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11/Nov/2019

Tendência de preços sustentados da soja no Brasil

A tendência é de preços sustentados para a soja no Brasil, mesmo após o relatório do USDA, divulgado na sexta-feira (08/11) ter sido baixista para os futuros em Chicago. A previsão de produção dos Estados Unidos em 2019/2020 foi mantida em 96,62 milhões de toneladas. O USDA elevou a previsão de estoque final de soja em 2019/2020 para 12,92 milhões de toneladas. No mês passado, a expectativa era de 12,52 milhões de toneladas. No mercado brasileiro, os preços ganham sustentação com a nova alta do dólar e prêmios mais elevados nos portos. Os preços da soja em grão voltaram a subir no mercado brasileiro, cenário que preocupa representantes de indústrias. Isso porque muitas mostram dificuldades em repassar os maiores custos para derivados (farelo e óleo). Parte das fábricas já reduziu o processamento neste ano e/ou paralisou as atividades, devendo retomar a produção apenas na entrada da próxima safra.

Nos últimos meses, a firme demanda por óleo de soja para atendimento de contratos de produção de biodiesel favoreceu a receita de esmagadoras. Por outro lado, a maior produção de óleo gerou certo excedente de farelo, o que, por sua vez, pressiona as cotações deste último derivado e, consequentemente, as margens de empresas. No caso do óleo de soja, as movimentações relacionadas ao biodiesel contribuíram para efetivações de contratos a termo, o que, inclusive, limita a liquidez no mercado spot. Na cidade de São Paulo, o óleo bruto degomado (com 12% de ICMS) tem preço médio de R$ 3.364,99 a tonelada, forte alta de 12,4% em 12 meses, em termos nominais. Os valores de farelo de soja, por sua vez, aumentaram em praticamente todas as regiões brasileiras na última semana. Na média das regiões, os preços de farelo de soja subiram 0,4%.

Segundo dados da Abiove (Associação Brasileira Indústrias Óleos Vegetais), de janeiro a setembro de 2019, o processamento de soja esteve acima de 32 milhões de toneladas, próximo do volume do mesmo período de 2018. Quanto às exportações de derivados, seguem firmes. Em outubro, o Brasil embarcou 1,39 milhão de toneladas de farelo, 6,6% a mais que o escoado em setembro e 24% acima do de outubro/2018. Os principais destinos foram Holanda e a Espanha. No entanto, na parcial do ano (de janeiro a outubro), as vendas externas estão 2,3% menores que as registradas no mesmo período de 2018, totalizando 13,83 milhões de toneladas. As exportações de óleo de soja, até outubro, estiveram significativamente menores que as de 2018, uma vez que o mercado interno absorveu a maior parte deste derivado. Com isso, o Brasil exportou apenas 34,3 mil toneladas de óleo em outubro, 58,1% abaixo do escoado em setembro e 56,7% inferior ao embarcado em outubro/2018.

De janeiro a outubro, as vendas externas de óleo somam 956,5 mil toneladas, abaixo das 1,3 milhão de toneladas embarcadas em igual período de 2018. Os embarques do grão, por sua vez, estiveram 9,5% maiores que os de setembro, totalizando 4,86 milhões de toneladas. Este aumento esteve atrelado ao maior interesse da China, destino de 4,38 milhões de toneladas de soja em outubro, o maior volume desde julho deste ano, mas 7,7% inferior ao adquirido pelo país asiático em outubro/2018. Em 2019, o Brasil escoou 68,69 milhões de toneladas do grão para todos os países, 7,7% abaixo da quantidade de janeiro a outubro do ano passado. Os sojicultores seguem afastados das vendas do remanescente da safra 2018/2019. Essa retração está atrelada às incertezas quanto à produção da safra 2019/2020.

As recentes chuvas não foram homogêneas entre as regiões, preocupando alguns produtores, especialmente os de Goiás, Mato Grosso do Sul, São Paulo, Norte e Nordeste. Com isso, os Indicadores ESALQ/BM&F da soja Paranaguá (PR) e CEPEA/ESALQ Paraná subiram 1,8% e 1,3% em novembro, com respectivos fechamentos de R$ 88,97 e de R$ 83,25 por saca de 60 Kg. Na média das regiões, a cotação da oleaginosa avançou 0,9% no mercado de balcão (preço pago ao produtor) e 1,3% no de lotes (negociações entre empresas). A alta nos preços, no entanto, foi limitada pelos estoques remanescentes da safra 2018/2019 nos Estados Unidos e pela maior oferta da safra 2019/2020, que está sendo colhida naquele país. Na Argentina, as recentes precipitações permitiram o início no semeio de soja, que alcançou 8,7% da área, projetada em 17,6 milhões de hectares, incremento de 1,1% em relação à da temporada passada, segundo a Bolsa de Buenos Aires. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.