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17/Fev/2020

Tendência é de sustentação para os preços da soja

A tendência é de sustentação para os preços da soja no mercado físico brasileiro, com dólar em patamares recordes no Brasil, alta dos prêmios nos portos brasileiros, demanda interna aquecida para o setor de rações (farelo) e de produção de biodiesel (óleo), compensando as quedas acumuladas nas cotações futuras do grão na Bolsa de Chicago. Com o clima favorável, a colheita de soja tem avançado no Brasil, especialmente na Região Centro-Oeste e no Paraná. Na Região Sudeste, os trabalhos foram interrompidos no início da semana passada, devido ao excesso de chuva. Nas Regiões Sul, Norte e Nordeste, as atividades devem ganhar força nas próximas semanas. A maior oferta interna e a alta do dólar, que opera em patamar recorde nominal, estão elevando o interesse de venda para volumes das safras 2019/2020 e 2020/2021. Além disso, muitos produtores estão mais ativos diante das incertezas quanto à demanda da China nos próximos dias.

A partir do dia 15 de fevereiro, começou a vigorar a “Fase 1” do acordo comercial entre os Estados Unidos e a China. Vale lembrar que o acordo entre os países norte-americano e asiático foi assinado no dia 15 de janeiro e deve implicar em redução das tarifas impostas em setembro do ano passado. Representantes do governo chinês anunciaram, porém, que vão comprar lotes onde os preços estiverem mais atrativos e não necessariamente dos Estados Unidos. Do lado da demanda doméstica, uma parte das indústrias se mostra abastecida por meio de contratos a termo e outras indicam ter volumes de soja para receber em março. Ressalta-se, no entanto, que esses compradores domésticos podem passar a enfrentar certa concorrência com os demandantes externos. No dia 11 de fevereiro, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) reajustou levemente a produção mundial, que deve somar 339,4 milhões de toneladas.

Esse aumento se deve às expectativas de safra recorde no Brasil, prevista pela nossa Consultoria em 123,5 milhões de toneladas, 7,4% superior ao produzido na temporada passada. A demanda global segue crescente. A China deve aumentar suas importações de soja em 6,6% nesta temporada, podendo adquirir no mercado internacional 88 milhões de toneladas, 3,5% superior ao esperado até o mês passado. A União Europeia deve importar 15,2 milhões de toneladas, 1,3% acima da temporada anterior. Com isso, as transações mundiais devem somar 151,5 milhões de toneladas, 2,2% a mais que na temporada passada e um reajuste de 1,6% sobre o mês passado. Com isso, o Brasil deve abastecer com 50,8% a demanda global por soja, os Estados Unidos, com 32,8%, e a Argentina, com 5,4%. Esse aumento deve implicar em elevação de 1,3% nas exportações de soja do Brasil nesta safra, que são estimadas pela nossa Consultoria em 75 milhões de toneladas.

Os Estados Unidos devem escoar 49,6 milhões de toneladas nesta temporada, 4,4% a mais que na safra passada e 2,8% acima do previsto pelo USDA no mês passado. A Argentina deve abastecer a demanda global com 8,2 milhões de toneladas, 9,9% abaixo do volume embarcado na temporada passada. Essa queda nos embarques argentinos está atrelada à maior taxa de exportação implementada pelo atual governo do país vizinho. O fato positivo para Argentina é que a demanda por farelo e óleo de soja segue crescente. Vale ressaltar que a Argentina é a principal exportadora mundial desses subprodutos da soja. Com isso, o consumo doméstico de soja da Argentina deve crescer 8,9% nesta temporada e totalizar volume recorde, estimado em 51,7 milhões de toneladas. Deste total, 44,6 milhões de toneladas devem ser destinados ao esmagamento, 9,9% acima da temporada 2018/2019. As exportações de farelo e de óleo de soja devem crescer 7% e 14%, respectivamente.

Quanto aos preços no Brasil, nos últimos sete dias, o Indicador da soja Paranaguá ESALQ/BM&F, referente ao grão depositado no corredor de exportação e negociado na modalidade spot (pronta entrega), no Porto de Paranaguá, apresenta alta de 3,1%, cotado a R$ 88,34 por saca de 60 Kg. A média ponderada da soja no Paraná, refletida no Indicador CEPEA/ESALQ registra avanço de 2,4% nos últimos sete dias, a R$ 82,01 por saca de 60 Kg. Nos últimos sete dias, as cotações da oleaginosa registram alta de 2,0% no mercado de balcão (preço pago ao produtor) e de 2,2% no mercado de lotes (negociações entre empresas). Na Bolsa de Chicago, o contrato de primeiro vencimento (Março/2020) da soja registra aumento de 1,7% nos últimos sete dias, voltando a se aproximar do patamar de US$ 9 por bushel. O contrato de mesmo vencimento do farelo de soja apresenta valorização de 1,3% no mesmo período, a US$ 321,76 por tonelada. Para o óleo de soja, as cotações futuras registram queda de 1,7%, a US$ 677,25 por tonelada. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.