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02/Dez/2019

Tendência de preços sustentados da soja no Brasil

A tendência é de preços sustentados em níveis elevados para a soja no mercado brasileiro, com o dólar em patamares recordes, baixa oferta interna neste final de entressafra, preços mais altos nos portos brasileiros e bons volumes negociados antecipadamente para a temporada 2019/2020. O preço do óleo bruto degomado (posto em São Paulo com 12% de ICMS) tem registrado significativa alta no mercado brasileiro, chegando a R$ 3.644,11 por tonelada, o maior patamar nominal registrado. O aumento está atrelado à baixa disponibilidade do derivado de soja nas indústrias, em um momento em que a demanda doméstica segue bastante aquecida. No geral, o movimento de alta nos valores de óleo de soja é verificado desde agosto deste ano, quando notícias começaram a indicar aumento na quantidade mínima obrigatória da mistura de biodiesel ao óleo diesel, que passou de 10% (B10) para 11% (B11) em 1º de setembro de 2019. Desde então, a liquidez de óleo de soja no Brasil cresceu significativamente, dado que esse produto corresponde a 70% das matérias-primas utilizadas para a produção de biodiesel.

O óleo de soja apresentou média de R$ 3.444,45 por tonelada em novembro, 4,7% acima da registrada em outubro e a maior desde dezembro de 2016, em termos reais (as médias mensais foram deflacionadas pelo IGP–DI, base outubro/2019). Houve, também, maior procura pelo farelo de soja nos últimos dias, especialmente pelos setores de avicultura e suinocultura. Com isso, os preços do derivado registram alta de 0,8% nos últimos sete dias. Na média de novembro, o farelo apresenta valorização de 3,1% frente a outubro. Esse cenário se deve à redução nos lotes ofertados pelas indústrias, uma vez que há dificuldade nas aquisições da matéria-prima, devido à baixa oferta e aos altos preços do grão. Embora os preços da oleaginosa estejam em baixa nos últimos sete dias, na média de novembro, o Indicador da soja Paranaguá ESALQ/BM&F, referente ao grão depositado no corredor de exportação e negociado na modalidade spot (pronta entrega), no Porto de Paranaguá, está cotado a R$ 90,06 por saca de 60 Kg.

A média ponderada da soja no Paraná, refletida no Indicador CEPEA/ESALQ é de R$ 84,88 por saca de 60 Kg. Essas são as maiores médias desde outubro/2018, em termos reais (deflacionados pelo IGP-DI de outubro/2019). Nos últimos sete dias, a cotação da oleaginosa registra alta de 0,3% no mercado de balcão (preço pago ao produtor) e 0,7% no mercado de lotes (negociações entre empresas). Quando analisadas as médias mensais, as valorizações são de 1,5 e 2,1%, respectivamente. Nos últimos sete dias, os valores domésticos estão sendo pressionados pela queda externa, pelo enfraquecimento nos prêmios de exportação no Brasil e pela melhora do clima nas principais regiões. A baixa nos preços internos é limitada pela expressiva valorização do dólar frente ao Real. Na semana passada, a moeda norte-americana renovou as máximas histórias por três dias consecutivos. Em novembro, o dólar registrou média de R$ 4,15, a maior da história do Plano Real, em termos nominais. A valorização cambial estimula as negociações de soja nos portos brasileiros.

A comercialização só não é maior devido ao baixo excedente interno e à retração de parte de produtores em negociar grandes lotes. Ressalta-se que as negociações de contrato a termo da safra 2019/2020 já estão superiores às da temporada passada. No campo, o clima favoreceu o semeio de soja, tranquilizando os agentes de mercado. Assim, os Estados que registraram estiagem mais intensa no início do cultivo, como São Paulo, Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso do Sul, Bahia e Maranhão, receberam chuvas na semana passada e há previsões de novas precipitações nos próximos dias. Os produtores do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina já estão em fase final do semeio e à espera de produtividade elevada nesta safra. Os vendedores norte-americanos ainda detêm lotes de soja da temporada 2018/2019 e, agora, estão com os estoques cheios da safra 2019/2020, tendo em vista que a colheita está em fase final. Esse cenário somado à prolongação do acordo comercial com a China tem pesado sobre os preços futuros negociados na Bolsa de Chicago. Além disso, a valorização do dólar no mercado internacional torna o produto norte-americano mais caro aos importadores.

Com isso, na Bolsa de Chicago, o contrato Janeiro/2020 da soja registra queda de 2,1% nos últimos sete dias, cotado a US$ 8,82 por bushel. O contrato com vencimento em dezembro/2019 do farelo de soja apresenta recuo de 2,4%, a US$ 323,86 por tonelada. O contrato de mesmo vencimento do óleo de soja registra desvalorização de 1%, a US$ 669,54 por tonelada. Em novembro, o contrato de primeiro vencimento da soja recuou 1,9% e o de farelo, 0,9%. O óleo de soja registrou alta de 2,5% entre as médias de outubro e novembro. Segundo o relatório de acompanhamento de safras do USDA, 94% da área com soja foi colhida até o último final de semana nos Estados Unidos, em linha com o mesmo período de 2018 e levemente abaixo dos 97% colhidos na média dos últimos cinco anos. Na Argentina, o clima também tem favorecido o semeio de soja. Segundo a Bolsa de Cereais de Buenos Aires, do total de 17,7 milhões de hectares previstos para cultivar o grão, 39% foram semeados até o dia 28 de novembro. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.