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03/Fev/2020

Tendência de pressão baixista com recuo externo

A tendência é de pressão baixista no curto prazo sobre as cotações domésticas da soja em grãos e dos derivados, com a alta do dólar e os prêmios firmes nos portos brasileiros anulando apenas parcialmente a queda acentuada dos contratos futuros em Chicago. O mercado futuro de soja na Bolsa de Chicago (CBOT) deve continuar atento às notícias envolvendo o avanço do coronavírus na China. Os futuros de soja fecharam em baixa na sexta-feira (31/01), pressionados novamente por temores quanto a continuidade das importações da China após o surto do coronavírus. Esta foi a nona retração consecutiva nas cotações da oleaginosa. O vencimento março da caiu 3,75 cents (0,43%), para US$ 8,7250 por bushel. O mercado mundial de grãos, principalmente de soja e milho, já vinha apreensivo em relação à fase 1 do acordo entre EUA e China, firmada em 15 de janeiro. Ainda não se tem notícias de compras volumosas de soja norte-americana por parte da China após o acordo.

Os contratos futuros de soja caíram 7% na Bolsa de Chicago (CBOT) desde a primeira fase do acordo comercial entre Estados Unidos e China, há duas semanas. Na ocasião, os chineses se comprometeram em comprar US$ 36 bilhões em exportações agrícolas americanas em 2020, mas o acordo comercial não incluía um cronograma específico para essas compras, o que trouxe dúvidas aos traders de que a China, de fato, cumpriria com o acordo. Os embarques norte-americanos ainda estão abaixo das expectativas. Na parcial desta temporada (agosto/2019 a janeiro/2020), os Estados Unidos exportaram 25,2 milhões de toneladas, quantidade 23,1% superior às 20,5 milhões de toneladas exportadas em igual período da safra passada. No mercado brasileiro, os preços de soja e derivados estão em queda, devido à baixa dos futuros na Bolsa de Chicago, à menor demanda doméstica e ao baixo ritmo de embarques do Brasil. Além disso, o avanço da colheita da oleaginosa no País tem deixado compradores reticentes nas aquisições, à espera de preços menores nos próximos dias.

Há também menor necessidade de compra das indústrias, uma vez que grande parte está recebendo lotes de contratos efetivados ainda em 2019. O movimento de queda só não foi mais intenso devido à valorização do dólar, que registrou o maior valor nominal da história do Plano Real (iniciado em fevereiro de 1994), indo para R$ 4,28. Como resultado, a disparidade entre os preços de compradores e de vendedores aumentou, cenário que limitou as negociações no mercado spot. Inclusive, o interesse em comercializar soja para a safra 2020/2021 também se reduziu. Nos últimos sete dias, os Indicadores ESALQ/BM&F da soja Paranaguá (PR) e CEPEA/ESALQ Paraná cederam 0,6% e 1,4%, respectivamente, fechando a R$ 85,75 por saca de 60 Kg e a R$ 81,13 por saca de 60 Kg. Em janeiro, ambos os Indicadores registraram quedas de 2,0%. O Indicador Paranaguá voltou a ser negociado nos menores patamares de setembro de 2019, e o referente ao estado do Paraná, desde outubro do ano passado. Na média das regiões, as cotações da soja recuaram 1,2% no mercado de balcão (preço pago ao produtor) e 1,1% no de lotes (negociações entre empresas).

No mês de janeiro, as quedas da soja em grãos foram de 1,1% no balcão e de 3,4% no mercado de lotes. Quanto ao mercado de farelo de soja, muitos consumidores sinalizam estar abastecidos até a primeira quinzena de fevereiro, e começam a especular preços para efetuar novas aquisições nos próximos dias. Atenta à possível maior demanda, parte das indústrias já elevou as ofertas de venda. Na média das regiões, os preços de farelo de soja cederam 0,1% nos últimos sete dias. Em janeiro, a queda foi de 2,6%. O óleo de soja em São Paulo (com 12% de ICMS) tem média de R$ 3.576,49 a tonelada, recuos de 1,9% em sete dias e de 3,6% no mês. Na Bolsa de Chicago, a soja em grão recuou 7,1% em janeiro. O óleo de soja recuou 11,2% no mês e o farelo de soja, 2,8% em janeiro. Em Mato Grosso, a colheita segue em ritmo acelerado. 14,4% da área havia sido colhida até o dia 24, abaixo dos 25,6% colhidos em igual período de 2019.

No Paraná, o rimo de colheita está mais lento, devido ao cultivo tardio e ao atraso nas precipitações. Apenas 2% da área havia sido colhida até o dia 27. O ritmo de colheita deve ganhar força a partir da segunda quinzena de fevereiro. Em Minas Gerais, o excesso de chuva preocupa, mas produtores mineiros relatam que as precipitações têm sido localizadas e não devem prejudicar as lavouras. Já em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul, é o baixo índice pluviométrico que preocupa – houve registros de chuvas nos últimos dias, mas o volume ainda está abaixo do ideal. Poucos focos de ferrugem asiática foram registrados até o momento, mas as incidências vêm aumentando a cada semana, segundo dados do Consócio Antiferrugem da Embrapa. No Paraná, há 33 focos; em Mato Grosso do Sul, 24, e em Mato Grosso, 6. Nos estados do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina foram registrados dois focos, e em São Paulo, Minas Gerais e Goiás, apenas um em cada estado, ainda conforme a Embrapa. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.