22/Jan/2020
A logística para escoamento da safra recorde de soja 2019/2020 deverá ser melhor do que a oferecida no ano passado. A pavimentação da BR-163, concluída no Pará no fim de 2019, deve, segundo o setor produtivo, reduzir os custos e melhorar o deslocamento de mercadorias de Mato Grosso para os portos do Arco Norte, já que garantirá fluxo. Para ficar ainda melhor, falta recuperar rodovias estaduais de Mato Grosso e investir em hidrovias no Estado. No Paraná, os produtores afirmam que, em relação às estradas, a situação mudou pouco de um ano para outro, mas os portos têm tido uma operação mais eficiente, acabando com as filas de caminhões do passado. Para os próximos anos, a principal reivindicação é a modernização e ampliação da malha ferroviária do Paraná. Mato Grosso e Paraná, os principais produtores da oleaginosa, já começaram a colher a nova safra, com movimentação mais intensa a partir de fevereiro.
O principal corredor para a Região Norte é pela BR-163, e agora ela está toda pavimentada. Segundo o Movimento Pró-Logística, entidade que reúne associações de produtores e cooperativas do setor agropecuário, não deve haver o problema de filas de caminhões. Segundo a Aprosoja-MT, são esperados benefícios. A expectativa é que isso se reflita em diminuição do preço de frete para os produtores da região norte do Estado e agregue valor para as commodities agrícolas dessa região. O Movimento Pró-Logística calcula que o frete pode ter uma redução de 19% em alguns trechos devido à diminuição do tempo de tráfego, mesmo com a nova tabela. Quanto a outras rodovias federais por onde é escoada a produção de Mato Gross até o Arco Norte, a BR-364 está em processo de recuperação, enquanto a BR-158 necessita de melhoria em alguns trechos, mas está numa situação similar à do ano passado. As rodovias estaduais tiveram pequeno avanço, na avaliação do Movimento Pró-Logística e da Aprosoja-MT.
Os problemas principais estão na MT-130, entre Paranatinga e Santiago do Norte, e na MT-488, entre São José do Rio Claro e Nova Maringá e entre Nova Maringá e Tapurah. Mato Grosso tem 30 mil Km de rodovias estaduais e só 6,5 mil Km são pavimentados. Se as chuvas continuarem rigorosas, podem ocorrer dificuldades de passagem com atoleiros. Contudo, as principais regiões produtoras já têm estradas cobertas com cascalho, o que possibilita drenagem do acúmulo de umidade. Embora a situação do Estado tenha melhorado nos últimos anos com a consolidação dos portos do Arco Norte para exportação de grãos, algumas regiões de Mato Grosso enfrentam dificuldades para impulsionar suas produções por falta de alternativas para escoá-las. É o caso do leste do Estado, que ainda não consegue converter pastagens em lavoura de cereais como pretendia. Para o oeste de Mato Grosso, a demanda é pela retomada da utilização da hidrovia do Rio Paraguai, de Cáceres (MT) e Nova Palmira, no Uruguai.
Neste mês, a Companhia Mato-Grossense de Mineração (Metamat) firmou um acordo de cooperação com a Associação Pró-Hidrovia do Rio Paraguai (APH) para a retomada das atividades do Porto Fluvial de Cáceres, mas ele está há praticamente 10 anos sem funcionar. Desde 2009 o fluxo diminuiu até a paralisação completa em 2012. Segundo o governo de Mato Grosso, R$ 1,5 milhão será investido para recuperação da estrutura física, equipamentos, e demais adequações necessárias, com recursos da APH. O cronograma apresentado pela associação prevê que em seis meses o porto seja reativado. A hidrovia do Rio Paraguai tem tudo para voltar a navegar e seria muito benéfica para uma região que está de certa forma esquecida quando se trata de logística. É preciso estudo de viabilidade econômica-ambiental em outros rios com grande volume na região noroeste de Mato Grosso, como Aripuanã e Juruena. Para a saída aos portos das Regiões Sul e Sudeste, com o sistema de agendamento de caminhões nos portos de Paranaguá (PR) e Santos (SP), já não há mais problemas com filas de caminhões.
A ferrovia cumpre seu papel para transporte de grãos de Rondonópolis (MT) para Santos (SP), mas a capacidade entre Rondonópolis e a divisa de Mato Grosso do Sul e São Paulo supera em 5 milhões de toneladas a da malha de São Paulo. O setor aguarda agora o julgamento do Supremo Tribunal Federal (STF) de liminar questionando a lei que fundamenta o programa de renovação antecipada de concessões ferroviárias no Brasil, marcado para fevereiro. No fim do ano passado, o Tribunal de Contas da União (TCU) deu aval à prorrogação antecipada da concessão da malha paulista. Caso o STF negue a liminar e a renovação seja confirmada, a expectativa do setor produtivo é de que obras possam começar já neste ano no trecho da ferrovia que vai da divisa entre Mato Grosso do Sul e São Paulo até o Porto de Santos (SP), o que pode elevar o volume transportado de grãos mato-grossenses pelo modal ferroviário.
A Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep), afirma que no Estado a expectativa é de que o escoamento da safra transcorra dentro da normalidade. Podem ocorrer problemas pontuais no pico da safra, mas não crônicos como no passado, graças aos agendamentos de caminhões e a melhorias de eficiência e aumentos de capacidade na movimentação de commodities nos portos do Estado. A expectativa é de que a estrutura de transporte atenda à necessidade. Neste mês de janeiro, os silos públicos e as estruturas de uso comum aos terminais operadores do Corredor de Exportação do Porto de Paranaguá (PR) estão passando por revisão e manutenção antes da chegada do maior volume de safra. Desde 2019, o sistema rodoviário tem melhorado, mas o ferroviário segue sendo o grande gargalo. Embora a concessionária atual tenha feito melhorias e substituído trilhos, ainda é uma malha obsoleta.
Além da modernização, o agronegócio do Paraná pede um trecho de trilhos que atenda à região de Campo Mourão, seja com ligação a Cascavel ou a Jussara, e outro entre Guaíra e Cascavel (hoje há ligação ferroviária entre Cascavel e Guarapuava), além de melhorias nos trechos de descida de Guarapuava até Ponta Grossa. Quanto às rodovias estaduais, as condições do pavimento são boas, mas o setor produtivo espera a redução do pedágio quando forem concluídas as atuais concessões no ano que vem. Aproximadamente 80% da produção agropecuária do Paraná é transportada por rodovias. A prioridade nessa área é a duplicação de trechos rodoviários no anel de integração do Estado, que liga as principais cidades. O Paraná está muito bem posicionado quanto a rodovias pavimentadas, mas poucos são os trechos duplicados. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.