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23/Set/2019

Tendência de preço sustentado para soja no Brasil

A tendência é de preços sustentados para a soja no mercado brasileiro, com a entressafra trazendo escassez na oferta interna, dólar em patamares elevados e futuros mais estáveis, com vendedores retraídos. A atenção de produtores brasileiros começa a se voltar ao clima, especialmente no Paraná, Mato Grosso e São Paulo, primeiras regiões a iniciarem o semeio da oleaginosa. Até o momento, a falta de chuva impede o começo do plantio em muitas regiões, mesmo com o período de vazio sanitário já finalizado. Esse cenário tem deixado receosos os agentes que fizeram contratos com entrega em janeiro/2020. Esse tipo de comercialização ocorreu principalmente com produtores da região oeste do Paraná. No Paraná, o plantio da soja está liberado desde o dia 11 de setembro, mas, ao contrário da temporada passada, a baixa umidade do solo não tem animado os produtores a realizem os trabalhos de campo. Grande parte dos produtores da região oeste do Estado relata intenção de intensificar e/ou começar o semeio a partir desta semana, visto que há previsão de maior índice pluviométrico.

O plantio no Paraná está abaixo de 1%, contra 9% no mesmo período de 2018. Naquele ano, algumas regiões já contavam com 80% da área concluída. Em 2019, apenas Toledo e Campo Mourão iniciaram os trabalhos de campo, com apenas 3% e 1% das áreas semeadas, respectivamente, favorecidos por chuvas na semana passada. A previsão para os próximos dias é de chuvas em praticamente toda a região oeste do Paraná. Em Mato Grosso, especialmente nas regiões de Sorriso e Nova Mutum, chuvas são previstas apenas a partir do dia 26 de setembro. Em São Paulo, na região de Itapeva (principal produtora do Estado), os produtores preferem esperar o solo ficar mais apropriado para o cultivo. Muitos relatam intenção de iniciar o plantio apenas em outubro. Essas incertezas quanto às condições climáticas na temporada 2019/2020 e a queda nos prêmios de exportação estão afastando os agentes afastados das vendas, pois preferem aguardar para negociar o volume remanescente da safra 2018/2019 nos próximos meses. Os compradores também estão cautelosos nas aquisições, o que resulta em baixa liquidez tanto no spot quanto no mercado de contrato a termo.

Nos últimos sete dias, o Indicador da soja Paranaguá ESALQ/BM&F, referente ao grão depositado no corredor de exportação e negociado na modalidade spot (pronta entrega), no Porto de Paranaguá, apresenta recuo de 0,7%, cotado a R$ 85,50 por saca de 60 Kg. A média ponderada da soja no Paraná, refletida no Indicador CEPEA/ESALQ registra queda de 0,1% nos últimos sete dias, a R$ 79,69 por saca de 60 Kg. Nos últimos sete dias, as cotações da oleaginosa registram alta de 1,0% no mercado de balcão (preço pago ao produtor) e de 0,2% no mercado de lotes (negociações entre empresas). O movimento baixista foi limitado pela valorização do dólar frente ao Real. Os valores de farelo e de óleo de soja, por sua vez, estão em alta. O farelo é impulsionado pela firme procura doméstica de suinocultores e o óleo de soja, pela demanda para produção de biodiesel. Algumas indústrias já relatam não ter lotes de óleo de soja para comercializar.

Nos últimos sete dias, o preço do farelo de soja apresenta leve valorização de 0,2%. O óleo de soja (posto em São Paulo com 12% de ICMS), está cotado a R$ 3.199,83 por tonelada, aumento de 1,9% no mesmo comparativo. Nos Estados Unidos, as condições climáticas também estão no radar dos agentes, que esperam por quebra na safra naquele país. Até o dia 15 de setembro, as condições das lavouras de soja pioraram, passando de 12% para 14% entre ruins e muito ruins, 32%, médias (-1%) e 54% entre boas e excelentes, também queda de 1% se comparada à semana anterior. Do total da área, 15% registram quedas de folhas, abaixo dos 50% em igual período de 2018 e dos 38% na média dos últimos cinco anos. No entanto, o menor ritmo de embarques pressiona os valores do grão na Bolsa de Chicago. Segundo o relatório de inspeção e exportação divulgado no dia 16 de setembro pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), os embarques de soja da temporada 2019/2020 (que se iniciou neste mês) estão 23,53% menores que os do mesmo período de 2018.

Esse cenário pressiona os valores da oleaginosa nos Estados Unidos. Por outro lado, o recuo nos valores da soja está sendo limitado pela alta do óleo de soja. O impulso nos preços futuros do óleo, por sua vez, se deve à maior demanda por petróleo, que incentiva as refinarias norte-americanas a aumentem a mistura de biodiesel ao diesel. O óleo de soja é uma das principais matérias-primas na produção de biodiesel. Assim, na Bolsa de Chicago, o contrato Novembro/2019 da soja registra leve queda de 0,3% nos últimos sete dias, a US$ 8,93 por bushel. Quanto ao farelo, o contrato Outubro/2019 apresenta recuo de 1,8% no mesmo período, cotado a US$ 322,09 por tonelada. O contrato de mesmo vencimento do óleo de soja acumula valorização significativa de 2,8% nos últimos sete dias, indo para US$ 657,19 por tonelada. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.