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31/Out/2019

Fim da guerra comercial gera incertezas no Brasil

Os produtores brasileiros estão em pleno plantio de soja da safra 2019/2020 ainda, porém, sob incertezas quanto aos efeitos futuros do acordo parcial entre Estados Unidos e China, anunciado em meados de outubro e que seria um primeiro passo para pôr fim à guerra comercial entre as duas potências. Até o dia 24 de outubro, o País havia semeado 35% da área projetada para a soja, de 36,57 milhões de hectares, conforme a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Mesmo com o aumento de produção previsto para a oleaginosa, de 4,7%, para 120,4 milhões de toneladas, paira a dúvida sobre se o agronegócio brasileiro manterá o ritmo de embarques externos para o gigante asiático, que deve, com o fim do conflito comercial, passar a dividir o fornecimento com os Estados Unidos novamente.

Apesar de a China ter se comprometido a adquirir mais produtos agrícolas dos Estados Unidos, na chamada Fase 1 do acordo, ainda há dúvidas sobre o volume exato, sobre quando as compras serão efetivadas e com que constância e sobre as concessões que os Estados Unidos terão de fazer. A China tenta, por exemplo, fazer os norte-americanos desistirem dos planos de impor tarifas de 15% sobre US$ 156 bilhões de bens de consumo a partir de 15 de dezembro, e pode usar as compras agrícolas como parte da negociação. A indústria de óleos vegetais brasileira acredita que, em um acordo tão amplo e envolvendo tantos setores, é natural que a produção norte-americana seja contemplada. No curto prazo, isso diminuiria a participação brasileira. Segundo a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), em um acordo de proporções tão grandes não tem como a soja ficar de fora.

De 2015 a 2017 o Brasil tinha 45% do mercado chinês, enquanto os Estados Unidos detinham 30%. Embora as exportações de soja para a China tenham sido menores este ano em relação ao ano passado, ainda são fundamentais na balança do setor. Conforme a entidade, dos 51,934 milhões de toneladas de soja exportados pelo Brasil nos sete primeiros meses do ano, 38,983 milhões de toneladas, ou 75%, foram destinadas à China ante 43,917 milhões de toneladas em igual intervalo de 2018, ou 78% do total. A queda, este ano, ocorreu em função da peste suína africana (PSA), que tem assolado plantéis no país asiático e, consequentemente, reduzido a necessidade de importação da oleaginosa para alimentar os suínos. O maior temor pós-acordo entre Estados Unidos e China é que os asiáticos não valorizem os esforços feitos pelo Brasil durante a vigência da guerra comercial para garantir o abastecimento chinês. A expectativa é de que a produção brasileira continue sendo valorizada.

A safra dos Estados Unidos não será tão grande e tudo indica que, no Brasil e na Argentina, haverá uma safra melhor em 2020. Assim, a tendência é de que a produção sul-americana seja beneficiada. Mas, o governo da China tem um papel central na determinação das compras. Do lado da China, a Câmara de Comércio e Indústria Brasil China reforça que os brasileiros podem ficar tranquilos, pois os Estados Unidos são concorrentes da China, mas o Brasil é fornecedor. São economias complementares e foi desenvolvida uma relação de confiança. O ambiente gerado pela trégua na guerra comercial pode, no longo prazo, até trazer benefícios para o Brasil. Mesmo com as concessões feitas pelo governo chinês ao setor agrícola norte-americano, a China continuará crescendo a taxas muito altas e deve demandar ainda mais commodities, como soja e proteína animal. Também neste setor, o Brasil tem elevado substancialmente suas exportações para a China.

No curto prazo, porém, é natural que a China, voltando a comprar soja dos Estados Unidos, compre menos do Brasil. No curto prazo, o Brasil vai vender menos. Mas, o acordo é parcial e não total. Mesmo com a crise econômica, a China acreditou no Brasil, onde investiu USS 20 bilhões nos últimos anos. A China ganha vendendo os produtos, com a instalação de empresas e os países ganham com desenvolvimento e prosperidade. Segundo o Ministério da Agricultura, uma resolução para a guerra comercial entre Estados Unidos e China já era esperada, mas o Brasil precisa ampliar a oferta de produtos e a abrangência dos destinos para diminuir a dependência do gigante asiático. É preciso diversificar o destino dos produtos brasileiros para além da China e, no caso do país asiático, é preciso ampliar a variedade de produtos. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.