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20/Jan/2020

Tendência altista para os preços da soja no Brasil

A tendência é altista para os preços da soja no mercado brasileiro, com demanda firme do grão, expansão da produção de farelo e óleo, interesse externo pelo produto brasileiro, dólar em patamares mais elevados, prêmios firmes nos portos brasileiros e vendas antecipadas aceleradas. Os futuros cederam em Chicago, com o ceticismo diante da “Fase 1” do Acordo Comercial EUA-China. Com a firme demanda doméstica, as negociações envolvendo a soja em grão voltaram a se aquecer no Brasil. Do lado vendedor, os elevados patamares de preços atuais estimulam os produtores a comercializarem o remanescente da safra 2018/2019 e os poucos volumes já disponíveis da temporada 2019/2020. Além disso, o temor de possíveis quedas de preços no caso de a China deslocar parte de sua demanda de soja do Brasil para os Estados Unidos também faz com que os produtores fechem contratos a termo envolvendo o grão de 2020/2021.

No geral, o clima nos últimos dias tem favorecido as lavouras da safra 2019/2020, que começam a ser colhidas em algumas regiões. Os produtores do Paraná e de Mato Grosso relatam produtividade satisfatória. Em São Paulo, apenas áreas de pivô e precoces estão sendo colhidas, também apresentando boa produtividade. A maior liquidez, os baixos estoques atuais, o atraso na colheita da safra de verão e o clima mais seco em parte das Regiões Sul e Nordeste deram o tom altista aos preços. Na parcial de janeiro, o Indicador da soja Paranaguá ESALQ/BM&F, referente ao grão depositado no corredor de exportação e negociado na modalidade spot (pronta entrega), no Porto de Paranaguá, está no maior patamar para o mês desde 2016), cotado a R$ 88,31 por saca de 60 Kg. A média ponderada da soja no Paraná, refletida no Indicador CEPEA/ESALQ também está no maior patamar para um mês de janeiro desde 2016, a R$ 83,13 por saca de 60 Kg. Ambos em termos reais (valores deflacionados pelo IGP-DI de dezembro/2019).

Como comparação, em janeiro de 2016, o preço da soja, já corrigido pela inflação, estava em R$ 100,29 por saca de 60 Kg no Porto de Paranaguá (PR) e em R$ 95,10 por saca de 60 Kg no Paraná. O dólar também está em patamar recorde nominal quando comparado aos meses de janeiro de anos anteriores, com média atual a R$ 4,09. O crescimento no interesse vendedor, por outro lado, limita o movimento de alta em algumas regiões e até mesmo pesou sobre os valores em outras. Ainda assim, as médias da parcial de janeiro estão acima das verificadas em janeiro/2019, em 15,6% no mercado de balcão (preço pago ao produtor) e em 17,3% no mercado de lotes (negociação entre empresas). A margem de lucro das indústrias segue se ampliando, mesmo com o maior custo nas aquisições do grão. Quando analisados os preços de exportação, base Porto de Paranaguá (PR), para embarques em fevereiro, o “crush margin” é de US$ 49,82 por tonelada, o maior valor para esse período desde 2016.

Isso se deve à forte alta nos prêmios de exportação de óleo de soja. A surpresa neste mês são as negociações de soja em grão para 2021. Tradings relatam informações de prêmios de exportação entre fevereiro/2021 e julho/2021. Os valores FOB Porto de Paranaguá (PR) calculados para esses meses foram semelhantes aos registrados para este primeiro semestre de 2020, oscilando entre US$ 21,70 por saca de 60 Kg e US$ 22,00 por saca de 60 Kg. Na parcial deste mês, os preços do farelo de soja estão em 7,8% superiores aos de janeiro de 2019. Para o óleo de soja, os preços são recordes nominais para o mês de janeiro, a R$ 3.679,85 por tonelada (posto em São Paulo com 12% de ICMS). A alta nos preços domésticos está sendo limitada também pelas expectativas de produção recorde no Brasil (123 milhões de toneladas) e pelos impactos do acordo comercial entre os Estados Unidos e a China.

Pelas estimativas do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), na temporada 2019/2020, o Brasil deve superar os embarques do ano passado, indo para 76 milhões de toneladas, atrás apenas dos envios recordes da safra 2017/2018. O esmagamento também pode ser o segundo maior da história no Brasil, estimado em 43,75 milhões de toneladas, 3% superior ao da safra 2018/2019, devendo ser sustentado pelo maior consumo de óleo de soja para a produção de biodiesel. Espera-se que cerca de 88% da produção desse subproduto (8,4 milhões de toneladas) seja destinado ao consumo doméstico. O consumo interno de farelo de soja deve ser em cerca de 54% da produção (33,95 milhões de toneladas), com o restante destinado ao mercado externo. Nos Estados Unidos, do total produzido (96,84 milhões de toneladas), 48,3 milhões de toneladas devem ser destinadas à exportação, apenas 1,56% a mais que na temporada passada. Quando comparada com a média das últimas cinco safras, os embarques podem ser 9,7% menores. O consumo doméstico, por outro lado, segue crescente, estimado em 60,76 milhões de toneladas, um recorde. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.