ANÁLISES

AGRO


SOJA


MILHO


ARROZ


ALGODÃO


TRIGO


FEIJÃO


CANA


CAFÉ


CARNES


FLV


INSUMOS

11/Jun/2019

Farelo: indústrias querem habilitar plantas à China

Segundo a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), a indústria de soja brasileira busca habilitar unidades de produção de farelo para exportar à China. O movimento se inspira na trajetória do setor de carnes, só que, em vez de a habilitação ser solicitada por cada empresa individualmente, no caso do farelo, o processo está sendo encabeçado pela associação. A Abiove trabalha para agregar valor no setor de soja, buscando abrir mercados e ampliar as exportações de farelo. No começo dos anos 80, 80% do que o Brasil exportava era farelo e óleo de soja. Hoje, 80% do que o País exporta é grão. As exportações de farelo cresceram, mas o crescimento do grão foi muito maior por causa da China. O grande desafio é a expansão das vendas externas do derivado. O mercado de carne no Brasil está crescendo, mas é um crescimento parecido com o da soja.

É preciso abrir mais mercado para farelo, e a grande discussão é se o Brasil consegue ou não vender farelo para a China. O movimento para buscar espaço para o farelo brasileiro na China é antigo, mas ganhou força em julho de 2018, quando o ex-ministro da Agricultura Blairo Maggi pediu ao presidente da China, Xi Jinping, uma cota de 5 milhões de toneladas para farelo de soja e óleo do Brasil, durante reunião bilateral dentro da 10ª Cúpula dos BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul). A ideia era abrir espaço para produtos de maior valor agregado do Brasil no mercado chinês em um momento que a China passou a depender mais da soja brasileira em consequência da guerra comercial com os Estados Unidos. No fim do ano passado, as empresas receberam questionários do governo as China para responder e, desde então, foram avançando no processo: enviaram os documentos para o ministério da Agricultura e realizaram conversas de acompanhamento com o órgão.

A Abiove concentrou as traduções, e os documentos foram enviados à embaixada brasileira em Pequim para serem entregues ao governo chinês. O processo tende a ser lento. A China investiu pesado em sua indústria esmagadora, com grande participação estatal, e vem resistindo nos últimos anos a comprar farelo e óleo do exterior. A China criou uma legislação para o farelo parecida com a da carne. Os chineses terão de vir ao Brasil para fazer uma missão de inspeção. Em maio, a Abiove participou da missão organizada pela ministra da Agricultura, Tereza Cristina, à China. O Brasil ainda aguarda o retorno da China quanto aos questionários. A estimativa é de que mais de 40 fábricas estão buscando a habilitação para vender farelo à China. Houve interesse especialmente de unidades que já negociam o derivado para a Europa.

Uma vez vencida a etapa de habilitação, existe a discussão se haverá ou não demanda chinesa por farelo brasileiro. A peste suína africana é um entrave, que vem reduzindo os rebanhos suínos e diminuindo a demanda chinesa por farelo. Porém, a aposta é na disposição da China em negociar com o Brasil após ter dependido principalmente da soja brasileira para se abastecer em 2018. Por causa da guerra comercial com os norte-americanos, haveria demanda por farelo. Em 2019, o Brasil deve processar 43,2 milhões de toneladas de soja, com uma produção de farelo estimada em 32,6 milhões de toneladas. Metade desse volume é destinada à exportação. Se a China comprasse 5 milhões de toneladas de farelo, seria um estímulo muito grande para a industrialização, porque, quando as empresas vendem farelo e óleo, a margem é melhor do que quando vendem só o grão. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.