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02/Set/2019

Tendência de alta para os preços da soja no Brasil

A tendência é altista para os preços da soja no mercado brasileiro, diante da forte escalada do dólar (que acumulou expressiva elevação de 8,5% em agosto passado), fortalecimento dos prêmios nos portos brasileiros e oferta interna mais escassa com a entressafra. Os preços da soja em grão estão em alta, influenciados pela valorização do dólar. O movimento de alta nas cotações domésticas, no entanto, está sendo limitado pela queda nos futuros negociados na Bolsa de Chicago. Esse cenário, inclusive, tem ampliado a disparidade entre os preços indicados por compradores e vendedores. Mesmo com a alta do dólar, os vendedores brasileiros estão retraídos dos negócios envolvendo grandes lotes, atentos à quebra da safra norte-americana. Dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) indicam que, até o dia 25 de agosto, 55% das lavouras dos Estados Unidos estavam entre boas e ótimas condições, aumento de 2% em relação ao apresentado na semana anterior, mas abaixo dos 66% no mesmo período de 2018.

Em condições médias estavam 32%, 1% abaixo do verificado na semana anterior, e 13%, em situação ruim ou muito ruim, acima dos 11% no mesmo período da temporada passada. Além disso, os produtores brasileiros preferem guardar o remanescente da safra 2018/2019 para comercializar nos próximos meses, à espera de preços maiores no período inicial de plantio de soja no Brasil. Esses agentes estão temerosos de que o fenômeno climático La Nina se configure na próxima safra, cenário que pode favorecer a ocorrência de chuvas acima da média principalmente nas Regiões Norte e Nordeste e déficit pluviométrico na Região Sul do Brasil, com impactos climáticos opostos ao El Niño, visto na última safra. Do lado das indústrias, muitas indicam ter estoque suficientes para o processamento até outubro. Algumas fábricas, inclusive, já pararam para manutenção, enquanto outras devem iniciar o processo de manutenção nas próximas semanas.

Quanto aos derivados, a demanda por óleo de soja segue firme, ao passo que consumidores de farelo de soja estão abastecidos, mas apenas para o curto prazo. Alguns compradores têm expectativa de queda nos preços nas próximas semanas, fundamentados na possibilidade de os Estados Unidos e a China confirmarem um acordo comercial. Vale ressaltar que, antes desse impasse entre os países norte-americano e asiático, era comum em segundos semestres a China reforçar as compras de soja nos Estados Unidos em detrimento do Brasil, diante da entrada da safra no Hemisfério Norte. Conforme o relatório de inspeção e exportação do USDA, os embarques de soja norte-americana na semana encerrada no dia 23 de agosto caíram 17% frente à semana anterior, mas foram 5,9% superiores aos do mesmo período de 2018. Portanto, até o dia 23 de agosto, os Estados Unidos exportaram 44,4 milhões de toneladas da safra 2018/2019, 19,9% inferior ao volume embarcado no mesmo período de 2018. Há rumores de que a China já esteja adquirindo maiores lotes da oleaginosa norte-americana. No mercado doméstico de derivados, o preço do óleo de soja (posto em São Paulo com 12% de ICMS) registra alta de 1,2% nos últimos sete dias, a R$ 3.044,57 por tonelada.

No mês de agosto, a média do óleo de soja esteve em R$ 2.927,46 por tonelada, significativos 7,5% acima do preço de julho, 1,3% superior ao de agosto/2018 e o maior desde janeiro deste ano, em termos reais (valores deflacionados pelo IGP-DI de julho/2019). Os valores de farelo de soja apresentam alta de 1,8% nos últimos sete dias. A média de agosto está 1,2% superior à de julho, mas 15% inferior à de agosto/2018, em termos reais. Ainda no mercado interno, o Indicador da soja Paranaguá ESALQ/BM&F, referente ao grão depositado no corredor de exportação e negociado na modalidade spot (pronta entrega), no Porto de Paranaguá, apresenta alta de 2,7% nos últimos sete dias, cotado a R$ 88,68 por saca de 60 Kg. A média ponderada da soja no Paraná, refletida no Indicador CEPEA/ESALQ registra avanço de 2,3% no mesmo comparativo, a R$ 82,37 por saca de 60 Kg. Entre julho e agosto, os Indicadores registraram significativas quedas de 6,5% e 7,7%, respectivamente, com médias de R$ 78,57 por saca de 60 Kg e R$ 84,92 por saca de 60 Kg em agosto.

Frente às médias de agosto/2018, as médias atuais são 10% inferiores. Nos últimos sete dias, as cotações da oleaginosa registram valorização de 2,9% no mercado de balcão (preço pago ao produtor) e de 2,2% no mercado de lotes (negociações entre empresas). Quando consideradas as médias de julho e agosto, observam-se expressivas altas de 6,6% no mercado de balcão e de 6,7% no mercado de lotes. Na Bolsa de Chicago, os contratos de primeiro vencimento (setembro/2019) da soja e seus derivados se mantêm praticamente estáveis. Mas, na média de agosto o contrato de primeiro vencimento da soja cedeu 3,3% em relação à média de julho, a US$ 8,56 por bushel, o menor desde maio deste ano. Para o farelo de soja, a queda mensal foi mais intensa, de 4,2%, a US$ 323,57 por tonelada em agosto, o menor desde março de 2016, em termos nominais. Quanto ao óleo de soja, a média de agosto superou em 1,9% a média de julho, a US$ 629,05 por tonelada. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.