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09/Set/2019

Tendência de preços firmes da soja na entressafra

A tendência é preços firmes para a soja no mercado brasileiro, com a entressafra doméstica, dólar acima dos R$ 4 mantendo a paridade de exportação elevada para o produto brasileiro e escassos estoques disponíveis da safra 2018/2019. O dólar encerrou em queda contra o Real na sexta-feira (06/09), marcando sua primeira queda semanal em quase dois meses, em dia de maior ânimo nos mercados por expectativas de corte de juros nos Estados Unidos. O dólar à vista teve queda de 1,783%, a R$ 4,1051. Nesta semana, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) divulga novo relatório de oferta e demanda mundial e novas projeções para a safra 2019/2020 do país e a tendência é de revisão para baixo das expectativas de produção de soja. A demanda externa pela soja brasileira segue baixa neste início de setembro. Em agosto, as exportações do grão já foram as menores desde janeiro deste ano, cenário que vem pressionando os valores internos da oleaginosa. Isso se deve especialmente à redução nas compras por parte da China.

Embora a Holanda, entre outros importantes destinos da soja do Brasil, tenham aumentado as aquisições nesta temporada, a China importou, neste ano (de janeiro a agosto), 6,03 milhões de toneladas a menos do que no mesmo período de 2018. A demanda doméstica também está enfraquecida, visto que grande parte das indústrias sinaliza ter estoques do grão até outubro. Com isso, nos últimos sete dias, o Indicador da soja Paranaguá ESALQ/BM&F, referente ao grão depositado no corredor de exportação e negociado na modalidade spot (pronta entrega), no Porto de Paranaguá, apresenta recuo de 2,4%, cotado a R$ 86,55 por saca de 60 Kg. A média ponderada da soja no Paraná, refletida no Indicador CEPEA/ESALQ registra queda de 1,6% nos últimos sete dias, a R$ 81,05 por saca de 60 Kg. Nos últimos sete dias, as cotações da oleaginosa apresentam queda de 0,9% no mercado de balcão (preço pago ao produtor) e de 0,9% no mercado de lotes (negociações entre empresas). Até a primeira quinzena de agosto, restavam apenas 13% da safra de Mato Grosso para ser comercializada.

O excedente é maior no Paraná, em 27%. Em São Paulo, há somente 10% da safra 2018/2019 para ser comercializada. As atenções de agentes já se voltam ao clima para o plantio da nova safra (2019/2020). Os produtores do Paraná estarão liberados para iniciar o semeio a partir desta terça-feira (10/09), e os de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, São Paulo e Rondônia, a partir do dia 15 de setembro. A queda nos preços futuros na Bolsa de Chicago também pressiona os valores domésticos. Os contratos de primeiro vencimento (setembro/2019) da soja e do farelo registram queda de 0,8% e 1,1% nos últimos sete dias, com respectivos fechamentos a US$ 8,49 por bushel e a US$ 318,23 por tonelada. O contrato de mesmo vencimento do óleo de soja apresenta avanço de 0,4% no mesmo período, a US$ 627,65 por tonelada. As indústrias sinalizam estar com a margem de lucro reduzida, alegando não ter sido possível repassar as altas da oleaginosa, verificadas nas semanas anteriores, aos derivados. Se considerar os preços FOB para o contrato outubro/2019, de soja, farelo e óleo de soja, a margem de lucro fica negativa, em US$ 0,72 por tonelada.

Isso se deve às vendas reduzidas de farelo de soja, especialmente para avicultores e suinocultores, os quais indicam ter estoques de curto a médio prazos. Nos últimos sete dias, o preço do farelo de soja registra desvalorização de 1,1% na média das regiões. A margem das indústrias só não foi menor porque a demanda por óleo de soja está elevada, especialmente para a produção de biodiesel. O óleo de soja (posto em São Paulo com 12% de ICMS), está cotado a R$ 3.095,03 por tonelada, aumento de 1,7% nos últimos sete dias. O Brasil exportou 5,32 milhões de toneladas de soja em grão em agosto, quedas de 32,0% em relação ao embarcado no mês anterior e de 34,5% frente a agosto/2018. Desse total, 77,1% (4,1 milhões de toneladas) teve como destino a China. De janeiro a agosto de 2019, as exportações brasileiras somam 59,37 milhões de toneladas, contra 83,6 milhões de toneladas no mesmo período de 2018. Do total escoado neste ano, 29,2% foram pelo Porto de Santos (SP), 13,8%, pelo Porto de Paranaguá (PR) e 13,43%, pelo Porto de Rio Grande (RS).

Em agosto, as vendas externas do farelo de soja somaram 1,36 milhão de toneladas, 8,9% inferiores às de julho/2019 e 6,7% menores que as de agosto/2018. De janeiro a agosto, o Brasil enviou ao exterior 11,14 milhões de toneladas de farelo de soja, 5,3% a menos que no mesmo período de 2018. Entre os principais compradores deste ano estão: Holanda, Tailândia, Indonésia e Coreia do Sul. Os maiores volumes de farelo foram escoados pelos portos de Santos (40,07%), Paranaguá (34,7%) e Rio Grande (12,78%). De óleo de soja, o Brasil embarcou apenas 99,68 mil toneladas no mês passado, 20% inferior ao exportado em julho e 52,4% inferior ao escoado no mesmo período de 2018. Na parcial de 2019, as exportações de óleo de soja somam 840,37 mil toneladas, 24,7% inferiores às do mesmo período de 2018. A Índia é a principal compradora de óleo de soja do Brasil, sendo destino de 43,63% de todo volume embarcado neste ano. China, Argélia e Bangladesh também se configuram como importantes destinos. Neste ano, os principais portos de escoamento de óleo de soja são Paranaguá (71,96%), Manaus (15,25%) e Rio Grande (12,78%). Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.