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10/Fev/2020

Tendência é de sustentação para os preços da soja

A pressão baixista persiste sobre as cotações futuras da soja, com ausência de compras do grão norte-americano pela China, a perspectiva de uma safra recorde no Brasil e na América do Sul e as preocupações com os surtos globais de coronavírus. No Brasil, porém, o câmbio em alta e os prêmios mais fortalecidos nos portos vão dando sustentação aos preços domésticos. O mercado internacional continua na necessidade de mais informações para que possa exibir movimentações mais intensas e até que isso aconteça, continua operando com cautela e na defensiva. Além dos surtos de coronavírus, a falta de demanda chinesa nos Estados Unidos também mantém os preços pressionados. A China segue ainda muito concentrada no mercado brasileiro, tendo comprado, somente na última semana, 20 navios de soja diante de uma necessidade maior e, também, de melhora nas margens de esmagamento e dos preços do farelo. Essa concentração de aquisições na América do Sul é outro fator negativo para os futuros da soja. A colheita de soja está em ritmo lento no Brasil.

Além do atraso no plantio em setembro e início de outubro de 2019, as chuvas das últimas semanas atrapalharam a colheita em Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Minas Gerais, São Paulo e Paraná. Ao contrário do inicialmente esperado, os produtores dessas regiões relatam que a produtividade média da área colhida está satisfatória e que a maior umidade dos últimos dias deve elevar a qualidade e a produtividade das lavouras ainda em desenvolvimento. Assim, há expectativa de safra volumosa no Brasil nesta temporada 2019/2020. Vale apontar, no entanto, que há lavouras, especialmente na Região Sul, que estão em condições abaixo do esperado. Mato Grosso é o estado com a colheita mais adiantada. 26,7% da área de Mato Grosso havia sido colhida até o dia 31 de janeiro, abaixo dos 37,4% em igual período de 2019. 60% da safra do Estado já havia sido negociada até o início de janeiro, ritmo bem mais adiantado que o observado nos últimos cinco anos. No Paraná, até o dia 3 de fevereiro, a colheita ainda estava atrasada, alcançando apenas 4% da área estadual. A comercialização chega a 26,5%, ritmo mais acelerado desde 2016.

No geral, portanto, há baixo volume de soja desta temporada disponível, e praticamente todo o remanescente da safra 2018/2019 já foi negociado. Ao mesmo tempo, os vendedores estão retraídos para novas negociações, voltados apenas para o cumprimento de contratos. Os compradores domésticos também seguem afastados do mercado, aguardando o recebimento de contratos efetuados anteriormente e apostando em preços menores nas próximas semanas. A negociação de contratos a termo também se enfraqueceu, diante das incertezas sobre o frete a ser praticado nos próximos meses. A divulgação de uma nova tabela de frete, no dia 06/02, indicou que, por enquanto, os valores seguem em alta. No Paraná, de Cascavel para o Porto de Paranaguá, por exemplo, o frete rodoviário passou de R$ 84,00 por tonelada em janeiro para R$ 126,00 por tonelada na primeira semana de fevereiro. No dia 19 de fevereiro, o Supremo Tribunal Federal (STF) irá julgar pela continuidade ou não da tabela de fretes rodoviários, cenário que pode impactar nas comercializações agrícolas.

No mercado de derivados, grande parte dos consumidores relata estar recebendo lotes negociados anteriormente. Por outro lado, uma parcela de suinocultores e avicultores sinaliza necessidade de compra de farelo de soja a partir da próxima semana. Esses compradores, no entanto, estão atentos à possível menor demanda externa, que pode resultar em maior excedente doméstico e privilegiar as aquisições a médio prazo. Assim, indicam interesse em adquirir apenas lotes para consumo de curto prazo. Com a baixa oferta disponível, as exportações brasileiras foram as menores em 36 meses, totalizando 1,48 milhão de toneladas de soja em grão em janeiro. Deste volume, 1,09 milhão de toneladas teve a China como destino. Os embarques de janeiro foram 56,7% inferiores aos de dezembro/2019 e 29,1% abaixo do volume registrado no primeiro mês do ano passado. De farelo de soja, os embarques recuaram 36,6% no mês passado e 14,5% em um ano, somando 1,05 milhão de toneladas em janeiro/2020, o menor volume desde fevereiro do ano passado.

Vale ressaltar que, quando considerados apenas os meses de janeiro, em 2020, o Brasil escoou o menor volume desde 2015. As exportações de óleo de soja também caíram significativos 56,7% no mês e 66,8% em um ano, somando apenas 12,62 mil toneladas no mês passado, o menor volume em 10 anos, considerando-se apenas os meses de janeiro. Levando em conta todos os meses, neste ano, o Brasil enviou o menor volume desde outubro de 2016. Por outro lado, as exportações dos Estados Unidos seguem crescentes, mas ainda em ritmo abaixo do esperado por agentes. Segundo o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), os embarques de soja cresceram 28% entre as duas últimas semanas e 24% em relação ao mesmo período de 2019. As cotações de soja recuaram no Brasil, mas subiram nos Estados Unidos. As altas externa e cambial, assim como os prêmios de exportação mais fortalecidos, limitam as baixas no mercado doméstico. O dólar está oscilando entre R$ 4,25 e R$ 4,30.

Nos últimos sete dias, o Indicador da soja Paranaguá ESALQ/BM&F, referente ao grão depositado no corredor de exportação e negociado na modalidade spot (pronta entrega), no Porto de Paranaguá, apresenta recuo de apenas 0,1%, cotado a R$ 85,70 por saca de 60 Kg. A média ponderada da soja no Paraná, refletida no Indicador CEPEA/ESALQ registra queda de 1,3% nos últimos sete dias, a R$ 80,07 por saca de 60 Kg. Nos últimos sete dias, as cotações da oleaginosa registram recuo de 0,7% no mercado de balcão (preço pago ao produtor) e de 1,8% no mercado de lotes (negociações entre empresas). Os preços de farelo de soja apresentam baixa de 1,4% nos últimos sete dias. O óleo de soja (posto em São Paulo com 12% de ICMS) tem média de R$ 3.542,04 por tonelada, baixa de 1,0% nos últimos sete dias. Na Bolsa de Chicago, o contrato de primeiro vencimento (Março/2020) do óleo de soja apresenta avanço de 2,0% no período, a US$ US$ 688,72 por tonelada. Para o farelo de soja, o contrato Março/2020 registra baixa de 1,1% nos últimos sete dias, a US$ 317,68 por tonelada. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.