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18/Nov/2019

Tendência de alta da soja com demanda aquecida

A tendência é altista para os preços da soja no mercado brasileiro, diante da alta do dólar no Brasil, dos prêmios mais firmes nos portos, da retração da oferta e das incertezas em relação à safra 2019/2020. A soja voltou a ser negociada acima de R$ 90,00 por saca de 60 Kg no Porto de Paranaguá (PR). O impulso vem da retração de grande parte dos produtores, que, diante das incertezas quanto à safra 2019/2020, prefere segurar o remanescente de 2018/2019, e das firmes demandas de indústrias brasileiras e do mercado internacional. Essa maior demanda externa, por sua vez, está relacionada à significativa valorização do dólar frente ao Real em novembro, que torna a commodity brasileira mais atrativa aos importadores. Nesse cenário, a procura pela soja brasileira esteve acima da oferta, resultando em alta nos prêmios brasileiros.

No Porto de Paranaguá, o embarque em dezembro/2019 da soja em grão está cotado a +US$ 1,00 por bushel. A alta nos prêmios resultou em aumento na margem de lucro das indústrias. Tomando-se como base os valores FOB Porto de Paranaguá para o embarque em dezembro/2019, nos últimos sete dias, o crush margin passou de US$ 4,16 por tonelada para US$ 19,59 por tonelada. Essa valorização, contudo, foi limitada pela queda nos contratos futuros negociados na Bolsa de Chicago. A queda nos preços futuros se deve à maior oferta de soja norte-americana e às incertezas quanto ao acordo comercial entre China e Estados Unidos. No campo brasileiro, embora as recentes chuvas tenham amenizado a preocupação de parte dos agentes, há municípios que ainda registram déficit hídrico, especialmente em São Paulo, Mato Grosso do Sul, Goiás, Bahia e Maranhão.

Há previsão de chuvas para essas regiões nos próximos dias. Os produtores esperam que as precipitações sejam mais homogêneas. Segundo o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), a produção global de soja na safra 2019/2020 é projetada em 336,5 milhões de toneladas, queda de 6% em relação à anterior e a mais baixa desde 2015/2016, o que se deve à redução na área cultivada nos Estados Unidos, que foi de 30,06 milhões de hectares, a menor desde 2011/2012. Muitos produtores norte-americanos ficaram desestimulados com as vendas externas da soja prejudicadas pela crise comercial entre os Estados Unidos e a China, resultando em estoque de passagem recorde na safra anterior. Além da menor área, o clima reduziu a produtividade da soja norte-americana. Do total da área semeada, 85% havia sido colhida até o dia 10 de dezembro, abaixo dos 92% na média dos últimos cinco anos.

A produção mundial de farelo e óleo de soja deve ser recorde na safra 2019/2020, diante da maior demanda por ambos os produtos. De farelo de soja, a transação global também deve ser recorde, estimada em 63,78 milhões de toneladas. Os países que devem elevar as importações são: União Europeia, México, Tailândia, Japão, Rússia, Egito, Indonésia, Filipinas, Coreia do Sul, Peru, Malásia, Colômbia e China. O principal fornecedor segue sendo a Argentina, que deve abastecer o mercado mundial com 33,75 milhões de toneladas de farelo. As transações mundiais de óleo de soja também devem crescer, mas em menor proporção que as de farelo, em 11,6 milhões de toneladas. Neste caso, embora a Argentina seja a principal exportadora global, as indústrias brasileiras devem voltar a pegar uma fatia deste mercado, aumentando os embarques do óleo em 5,2% entre as safras 2018/2019 e 2019/2020.

O Indicador da soja Paranaguá ESALQ/BM&F, referente ao grão depositado no corredor de exportação e negociado na modalidade spot (pronta entrega), no Porto de Paranaguá, está cotado a R$ 90,24 por saca de 60 Kg. A média ponderada da soja no Paraná, refletida no Indicador CEPEA/ESALQ registra alta de 3,7% no acumulado de novembro, cotada a R$ 84,64 por saca de 60 Kg. Na Bolsa de Chicago, o contrato Novembro/2019 da soja apresenta queda de 2,1% nos últimos sete dias, cotado a US$ 9,16 por bushel. O contrato com vencimento em dezembro/2019 do óleo de soja registra recuo de 2,9%, a US$ 673,06 por tonelada. O contrato de mesmo vencimento do farelo de soja registra leve queda de 0,5%, a US$ 335,21 por tonelada. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.