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25/Nov/2019

Tendência é de alta da soja com atraso na colheita

A tendência é altista para os preços da soja no mercado brasileiro, com a entressafra doméstica, atraso no plantio da safra 2019/2020 que resultará em uma oferta mais tardia da nova temporada, dólar em patamares próximos dos R$ 4,20 e retração de ofertas. As chuvas nos últimos dias favoreceram o avanço do semeio da soja em muitas regiões e a finalização das atividades em Mato Grosso e no Paraná. O início tardio do cultivo da oleaginosa, no entanto, deve atrasar um pouco a colheita e, consequentemente, o semeio da 2ª safra de 2020, especialmente no caso do milho. Fundamentados nesse possível atraso da entrada da safra 2019/2020, os produtores seguem retraídos nas vendas, à espera da continuidade das altas, até pelo menos o primeiro trimestre de 2020. Além disso, as incertezas quanto ao acordo comercial entre os Estados Unidos e a China resultaram em aumento dos prêmios e dos preços no Brasil, tendo em vista que esse cenário favorece as exportações nacionais.

A China é o principal consumidor mundial de soja e destino de 77% das exportações brasileiras em 2019 (até outubro). O avanço nos valores domésticos também está atrelado à expressiva depreciação do Real frente ao dólar, que tende a atrair importadores para o Brasil. No dia 21 de novembro, a moeda norte-americana subiu 0,2% em relação ao dia 13 de novembro, fechando a R$ 4,19. Vale ressaltar que, no dia 20 de novembro, a moeda norte-americana atingiu o maior patamar nominal da história do Plano Real, de R$ 4,20. Esse cenário resultou em forte alta na paridade de exportação de soja no Brasil, que está em R$ 91,10 por saca de 60 Kg, para entrega em fevereiro/2020 e acima de R$ 90,00 por saca de 60 Kg de março a julho/2020, no Porto de Paranaguá (PR). Para este cálculo, foi utilizado o dólar futuro negociado na B3. Para dezembro deste ano, a paridade indica preços a R$ 93,25 por saca de 60 Kg. Nos últimos sete dias, o Indicador da soja Paranaguá ESALQ/BM&F, referente ao grão depositado no corredor de exportação e negociado na modalidade spot (pronta entrega), no Porto de Paranaguá, apresenta elevação de 0,9%, cotado a R$ 91,30 por saca de 60 Kg.

A média ponderada da soja no Paraná, refletida no Indicador CEPEA/ESALQ registra alta de 1,4% nos últimos sete dias, a R$ 85,41 por saca de 60 Kg. Nos últimos sete dias, a cotação da oleaginosa registra avanço de 1,3% no mercado de balcão (preço pago ao produtor) e de 0,4% no mercado de lotes (negociações entre empresas). A demanda doméstica por farelo de soja está mais aquecida nos últimos sete dias, especialmente pelo segmento de aves e suínos. Por outro lado, representantes de indústrias estão reduzindo os lotes ofertados, contexto que tem elevado os preços. Muitos consumidores que indicavam não ter dificuldade na aquisição do farelo no mês passado agora já se atentam em garantir maiores lotes para consumir até janeiro/2020, com receio de valorizações ainda mais intensas. Com isso, os preços de farelo de soja apresentam alta de 1,4% nos últimos sete dias. Os valores de óleo de soja também estão em alta, mas, neste caso, a alta é mais expressiva, devido ao baixo estoque e à significativa demanda interna, especialmente para a produção de biodiesel.

Com isso, o óleo de soja (posto em São Paulo com 12% de ICMS) tem preço médio de R$ 3.490,45 por tonelada, forte avanço de 5% nos últimos sete dias. O movimento altista no mercado interno, por outro lado, foi limitado pela desvalorização nos contratos futuros negociados na Bolsa de Chicago. A queda externa está atrelada à entrada da safra norte-americana, visto que a colheita de soja teve bom avanço nas últimas semanas. Segundo o relatório do acompanhamento de safra do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), 91% da área com soja havia sido colhida até o dia 17 de novembro, igualando com o mesmo período do ano passado, mas ainda abaixo dos 95% colhidos na média dos últimos cinco anos, quando analisado este mesmo período. A valorização cambial e as incertezas sobre o acordo comercial entre a China e os Estados Unidos também pressionam as cotações futuras. Com isso, na Bolsa de Chicago, o contrato Janeiro/2020 da soja registra queda de 1,6% nos últimos sete dias, cotado a US$ 9,01 por.

O contrato com vencimento em dezembro/2019 do farelo de soja apesenta queda de 1% no mesmo período, a US$ 331,79 por tonelada. O contrato de mesmo vencimento do óleo de soja, no entanto, registra leve aumento de 0,5%, a US$ 679,59 por tonelada. Vale ressaltar, no entanto, que a demanda doméstica por farelo e óleo de soja nos Estados Unidos esteve maior no último mês, gerando especulação de aumento no processamento do grão. Além disso, as exportações dos Estados Unidos também estão maiores neste ano. Segundo o USDA, na parcial do ano-safra 2019/2020 (de 1º de setembro a 14 de novembro/2019), saíram dos portos norte-americanos 12,43 milhões de toneladas de soja em grão, 12,14% a mais que o embarcado no mesmo período da temporada passada. Na Argentina, o semeio também está em bom ritmo, beneficiado pelas condições climáticas favoráveis. Segundo a Bolsa de Cereais de Buenos Aires, parte dos produtores de milho optou por reduzir a área para cultivar soja nesta temporada. Com isso, a área a ser semeada com a oleaginosa deve somar 17,7 milhões de hectares, deste total, 31,3% haviam sido semeados até o dia 21 de novembro. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.