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27/Ago/2019

Guerra comercial deve elevar os prêmios no Brasil

O prêmio pago pela soja brasileira pode ser fortalecer diante de nova ameaça de tarifas entre Estados Unidos e China. No dia 23 de agosto, a China anunciou que vai impor tarifas sobre US$ 75 bilhões em produtos norte-americanos. A medida afetaria inclusive a soja, uma vez que a sobretaxa sobre importações da oleaginosa norte-americana pode aumentar. A medida chinesa é uma retaliação à decisão do governo norte-americano de impor em 1º de setembro uma tarifa de 10% sobre US$ 300 bilhões em produtos da China. Em 1º de setembro, entra em vigor uma tarifa adicional de 5% sobre a soja dos Estados Unidos. Em julho do ano passado, a China já tinha sobretaxado o produto em 25%. O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, respondeu à China com o anúncio de que a tarifa sobre os US$ 300 bilhões em produtos chineses passará de 10% para 15%.

Além disso, uma tarifa já existente sobre US$ 250 bilhões em produtos da China será elevada de 25% para 30% em 1º de outubro. Depois, Donald Trump afirmou que seu país e a China vão retomar negociações comerciais em breve e de forma muito séria e que o governo norte-americano recebeu duas ligações do governo chinês no domingo (25/08), mas o Ministério de Relações Exteriores da China afirmou não ter conhecimento de conversas telefônicas no fim de semana. Mesmo com algumas tradings tentando segurar posições na sexta-feira (23/08), o reflexo nesta semana deve ser de prêmios maiores no Brasil. Os prêmios estavam na faixa de +US$ 1,40 a +US$ 1,50 por bushel, para embarques em setembro e outubro e é possível que haja avanço. O interesse cresceu inclusive para a safra 2019/2020, embora os prêmios para o ano que vem ainda estejam muito abaixo do spot.

Alguns compradores que estavam aguardando entrarem no mercado para a safra nova (2019/2020) já estão pagando prêmios equivalentes a +US$ 0,55 por bushel acima do contrato março para as posições de janeiro. Outro fator tem influenciado a negociação: o câmbio. Além de os prêmios no spot estarem acima de +US$ 1,30 a +US$ 1,40 por bushel, corrigindo as perdas na Bolsa de Chicago e refletindo o enxugamento de estoques no País até entrada da safra nova, com câmbio acima de R$ 4,10, os preços ficaram mais altos no disponível. Não só o componente prêmio como também o câmbio tem dado excelentes oportunidades de venda para aqueles que ainda possuem soja a ser vendida. Em várias regiões, a comercialização está avançando, mesmo porque vai atingindo níveis de preço em Reais atrativos, o que tem levado produtor a vender.

Contudo, dificilmente o prêmio vai ultrapassar os mais de +US$ 2,00 por bushel do ano passado, por causa do menor apetite da China com a peste suína africana (PSA). A demanda mundial está retraída. Dificilmente no ano comercial a China vai conseguir importar acima do intervalo de 79 a 81 milhões de toneladas. Os prêmios devem subir, mas não em níveis tão expressivos, em virtude da demanda menor do que no ano passado do principal importador. Contudo, o preço da soja norte-americana está competitivo para outros destinos que não a China. Parte dos outros países que compõem a demanda mundial vai buscar soja nos Estados Unidos. A tendência é os prêmios subirem com as novas tarifas, mas o quanto depende do montante que a China ainda vai precisar neste ano, em um cenário de menor demanda com a peste suína africana (PSA). Em momentos de acirramento da guerra comercial, os prêmios tendem a reagir.

As novas tarifas afetam a competitividade do produto norte-americano em vendas à China. Usualmente, no último trimestre do ano, a China compra muita soja dos Estados Unidos, mas, no ano passado, não comprou, por causa da guerra comercial. Este já é um período que o Brasil não tem tanta soja disponível. Neste ano, a oferta brasileira é mais restrita, com safra menor e estoque mais enxuto. Entretanto, uma questão a ser monitorada é se realmente as medidas de ambos os lados vão entrar em vigor. Antes de a China anunciar a retaliação, falava-se que estava próximo um encontro entre as autoridades dos dois países, possivelmente em setembro. É preciso ver se vai haver esse encontro. A China parece estar chegando no limite da margem de manobra na negociação. Todo imposto que é dito que vai ser aumentado foca mais o lado político, porque do lado prático há negociações ocorrendo. Dados os efeitos negativos de novas tarifas nas duas economias, em algum momento deve haver avanço nas discussões. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.