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23/Ago/2019

Exportações devem atingir 72 milhões t em 2019

Apesar da alta nos prêmios de exportação e do aumento das vendas de soja para o exterior nas últimas semanas, as associações que representam as tradings mantêm suas estimativas de exportação para 2019. Enquanto a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) já havia revisado a sua previsão recentemente para 72 milhões de toneladas considerando a continuidade da guerra comercial, a Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec) acredita que a exportação pode ultrapassar os 65 milhões de toneladas projetados, mas ainda avaliará a evolução dos embarques antes de fazer ajustes. No acumulado até julho, o volume de soja exportado pelo Brasil é menor do que em 2018, devido à produção menor em 2018/2019 e à demanda afetada pela peste suína africana (PSA) na Ásia, que reduziu rebanhos na região.

Segundo a Abiove, das 51,934 milhões de toneladas já exportados pelo País nos sete primeiros meses do ano, 38,983 milhões de toneladas foram destinados à China, o equivalente a 75%. Em igual período de 2018, dos 56,471 milhões de toneladas enviados ao exterior, 43,917 milhões de toneladas, ou 78%, foram embarcados para a China. O volume de soja brasileira exportado para a China está 11% abaixo dos sete primeiros meses do ano passado. É natural que isso tenha ocorrido em virtude do impacto da peste suína africana sobre a produção de carnes. A demanda chinesa caiu, e o Brasil continua exportando muito, mas um pouco menos, dado que as necessidades dos chineses se reduziram. Segundo a Anec, as projeções de exportação para agosto e setembro ainda não refletem novas cargas para a China reportadas no mercado nas últimas semanas. Das 6,5 milhões de toneladas de soja que devem deixar o País em agosto, a China seria o destino de 4,2 milhões de toneladas (65%).

Em agosto do ano passado, das 6,9 milhões de toneladas embarcados, 6,2 milhões de toneladas foram para a China (90%). Para setembro, a programação de navios para deixar os portos brasileiros até o momento é de 1,2 milhão de toneladas, contra um volume em setembro do ano passado de 5,6 milhões de toneladas. Naturalmente esse número vai aumentar. No ano passado, em setembro, 95% do volume embarcado foi para a China. Agora, em setembro, 75% do previsto será direcionado para a China. Podem ter sido fechados novos acordos em meio à elevação recente dos prêmios no Brasil. No momento em que tem um prêmio maior, mais negócios são realizados. É possível que essas duas semanas de negócio não tenham refletido ainda nos números de embarque. A China continua atuante no Brasil ao longo do ano. A suposição é de que a guerra comercial esteja ajudando, porque, apesar da peste suína africana, a China está comprando soja do Brasil.

A soja é um dos centros da negociação comercial sino-americana porque os Estados Unidos são o segundo maior exportador e contam com amplos estoques. Continua tendo a pressão dos Estados Unidos para colocar o produto no mercado chinês. Por mais que os Estados Unidos se esforcem para explorar outros mercados, é difícil substituir a China. De 2000 para cá, foi o país que mais cresceu nas importações de soja, representando boa parte da demanda mundial pelo produto. É muito difícil que os Estados Unidos encontrem um substituto em sua plenitude. A guerra comercial envolve o complexo soja e muitos outros produtos, além de investimento e propriedade intelectual. Até que um acordo definitivo aconteça, haverá interferências no mercado de soja, e o Brasil é um país que tem a chance de aproveitar essa oportunidade. Os prêmios de exportação no Brasil se fortaleceram e estão em níveis mais altos do que no começo do mês, entre +US$ 1,30 e +US$ 1,45 por bushel para setembro.

O acirramento das tensões comerciais tem dado impulso aos prêmios e tem sido reportada maior procura por soja brasileira. Como os Estados Unidos têm dificuldade de exportar para a China, o preço da soja na Bolsa de Chicago, que reflete em grande parte a oferta dos Estados Unidos, fica pressionado, enquanto o prêmio para soja brasileira, que é o mecanismo de ajuste para estímulo à exportação do País, sobe. A soja brasileira frente à norte-americana fica um pouco mais cara por conta dos prêmios. Mas, é uma condição natural de mercado, dado que os Estados Unidos estão com dificuldade de exportar para a China. A Abiove elevou no começo de agosto a sua previsão de exportação de soja do Brasil, de 68,1 milhões para 72 milhões de toneladas, citando complicações da guerra comercial entre Estados Unidos e China, com impacto positivo na demanda por soja brasileira. Quando a associação fez o ajuste, já considerou o ritmo forte de exportações do País e o cenário de continuidade da disputa entre Estados Unidos e China.

O Brasil tem um estoque de passagem de 2,5 milhões de toneladas que pode ser colocado em uso, seja para mercado interno, seja para exportação. Mas, por ora, está mantida a projeção de 72 milhões de toneladas. O ritmo de processamento até agora tem justificado manter o esmagamento na faixa de 43,2 milhões de toneladas. Há necessidade de processamento para atender o B11 (mistura de 11% de biodiesel no diesel). A Anec ainda projeta a exportação de soja do Brasil em 65 milhões de toneladas. Mas, pode haver ajuste. O mercado já cogita entre 67 a 69 milhões de toneladas ou até mais, mas a associação prefere observar o desenrolar dos embarques nas próximas semanas. Ainda assim, dificilmente as exportações vão atingir o mesmo volume do ano passado. Em 2018, foram mais de 80 milhões de toneladas. O apetite chinês com a peste suína africana realmente diminuiu. O Brasil não tem a disponibilidade que tinha no ano passado para exportar acima de 80 milhões de toneladas.

O País começou o ano com estoques reduzidos e a safra teve alguns problemas. Mesmo que a China queira comprar volumes maiores, o Brasil não teria capacidade de atender toda a demanda. A China neste ano pode buscar mais soja da Argentina. Mas, tem a questão política. Os produtores acabam retendo vendas como um seguro; não se sabe o que acontecerá com câmbio e governo em ano de eleições. Os agentes do mercado não acreditam que os embarques de milho serão prejudicados pelo aquecimento recente das vendas de soja. O Brasil tem capacidade instalada nos terminais portuários para escoar soja e milho concomitantemente. Os terminais têm condições de crescer nas exportações porque houve investimento. O Arco Norte deve ser fundamental nesse processo, por causa dos aumentos de capacidade. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.