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03/Out/2019

Ferrugem Asiática: mapeamento de genes do fungo

A Bayer e a Embrapa anunciaram nesta quarta-feira (02/10) o sequenciamento e a montagem do genoma do fungo causador da ferrugem asiática (Phakopsora pachyrhizi). Ambas integram um consórcio global formado por doze entidades públicas e privadas que trabalharam em conjunto para mapear os genes do fungo. Segundo a Embrapa e a Bayer, os resultados do estudo permitirão o desenvolvimento de novas cultivares com resistência à ferrugem e a melhor alocação de recursos para pesquisa de químicos para combater a doença. A pesquisa teve início a partir de um acordo de desenvolvimento de tecnologias e soluções firmado entre Bayer e Embrapa em 2015. Bayer e Embrapa vão começar a trabalhar na pesquisa de novas soluções químicas e de sementes que venham a contornar a facilidade que o fungo tem de se adaptar e criar resistência a esses produtos. Segundo a Embrapa Soja, o mapeamento do genoma da soja, há dez anos, contribuiu para o entendimento do fungo.

Já se sabe como a soja responde a esse inimigo (a ferrugem). Agora, chegou o momento de conhecer o inimigo. O sequenciamento do genoma do fungo possibilitará o avanço em tecnologias que vão levar a soluções mais duradouras contra a doença. A Bayer destacou a importância dos resultados também para o restante da América Latina. O Brasil tem potencial para 45 milhões de hectares nos próximos anos. Mas, essa pesquisa, a obtenção do genoma e os próximos passos, vão servir para a América Latina como um todo: os mesmos problemas de controle que existem no Brasil, estão presentes no Paraguai e na Bolívia. No Brasil, a ferrugem asiática é hoje a principal ameaça fitossanitária à produção de soja. Há 18 anos o Embrapa tenta conhecer a biologia desse fungo. Há uma dificuldade enorme em manter estáveis e efetivas medidas de controle. Atualmente, o tripé do controle da ferrugem é composto por medidas legislativas, como vazio sanitário e calendarização do plantio, controle com químicos e desenvolvimento de cultivares resistentes.

Contudo, tanto as cultivares quanto os químicos apresentam perda de efetividade ao longo do tempo. Ainda segundo a Embrapa Soja, isso se deve às características genéticas do fungo de alta variabilidade (é um fungo que muda muito) e da elevada capacidade de dispersão pelo ar. Uma variação genética que surge no Rio Grande do Sul pode chegar em uma safra à Região Norte do País. O fungo tem um genoma grande, próximo do tamanho do genoma da própria planta de soja, com 22 mil genes, e DNA altamente repetitivo. Com o mapeamento, será possível entender o que o fungo faz e como a planta de soja reage quando ocorre a infecção, o que será útil no desenvolvimento de moléculas e biotecnologia para combate à doença. Até então, “estava aberta uma estrada para determinação das estratégias de controle, essa descoberta do genoma asfaltou essa estrada”. Há um horizonte de médio a longo prazo para que estratégias de controle relacionadas à biotecnologia cheguem ao produtor.

Existem muitas possibilidades. No longo prazo, um período de 10 anos, para transgenia. Com edição gênica talvez leve um tempo menor. A Bayer afirma que usará os resultados para avaliar tanto o potencial de químicos que já estão em desenvolvimento e quanto a possível duração dos que já estão no mercado. Conhecendo melhor o fungo, será possível investir mais em pesquisa para trazer soluções com mais velocidade. Dá para focar melhor os investimentos a fazer. O prazo de desenvolvimento de um novo químico de combate à ferrugem é de 10 anos. Com esse tipo de informação, é possível reduzir este prazo. Entretanto, depois disso, ainda há o prazo de aprovação de órgãos regulatórios. A empresa não revelou o montante investido na pesquisa. A Bayer e a Embrapa estimam que o custo de controle da ferrugem a cada safra pode chegar a US$ 2,8 bilhões. Boa parte desses recursos é gasta no Brasil, já que a dimensão do problema por aqui é maior do que na Bolívia e Paraguai. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.