinada à soja na temporada 2020/2021.

O contrato Março/2020 da soja registra queda de 0,4% nos últimos sete dias, a US$ 8,92 por bushel. O contrato de mesmo vencimento do óleo de soja apresenta queda de 2,0%, a US$ 664,03 por tonelada. O contrato Março/2020 do farelo de soja acumula valorização de 0,3% nos últimos sete dias, a US$ 322,86 por tonelada. Os prêmios de exportação de soja em grão por Paranaguá também estão recuando, com pressão maior sobre o embarque março/2020. O prêmio passou de +US$ 0,58 por bushel para +US$ 0,48 por bushel. Com isso, o valor FOB Paranaguá para o embarque março/2020 apresenta recuo de 1,9%, para US$ 348,16 por tonelada (US$ 20,89 por saca de 60 Kg). Vale considerar que os valores FOB para embarques em junho e julho estão cotados a US$ 21,19 por saca de 60 Kg.

Segundo dados divulgados pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), a área com soja nos Estados Unidos na safra 2020/2021 deve aumentar 11,7%, para 34,4 milhões de hectares, 3,6 milhões de hectares a mais que na temporada anterior. A produção de soja nos Estados Unidos deve somar 114,160 milhões de toneladas na temporada 2020/2021, aumento de 18% ante o total de 96,840 milhões de toneladas registrado no ano-safra anterior. Para o milho, a estimativa é de aumento de 4,8%, para 38,0 milhões de hectares, 1,7 milhão de hectares a mais que em 2019/2020. A área com algodão deve diminuir 9%, para 5,1 milhão de hectares, equivalente a 460 mil hectares a menos que no ano passado. A área total de trigo é prevista em 18,2 milhões de hectares, estável em relação a 2019/2020. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.