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19/Ago/2019

Tendência altista para os preços da soja no Brasil

No mercado brasileiro, a tendência é altista para os preços da soja, com a lenta recuperação das cotações futuras em Chicago, a alta do dólar no Brasil, a alta dos prêmios nos portos brasileiros e a oferta interna do grão nesta entressafra, que desafia o equilíbrio entre exportações e demanda interna aquecida por farelo e por óleo. A mistura de biodiesel ao óleo diesel deve passar de 10% (B10) para 11% (B11) a partir de 1º de setembro de 2019, segundo medida aprovada pela Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural, e Biocombustíveis (ANP) no dia 6 de agosto. Esse cenário deve elevar a liquidez de óleo de soja no Brasil, dado que esse produto corresponde a 70% das matérias-primas utilizadas para a produção de biodiesel. Desde a primeira semana de agosto, os preços do óleo de soja estão em alta no mercado brasileiro, voltando aos patamares observados em meados de novembro de 2018, em termos nominais.

Em termos reais, a média da parcial de agosto é a maior desde fevereiro/2019 (as médias mensais foram deflacionadas pelo IGP-DI de julho/2019). O óleo de soja (posto em São Paulo com 12% de ICMS) está cotado a R$ 3.023,09 por tonelada, significativa elevação de 7,7% nos últimos sete dias. O leilão de biodiesel realizado pela ANP na semana passada teve volume arrematado elevado. Os volumes do leilão são para atender à demanda de setembro e outubro/2019. Diante da firme demanda por óleo de soja, os representantes de indústrias temiam quanto ao escoamento do farelo de soja. Entretanto, a firme procura de farelo pelos setores da avicultura e suinocultura segue sustentando os valores deste coproduto. Os preços do farelo de soja registram avanço de 1,4% nos últimos sete dias. O consumo de óleo e farelo de soja no Brasil deve ser recorde. Esse crescimento se deve especialmente à maior demanda do setor industrial, que é estimada para aumentar 4,8% na atual temporada (2018/2019).

Agora, o maior desafio das indústrias nacionais está em adquirir novos lotes de soja em grão, uma vez que grande parte das unidades está abastecida para médio e longo prazos. Vale ressaltar que algumas indústrias já pararam as fábricas para manutenção, como de costume neste período do ano. Quanto à soja em grão, os produtores estão retraídos nas vendas envolvendo grandes lotes. Parte dos vendedores prefere enviar soja para o porto em detrimento do mercado doméstico, favorecido, inclusive, pelo transporte de retorno com adubo entre o porto e as regiões produtoras. Além disso, a valorização do dólar frente ao Real está atraindo os compradores externos nos últimos sete dias. Nos últimos sete dias, o Indicador da soja Paranaguá ESALQ/BM&F, referente ao grão depositado no corredor de exportação e negociado na modalidade spot (pronta entrega), no Porto de Paranaguá, apresenta alta de 2,8%, cotado a R$ 85,40 por saca de 60 Kg.

A média ponderada da soja no Paraná, refletida no Indicador CEPEA/ESALQ registra avanço de 1,6% nos últimos sete dias, a R$ 78,39 por saca de 60 Kg. Nos últimos sete dias, a cotação da oleaginosa registra valorização de 3,3% no mercado de balcão (preço pago ao produtor) e de 2,4% no mercado de lotes (negociações entre empresas). A retração vendedora se deve aos baixos estoques de soja. A atenção dos produtores brasileiros já começa a se voltar para a safra 2019/2020, que deve ter cultivo iniciado daqui a um mês. A produção brasileira está estimada pela nossa Consultoria em um recorde de 123,5 milhões de toneladas. Caso se confirme, o Brasil deve produzir e exportar o maior volume mundial de soja na temporada 2019/2020. Para os Estados Unidos, é estimada produção de 100,1 milhões de toneladas, expressivos 19% inferiores à safra anterior. Do total da área semeada, 82% floresceram, contra 95% no ano anterior. Mesmo assim, os números de oferta ainda vieram maiores que os previstos pelo mercado.

Na Bolsa de Chicago, o contrato de primeiro vencimento (setembro/2019) do farelo está cotado a US$ 321,65 por tonelada. O contrato de mesmo vencimento do óleo de soja está cotado em US$ 640,88 por tonelada. O terceiro país de maior produção mundial de soja, a Argentina, tem produção estimada em 55 milhões de toneladas na temporada 2019/2020. A produção mundial de soja é estimada pelo USDA em 341,8 milhões de toneladas, 5,8% menor que a safra passada. As transações mundiais devem crescer 0,9%, com o esmagamento na China passando de 83 milhões de toneladas na temporada 2018/2019, para 85 milhões de toneladas na safra 2019/2020. A União Europeia (segundo maior importador mundial) deve importar 15,1 milhões de toneladas de soja, 3,8% inferior à safra passada. Por outro lado, o México, a Tailândia, o Japão, a Indonésia, a Turquia, a Rússia, o Vietnã, o Egito e o Taiwan devem importar volume recorde de soja na safra 2019/2020. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.