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12/Ago/2019

Tendência de alta da soja com a guerra comercial

A tendência é altista para os preços da soja no mercado brasileiro, com os prêmios mais elevados nos portos, as recuperações das cotações futuras em Chicago, a alta do dólar no Brasil e a maior escassez de oferta interna neste segundo semestre, com demanda interna também aquecida. O acirramento da guerra comercial, e agora cambial, entre os Estados Unidos e a China elevou com força os preços da soja no Brasil, que já estavam mostrando reações nos portos desde a semana passada. A recente desvalorização da moeda chinesa em relação ao dólar encarece as compras de produtos norte-americanos por parte da China, fazendo com que compradores de commodities agrícolas se desloquem para o Brasil. Nos últimos sete dias, o Indicador da soja Paranaguá ESALQ/BM&F, referente ao grão depositado no corredor de exportação e negociado na modalidade spot (pronta entrega), no Porto de Paranaguá, apresenta expressiva alta de 5,7%, cotado a R$ 83,08 por saca de 60 Kg.

A média ponderada da soja no Paraná, refletida no Indicador CEPEA/ESALQ registra forte avanço de 5,8% nos últimos sete dias, a R$ 77,16 por saca de 60 Kg. Nos últimos sete dias, as altas são de 5,1% no mercado de balcão (preço pago ao produtor) e de 5,8% no mercado de lotes (negociações entre empresas). A maior demanda chinesa pela soja brasileira foi favorecida pela desvalorização do Real, que praticamente manteve a relação com a moeda do país asiático (CNY). No dia 1º de agosto, R$ 1,00 era equivalente a 1,8012 CNY e, no dia 8, a relação foi de 1,7873 CNY. Por outro lado, enquanto em 1º de agosto US$ 1,00 era equivalente a 6,8972 CNY, no dia 8, passou para 7,044 CNY. Além da desvalorização da moeda chinesa, o impasse comercial entre os Estados Unidos e a China aumentou ainda mais, com o governo do país asiático chegando a anunciar possíveis suspensões das compras de commodities agrícolas norte-americanas. Isso ocorreu após o anúncio do presidente Donald Trump de imposição de uma nova tarifa sobre produtos chineses.

No Brasil, a maior demanda internacional elevou os prêmios para exportação, que voltaram a ser cotados acima de +US$ 1,20por bushel, patamar que não era visto desde junho para um primeiro embarque. O embarque setembro/2019 da soja em grão tem comprador a +US$ 1,25 por bushel. Com isso, o valor FOB da soja em grão para embarque em setembro/2019, no Porto de Paranaguá (PR), é de US$ 366,81 por saca de 60 Kg, alta de 4,1% nos últimos sete dias. Um ponto de preocupação é que as valorizações dos derivados foram menos intensas que as da soja em grão, reduzindo expressivamente a margem de retorno das indústrias. O valor FOB do farelo de soja para embarque em setembro/2019 apresenta avanço de 1,3% nos últimos sete dias e o do óleo, 3,4% no mesmo período. Nos Estados Unidos, apesar da pressão por parte da demanda, há preocupações com as condições da oferta da safra 2019/2020, devido à previsão de clima mais seco no Meio Oeste em agosto, o que pode prejudicar o desenvolvimento das lavouras.

No último relatório semanal de acompanhamento de safra, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) apontou que, até o dia 4 de agosto, 54% das lavouras estavam em boas e ótimas condições, 33%, em médias e 13%, em situação ruim ou muito ruim. Do total da área semeada, 72% floresceram, contra 91% no ano anterior. Diante disso, os vencimentos da soja Agosto/2019 e Setembro/2019 registram alta de 2,1% nos últimos sete dias na Bolsa de Chicago, a US$ 8,65 por bushel e a US$ 8,70 por bushel, respectivamente. Os contratos de mesmo vencimento do farelo de soja registram alta de 0,5% e 0,6%, a US$ 324,96 por tonelada e a US$ 327,16 por tonelada. Em relação ao óleo de soja, são observadas fortes altas de 4,6% e 4,4% para os mesmos contratos, a US$ 638,45 por tonelada e a US$ 639,55 por tonelada, respectivamente. Quanto ao ritmo de negócios no Brasil, mesmo com os preços altos, parte dos vendedores está retraída, na expectativa de maior demanda nas próximas semanas.

Os produtores também estão atentos ao relatório do USDA a ser divulgado nesta segunda-feira (12/08), que pode indicar reajuste na oferta de grão norte-americano, tendo em vista o clima desfavorável durante o semeio e o desenvolvimento da oleaginosa. Para os derivados, o preço do óleo de soja (posto em São Paulo com 12% de ICMS) registra alta de 3,5%, a R$ 2.808,22 por tonelada. Para o farelo, os preços apresentam valorização de 2,3%. No entanto, vale ressaltar que, a demanda não aumentou no período. Os negócios realizados têm sido, em sua maioria, com os mesmos clientes e nos mesmos volumes de semanas anteriores. A produção brasileira de soja da temporada 2018/2019 está estimada em 115 milhões de toneladas. Este volume é 3,5% inferior ao da safra 2017/2018, devendo se consolidar como a segunda maior produção da história. As exportações da oleaginosa estão previstas em 72 milhões de toneladas entre janeiro e dezembro de 2019. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.