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27/Jan/2020

Tendência de sustentação do preço no curto prazo

A tendência é de sustentação dos preços da soja no mercado brasileiro, no curto prazo, com a forte alta do dólar, prêmios firmes nos portos brasileiros e bons volumes negociados antecipadamente, compensando a pressão baixista sobre as cotações futuras em Chicago, após a frustração do mercado com a “Fase 1” do acordo entre China e Estados Unidos, que ainda não resultou em aumento das vendas externas do produto americano para os chineses. Ainda assim, ao longo deste mês de janeiro, os preços cederam, em média, R$ 2 por saca de 60 Kg. A pressão baixista recente vem da expectativa de safra volumosa na América do Sul e da menor demanda externa. Ainda assim, a liquidez está maior, resultado do interesse de grande parte dos produtores em escoar a soja armazenada e a que já está sendo colhida. Esse crescente interesse de venda, por sua vez, está atrelado aos atuais patamares de preços. Mesmo com as recentes quedas, os valores ainda são recordes nominais para este período. Nos últimos sete dias, o Indicador da soja Paranaguá ESALQ/BM&F, referente ao grão depositado no corredor de exportação e negociado na modalidade spot (pronta entrega), no Porto de Paranaguá, apresenta recuo de 1,5%, cotado a R$ 86,23 por saca de 60 Kg.

A média ponderada da soja no Paraná, refletida no Indicador CEPEA/ESALQ registra queda de 1,1% nos últimos sete dias, a R$ 82,26 por saca de 60 Kg. Nos últimos sete dias, as cotações da oleaginosa apresentam leve recuo de 0,2% no mercado de balcão (preço pago ao produtor) e de 0,5% no mercado de lotes (negociações entre empresas). Os produtores mostram interesse também em fechar contratos a termo, especialmente com embarque entre junho e julho deste ano e em 2021, períodos em que a paridade de exportação registra preços mais atrativos. No Porto de Paranaguá (PR), a paridade de exportação indica preços a R$ 88,99 por saca de 60 Kg para fevereiro/2020, a R$ 88,63 por saca de 60 Kg para março/2020, a R$ 89,60 por saca de 60 Kg para abril/2020, a R$ 89,69 por saca de 60 Kg para maio/2020 e acima de R$ 91,00 por saca de 60 Kg de junho a julho/2020 (considerando-se o dólar futuro para os respectivos vencimentos negociados no dia 23 de janeiro na B3).

Para 2021, a paridade indica preços acima de R$ 91,00 por saca de 60 Kg de fevereiro a maio e superior a R$ 93,00 por saca de 60 Kg para os contratos de junho e julho. Do lado comprador, uma grande parte está cautelosa nas negociações. Muitas indústrias fizeram contratos a termo para recebimento entre janeiro e fevereiro e mostram preferência por aguardar o avanço da colheita para então efetuar novas aquisições. Esses agentes têm expectativa de que os preços diminuam, fundamentados nas estimativas de safra recorde no Brasil nesta temporada. Quanto aos derivados, muitas indústrias já retomaram o processamento, cenário que vem pressionando os valores de farelo de soja nos últimos sete dias. A maior parte dos produtores de aves e suínos se abasteceu com farelo de soja para consumo até meados de fevereiro e, agora, não mostra intenção em novas aquisições para curto prazo. Algumas fábricas de ração também estão abastecidas, mas para um período menor, resultando em aquisições pontuais, de pequenos lotes. Com isso, os preços de farelo de soja registram baixa de 0,8% nos últimos sete dias.

No mercado de óleo, no entanto, parcela da produção já tem sido destinada às indústrias de biodiesel, limitando, assim, as quedas de preços no mercado doméstico. O óleo de soja (posto em São Paulo com 12% de ICMS) é negociado a R$ 3.646,53 por tonelada, pequeno recuo de 0,3% nos últimos sete dias. Vale ressaltar, contudo, que os prêmios de exportação de farelo e de óleo de soja seguem elevados para os contratos de fevereiro e março, cenário que também impediu recuos mais expressivos nos valores internos. Quanto aos trabalhos de campo, a colheita de soja foi interrompida na semana passada por chuvas em Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, São Paulo e Paraná. No Rio Grande do Sul e em Santa Catarina, onde as lavouras ainda estão em desenvolvimento, as recentes precipitações aliviaram os produtores, que temiam por menor produtividade diante da falta de chuva. Em Mato Grosso, na região norte, os produtores têm enfrentado problemas com infestação de mosca branca, o que pode limitar a produtividade da soja. O custo para reduzir essa praga é elevado e o manejo também é mais difícil. Os focos de ferrugem asiática cresceram no Paraná, somando 30 registros, segundo dados do Consócio Antiferrugem da Embrapa. Os produtores relatam que os casos estão sendo controlados.

Em Mato Grosso, são 22 focos do fungo; em Mato Grosso do Sul, 5; em Santa Catarina, 2; e, em Goiás, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e São Paulo, 1 cada. Segundo a Bolsa de Cereais de Buenos Aires, na Argentina, com a melhora no clima, o cultivo alcançou 97,6% do total da área projetada. Os contratos futuros de soja e derivados negociados na Bolsa de Chicago estão em queda. O movimento está atrelado aos rumores que a China não deve ampliar as aquisições dos Estados Unidos no curto prazo e em volumes expressivos, cenário que frustrou as expectativas de investidores. Além disso, representantes da China sinalizaram que devem comprar lotes onde o preço estiver mais atrativo, não sendo necessariamente dos Estados Unidos. Nos Estados Unidos, os embarques de soja cresceram apenas 4,3% entre as duas últimas semanas. Na semana passada, as exportações aumentaram 6,1% frente às do mesmo período de 2018. Na parcial desta temporada (agosto/2019 a janeiro/2020), os Estados Unidos escoaram 24,2 milhões de toneladas, 24% acima de 19,5 milhões de toneladas exportadas em igual período na safra passada. Com isso, os contratos de primeiro vencimento (Março/2020) da soja, do óleo e do farelo registram recuo de 1,6, 1,7% e 0,6%, com respectivos fechamentos a US$ 9,23 por bushel, a US$ 716,05 por tonelada e US$ 329,48 por tonelada. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.